Incertezas do petróleo e do açúcar não permitem prever o uso de fertilizantes na cana em 19/20, troca desfavorável nesta safra
Publicado em 20/11/2018 15:46
Gabriela Fonta e Matheus Costa - Analistas da INTL FCStone
Se petróleo não resistir ao arrefecimento da economia mundial (dando competitividade a gasolina) e a quebra do superávit do açúcar elevar a produção aqui, o quadro favorável aos preços do alimento pode mudar as compras de nutrição vegetal, que em 18/19 foram baixas justamente pelas cotações deprimidas em NY
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Entrevista com Gabriela Fonta e Matheus Costa - Analistas da INTL FCStone sobre o Preço da cana X fertilizantes
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Por:
Giovanni Lorenzon
Fonte:
Notícias Agrícolas
1 comentário
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Luiz Alberto Carvalho São Paulo - SP
Para mim, essa visão de curto prazo não reflete o fato de o Brasil estar em vias de perder a hegemonia na produção de açúcar. Mateus Prado, em sua tese "Cana 365°", mostra que, desde o fim da Idade Média, a cana já deu duas voltas ao mundo. Deixa claro que ela não parou de viajar. O arrendamento de terras a US% 50,00/ha na Somália e países vizinhos, aliados à mão de obra muito barata e à permissão por queimar a cana vão levar a cultura para lá, ao mesmo tempo em que o mal das folhas incentiva a migração da borracha para o açúcar na Malásia. Some-se a isso o fato de a população está cada vez mais urbana, o que reduz a necessidade de consumo de hidrato de carbono e temos uma queda de preço inexorável a longo prazo. ela não será pequena porque o açúcar é muito inelástico e, perante outras formas de hidratos de carbono é considerado bem inferior - lembrando que, em Microeconomia, o termo "inferior" tem conotação própria, independente da de qualidade. Em outras palavras, a sacarose tende a ser substituída pela glicose e pela maltodestrina na alimentação humana, em função do aumento da renda. O superavit é acumulativo, de sorte que precisaríamos de muitos anos de déficit para garantir preços. Não vejo perspectiva favorável. Resta à indústria reiventar-se. Cabe lembrar que o Brasil já deu usos muito mais nobres a, por exemplo, o bagaço de cana, transformando-o em papel e papelão, bem como o fato de Usina Santa Rosa já ter sido a maior produtora de ácido citrico do mundo.
Sr. Carvalho, segundo consta, a Malásia é um país do sudeste asiático e, faz divisa com a Tailândia, país esse segundo maior exportador da açúcar do mundo, ou seja, já existe uma prática da cultura da cana-de-açúcar na região. ... ... Quanto a produção de borracha natural através do cultivo da seringueira na Malásia e de outros países vizinhos, devemos entender que o tempo da implantação da cultura ao início de produção são necessários sete anos e, a região sofre de constantes desastres ambientais, como terremotos, tufões, que destroem as plantações. No caso da cana-de-açúcar, após instalada a cultura, obtem-se produções anuais; além de apresentar um custo de implantação bem menor do que a seringueira. ... ... Ah! No Brasil se produz em torno de 650 MT/ano e, na Tailândia 105 MT/ano de cana-de-açúcar. Ou seja uma queda de 10% na produção brasileira é mais de 50% da produção tailandesa.
Lido com borracha e cana há mais de trinta anos. A borracha deu certo na Malásia e outros países da região porque não havia o mal das folhas, que destruiu as tentativas de plantio comercial na Amazônia (vide a história da Fordlândia). Em São Paulo, esse mal não tem efeito porque, em julho, as seringueiras perdem todas as folhas. Há aproximadamente vinte anos, o mal das folhas chegou ao sudeste asiático e a produção tem caído consistentemente, o que tem levado à troca das seringueiras por canaviais. Experimente comparar a produção de açúcar na região em uma série de 2005 para cá, lembrando que houve um surto fúngico em 2010 na Índia.
Parabéns... Vê-se pelo seus escritos que o Sr. tem toda a sabedoria que a prática implementa. Mas, o fato das intervenções naturais pesa nas tendências das opções nas atividades agrícolas, não?
Estou sempre aprendendo alguma coisa nova. Foi estudando a cultura canavieira que, desde os anos 2000, tenho-me preocupado com o futuro desse mercado. Em 2005, orientei um trabalho sobre o carro flex e o fato de ter transformado o álcool num concorrente da gasolina, o que não acontecia antes porque o carro a álcool é que era concorrente do carro à gasolina. Montamos um modelo matemático com um tripé formado pelo preço do açúcar, preço do petróleo e a renda do consumidor. Tudo indicava que haveria uma indexação do preço do álcool ao do petróleo, limitando o uso do combustível de cana como meio de absorver as variações do açúcar no mercado mundial, transformando-se numa armadilha pronta para fechar os dentes em algum momento. Veio a crise e o petróleo perdeu 75% de seu valor. Isso só já seria funesto, com o subsídio dado à gasolina a partir de setembro de 2012, foi catastrófico. Some-se a isso a perda da canavialis e da Anyris num verdadeiro golpe para as pesquisas genéticas e de produtos. Nossa indústria ficou sem investimento. Enquanto isso, a Índia e a Tailândia continuaram seus investimentos, além da Malásia entrar no jogo pelo que já expliquei. Mesmo com 27,5% de adição na gasolina, o álcool não se tornou atrativo e hoje somos importadores do produto. Apostar no açúcar não dá porque o consumo cresce numa taxa menor que a vegetativa mundial, enquanto a produção é consistentemente maior. Ou a indústria se reinventa, ou a cana vai continuar dando a volta no globo. Há onze anos que venho procurando mostrar que o caminho é aliar-se ao carro elétrico e não temê-lo, como cita outra matéria desta revista, mas isso é outra história.
Vamos lá . É claro que a greve dos caminhoneiros iria afetar as compras de insumos
Sr. Luiz, suas afirmações aguçaram minha curiosidade... Quando o Sr. cita: ... Em 2005, orientei um trabalho sobre o carro flex e o fato de ter transformado o álcool num concorrente da gasolina ... ... O Sr. poderia responder minha pergunta... Qual foi esse trabalho? ...