Soja já acumula perdas de 7% em Chicago desde o início de janeiro, Brasil sente pressão
Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago buscaram garantir alguma recuperação nesta terça-feira (28) e terminaram o dia apenas com leves baixas - de pouco mais de 1 ponto - se reposicionando à espera das novas notícias ligadas ao surto do coronavírus.
Como explica o analista de mercado e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, há ainda muitas incertezas em torno do vírus e seu contágio e os investidores e traders agora aguardam pela confirmação de algumas informações.
A tensão continua no mercado, e este é um "fato inusitado" para os preços da soja no mercado internacional, que esperava franca recuperação para este começo de ano, com uma safra menor nos EUA e o início de uma recuperação do plantel de suínos na China, como explica o analista. No entanto, esse "fator surpresa" pesa sobre as cotações, que já acumulam uma baixa de cerca de mais de 7% em janeiro na CBOT.
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Além do coronavírus, o mercado internacional sente a pressão ainda do avanço da colheita brasileira, como tradicionalmente acontece. E os primeiros reportes de produtividade indicam números melhores do que os registrados em 2019, neste mesmo período.
"Caminhamos para uma safra se não recorde, cheia. Então, são dois fatores que trabalham para pressionar o mercado. Uma oferta maior agora e incertezas sobre a demanda da China por conta desse vírus", diz Motter.
PREÇOS NO BRASIL
No Brasil, os preços também sentem a pressão deste momento de baixas em Chicago, embora encontrem algum suporte ainda no dólar. No entanto, como relata o analista da Granoeste, no interior, as referências já perderam algo entre R$ 4,00 e R$ 5,00 por saca a depender de prazos e localização dos lotes.
"Temos um preço interno bastante pressionado, mas o câmbio ajudou um pouco - já que saiu de R$ 4,02, no início do ano, para R$ 4,20", explica Motter. E também por isso é que nos portos as cotações caíram um pouco menos.
Ainda assim, "apesar de todos os percalços, os preços, embora que em queda, seguem remuneradores e, provavelmente, ainda melhores do que muitos dos negócios realizados de forma antecipada. E tendo comercializado de forma bastante expressiva, o produtor tem espaço para raciocinar e avaliar no decorrer sem precisar correr tanto ao mercado agora", diz.
"Acredito que se houver uma normalidade até o final de fevereiro podemos ter o ressurgimento da demanda, claro que não níveis pré guerra comercial ou pré peste suína africana, mas pré coronavírus, então podemos ter uma certa normalidade dos negócios, o que não seria nada mal para este momento", completa Camilo Motter.
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