China não vai comprar soja americana e demanda pelo produto brasileiro continua firme nesta próxima safra, diz consultor
Publicado em 14/09/2018 16:23
Liones Severo - Diretor do SIMConsult
Sucessivas safras recordes não tem sido suficientes para promover sobra de soja no mercado internacional. Demanda é crescente e mais uma vez deve consumir tudo o que foi produzido
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Entrevista com Liones Severo - Diretor do SIMConsult sobre o Fechamento de Mercado da Soja
Nesta sexta-feira (14), o Notícias Agrícolas conversou com Liones Severo, diretor do SIMConsult, a respeito do cenário dos preços da soja no mercado nacional e internacional.
Severo, que sempre defendeu que os dois lados da balança do mercado devem ser observados, aponta que há uma compactação da informação forte em relação à oferta. A oferta sempre tem que ser recorde, já que existe uma competição grande entre a capacidade de produzir e o consumo.
Pela quarta vez na história, o mercado mundial deve entrar em uma nova safra com estoques escassos. A Bolsa de Chicago (CBOT), por sua vez, está cada vez mais descolada do mercado físico, ao mesmo tempo em que a soja brasileira, beneficiada pelos prêmios, nunca trabalhou abaixo de US$10.
Para o consultor, a "falácia da oferta recorde" influencia o mercado apenas no início de safra, mas no final de safra e no final de colheita sempre se percebe o esgotamento dos estoques.
O Brasil aumenta cada vez mais seu volume de exportações e fica mais exposto ao mercado internacional, de forma que não é um player tão prejudicado pela guerra comercial entre Estados Unidos e China. Por outro lado, essa guerra tira a China da CBOT, o que faz a bolsa perder liquidez e ficar sem grandes oscilações.
Severo avalia que a China não possui, hoje, toda a soja que precisa fora dos Estados Unidos, mas que dificilmente deve se submeter ao país norte-americano. Os chineses, segundo ele, têm estoques para suportar este ano.
A comercialização da safra nova no Brasil segue estagnada em torno de 20%. Alguns produtores esperam que, no início da colheita, a China fique agressiva nas compras, fazendo com que os preços se elevem. Entretanto, toda a base de cobertura do mercado foi destruída com a queda de Chicago, de forma que falta alternativa para o comércio antecipado.
Confira a análise completa de Liones Severo no vídeo acima.
Brasil direciona quase 80% da exportação de soja para China de janeiro a agosto
Por Roberto Samora, na Reuters
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil para a China somaram 50,9 milhões de toneladas de janeiro a agosto, volume que representa 78,8 por cento de toda a oleaginosa exportada pelos brasileiros no período, à medida que o gigante asiático evita comprar o produto dos EUA devido a uma tarifa de 25 por cento.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério da Agricultura, que apontou também que as exportações totais do Brasil nos oito primeiros meses de 2018 somaram um recorde de 64,6 milhões de toneladas, versus 56,9 milhões de toneladas no mesmo período de 2017.
De janeiro a agosto de 2017, as exportações do Brasil para a China haviam atingido 44,1 milhões de toneladas, o que representou uma fatia de cerca de 77,5 por cento de tudo o que o país exportou no período.
As exportações brasileiras de soja do Brasil, o maior exportador global da oleaginosa, estão estimadas em 76 milhões de toneladas em 2017/18, resultando em estoques finais mínimos, o que indica que o país não terá muito mais soja para ofertar aos chineses nos próximos meses, até a entrada da nova safra, a partir de janeiro.
Buscando evitar a soja dos EUA, taxada em 25 por cento pelos chineses desde julho, em meio a uma guerra comercial, a China já deu mostras de que busca alternativas.
Nesta semana, a China reduziu sua previsão de importações anuais de soja no ano-safra que começa em 1º de outubro para 83,65 milhões de toneladas, ante 93,8 milhões de toneladas na previsão anterior, planejando recorrer a outros produtos para fabricar ração animal.
O ministério brasileiro informou ainda que, de janeiro a agosto, as exportações de soja, o principal produto exportado pelo país, somaram 25,72 bilhões de dólares, alta de 20 por cento na comparação anual.
O governo relatou também que as exportações de soja em grão para a China responderam por quase 30 por cento do valor total exportado em produtos do agronegócio brasileiro (68,52 bilhões de dólares, de janeiro a agosto), o que ressalta a dependência brasileira da China no comércio global.
O gigante asiático comprou sozinho, de janeiro a agosto, 42,7 por cento da safra de soja em grão brasileira 2017/2018, que atingiu um recorde de 119,3 milhões de toneladas.
Já as exportações de farelo de soja também atingiram volume recorde, com 11,8 milhões de toneladas de janeiro a agosto, gerando divisas de 4,69 bilhões de dólares (+32 por cento), de acordo com o ministério. O produto, no entanto, teve como principal destino a União Europeia.
RECORDE DE CARNE
Segundo o ministério, a China também adquiriu 41,7 por cento da quantidade total exportada pelo Brasil de celulose e quase 20 por cento da quantidade exportada de carne bovina in natura.
A propósito, a quantidade de carne bovina in natura comercializada para o exterior apresentou recorde mensal em agosto, com 144,42 mil toneladas negociadas, aumento de 17,6 por cento, e crescimento de 13,5 por cento em valor (590 milhões de dólares), conforme a Reuters antecipou no início do mês.
A alta foi registrada apesar da queda do preço médio (- 3,5 por cento), segundo o ministério.
Os principais destinos foram a China, com 33,3 mil toneladas (+23 por cento), e Hong Kong, com 26,6 mil toneladas (+18 por cento) da carne bovina in natura.
China reduz previsão de importação de soja 2018/19 diante de guerra comercial com EUA
PEQUIM (Reuters) - A China reduziu nesta quarta-feira sua previsão para importações de soja em 2018/19, com o país reduzindo o uso da oleaginosa na fabricação de ração por causa do conflito comercial entre chineses e norte-americanos, o que levou o governo a aumentar sua previsão de déficit na oferta do produto.
As importações de soja no ano-safra que começa em 1º de outubro deverão atingir 83,65 milhões de toneladas, queda de 10,2 milhões de toneladas ante a estimativa do mês anterior, de 93,85 milhões de toneladas, previu o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais.
A previsão é menor que as 93,9 milhões de toneladas de importações do ano-safra de 2017/18.
O ministério disse que a previsão mais baixa para as importações de soja foi feita em meio à promoção de produtos com menor teor protéico para alimentar o gado e aves.
Além disso, os lucros em queda na indústria de suínos devem reduzir a demanda por farelo de soja.
O governo também elevou sua estimativa para a demanda de milho devido ao aumento do consumo para ração e aumento da produção de etanol e em meio à queda nas importações de soja.
Embora o tamanho dos cortes de importação de soja esteja em linha com previsões mais amplas do setor, o relatório marca a primeira avaliação oficial do governo sobre o impacto daguerra comercial.
A perspectiva ilustra como o vasto setor de suinocultura da China está se ajustando rapidamente a uma possível disputa comercial prolongada com Washington.
Em julho, Pequim passou a cobrar tarifas de 25 por cento sobre a soja dos EUA, ameaçando o setor no segundo maior exportador da oleaginosa para a China e beneficiando o Brasil, maior exportador.
As perspectivas de importação impulsionaram a previsão de déficit de soja na China em 2018/19 para 3,57 milhões de toneladas, ante 250 mil toneladas previstas em agosto, de acordo com o relatório.
O ministério também elevou sua previsão de produção chinesa de soja em 2018/19 para 15,83 milhões de toneladas, ante 15,37 milhões de agosto.
2016/2017 2017/2018 2018/2019 2018/2019 %
(estimado em (previsão em (previsão em variação
Setembro) Agosto) Setembro) ante mês
anterior
Milho
Plantio (mi 36,77 35,45 34,95 34,95 0%
hectares)
Produção (mi t) 219,55 215,89 211,45 213,02 0,74%
Importação (mi 2,46 3,30 1,50 1,50 0,00%
t)
Estoques finais 11,21 -4,52 -17,75 -22,38
(mi t)
Soja
Plantio (mi 7,20 7,78 8,39 8,45 0,72%
hectares)
Produção (mi t) 12,94 14,55 15,37 15,83 2,99%
Importação (mi 93,49 93,90 93,85 83,65 -10,87%
t)
Estoques -1,80 1,26 -0,25 -3,57
finais(mi t)
Algodão
Plantio: (mi 3,10 3,35 3,29 3,29 0,00% hectares)
Produção: (mi t) 4,82 5,89 5,65 5,80 2,65%
Importação: (mi 1,11 1,30 2,00 2,00 0,00% t)
Estoques finais: 8,75 7,62 6,80 6,95 (mi t)
Açúcar: Plantio (mi 1,40 1,46 1,52 1,52 0,00%
hectares)
(Por Hallie Gu and Josephine Mason)
Plantio de soja 18/19 do Paraná tem início mais precoce em anos em meio a chuvas
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja da safra 2018/19 do Paraná, segundo produtor da oleaginosa no Brasil, teve início nesta semana, marcando o início mais precoce das atividades de semeadura em pelo menos cinco anos, afirmou nesta sexta-feira o Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Estado.
Chuvas que deverão continuar nos próximos dias permitiram o início dos trabalhos no Estado, com produtores vendo condições de umidade favorável para a germinação do grão.
Nos últimos dias, contudo, as mesmas precipitações podem ter prejudicado atividades mais intensas de plantio, disse à Reuters nesta sexta-feira o economista do Deral, Marcelo Garrido.
"Como está chovendo em algumas regiões, é capaz de não ter evoluído muito o plantio, mas a perspectiva é melhor do que na safra passada, quando tivemos um setembro seco", comentou ele.
Até o início da semana, o Deral contabilizava 1 por cento da área plantada no Estado, ante zero na mesma época dos últimos anos pelo menos desde 2013, segundo levantamento feito pela Reuters com base em dados do departamento.
Uma início precoce do plantio da soja é importante para o Estado, que tem semeado cada vez mais milho na segunda safra.
"Ano passado, ficamos até 28 de setembro sem chuva, isso atrasou o plantio e a colheita, e atrasou o plantio da safrinha de milho depois."
Quanto mais cedo o plantio da safrinha, melhor a janela para o desenvolvimento da safra. Se o cereal é plantado mais tarde, fica mais sujeito à falta de chuva ou geadas --este ano, o Estado perdeu bons volumes pela seca.
Em 2018/19, a safra de soja do Paraná está estimada pelo Deral em 19,6 milhões de toneladas, o que seria um crescimento de 3 por cento ante 2017/18, ficando atrás apenas do recorde registrado em 2016/17 (19,9 milhões de toneladas). O Deral projeta o plantio em 5,45 milhões de hectares, com estabilidade ante a temporada passada.
Além de ser favorecido pelo clima, o plantio de soja mais precoce, na comparação com anos anteriores, ocorre após uma determinação fitossanitária no ano passado que autorizou a antecipação dos trabalhos em alguns dias.
"Diante das recentes precipitações, produtores paranaenses, especialmente da região oeste do Estado, estão semeando a oleaginosa “a todo vapor”. Isso porque as previsões indicam chuvas também para os próximos dias...", afirmou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em análise nesta sexta-feira.
"O lado ruim é que o recebimento de sementes está atrasado, devido às complicações logísticas no Brasil", acrescentou o Cepea.
Segundo o Deral, os produtores do sudoeste do Estado são os próximos a começar os trabalhos, que já tiveram seu início em Cascavel e Toledo (oeste).
"Conforme vai andando com a colheita do trigo, vai andando com o plantio da soja, a perspectiva é boa, deu para recuperar o déficit hídrico, e alguns institutos afirmam que teremos El Niño, quando chove mais no Sul."
A expectativa é de mais de 50 milímetros de chuvas no Paraná do dia 15 até o final do mês, com precipitações na maior parte das regiões.
As chuvas também começam a chegar ao Mato Grosso, que lidera na produção de soja no Brasil, mas os volumes serão um pouco menores no mesmo período, embora algumas áreas como o norte do Estado devam receber cerca de 50 milímetros.
MATO GROSSO
Em Mato Grosso, o vazio sanitário para plantio --como forma de evitar uma disseminação maior do fungo da ferrugem asiática-- termina no sábado.
"Então, a partir do dia 16 é possível plantar. O que já deve estar ocorrendo são preparos de solo pré-plantio", afirmou o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca.
Ele explicou que os produtores, em geral, aguardam maiores volumes de chuvas para iniciar os trabalhos, destacando que aqueles que "começam cedo são os que terão de plantar algodão".
De acordo com a última pesquisa do Imea, publicada em maio pelo órgão ligado ao setor produtivo, o Mato Grosso deverá semear uma área recorde com a oleaginosa na safra 2018/19, a 9,58 milhões de hectares, aumento de 1,22 por cento sobre o atual ciclo 2017/18.
A safra está estimada em 32,32 milhões de toneladas.
Mato Grosso e Paraná têm respondido por mais de 40 por cento da safra do Brasil, o maior exportador global da oleaginosa.
(Por Roberto Samora)
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Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas
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Luiz Carlos Surdi Santa Bárbara do Sul - RS
...muito bom Liones Severo, parabéns
uma noticia boa de vez em quando anima TODO MUNDO