Safra de soja na América do Sul é superior a 170 milhões de toneladas e já representa 52% da produção mundial
O coordenador de agronegócio do jornal Gazeta do Povo, Giovanni Ferreira, acaba de voltar de uma expedição que visava observar a produção, sobretudo de soja, na América do Sul. Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Ferreira destacou alguns pontos observados nessa viagem, bem como a importância do continente para a formação de preços mundiais.
Ele destaca que a América do Sul é um "grande player da oferta", concentrando 52% de toda a produção mundial. Este volume é liderado pelo Brasil, que deve produzir cerca de 110 milhões de toneladas nesta safra e também pela Argentina, com 52 milhões de toneladas. O Paraguai participa com cerca de 10 milhões de toneladas e a Bolívia e o Uruguai, juntos, detêm cerca de 6 milhões de toneladas, gerando mais de 170 milhões de toneladas para a oferta mundial.
Assim, o bloco se consolida como um grande fornecedor e acaba influenciando a formação de preços em Chicago. A produção é crescente no Brasil e no Paraguai - na Argentina, é estagnada pela expansão de área e pela variação na produção a depender do clima, no Uruguai, pelo agronegócio dolarizado e na Bolívia, pela instabilidade política e jurídica que limita o avanço da produção. Embora o Paraguai tenha potencial para novas áreas, isso não deve ocorrer no curto, mas apenas no médio prazo.
A falta de espaço e produtividade que oscila na Argentina, além do fato de o país ser um mercado cativo de exportação de milho, não impede, entretanto, que o país seja cada vez mais competitivo em função de seu custo de produção menor, decorrência de uma fertilidade natural do solo e de uma logística extremamente facilitada, com 80% dos grãos em um raio curto dos portos.
No Paraguai, há alguns desafios ainda a serem enfrentados, com a soja, neste atual momento, com média de produtividade de 50 sacas por hectare, mas chegando a colher 80 sacas por hectare em algumas áreas. O maior desafio é no manejo, a medida em que a tecnologia agrícola começa a se instalar no país. Outro problema é o fato de a safrinha de soja ainda ser permitida, com forte presença no país, o que deixa sua produção mais suscetível a riscos sanitários.
O Uruguai e a Bolívia, pequenos, mas que fazem a diferença, possuem área e produção bastante estáveis. O Uruguai, assim como o Paraguai, enfrenta os desafios da dolarização da produção agrícola - assim, os preços de Chicago hoje não são atrativos nem para os produtores norte-americanos e nem para os produtores deste país.
Para Ferreira, "juntos somos mais enquanto produção, enquanto mercado internacional". Desafios como logística, relevância na formação de preços e produtos com valor agregado ainda se destacam, principalmente por conta de o principal mercado do Brasil ser a China, mas, mesmo que timidamente, as mudanças começam a ser feitas.
Em julho, a Expedição Safra parte para a Rússia e para a Ucrânia para entender a produção e o mercado de cereais de inverno e de carnes nestes países.
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