Mercado fecha praticamente sem negócios,com produtores fora das vendas
De acordo com Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, o mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) observa a produção sul-americana neste momento, o que justifica as quedas dos últimos pregões. Na Argentina, houve uma melhora no tempo e os produtores já estão concluíndo o plantio, embora haja ainda um longo tempo para que a produção seja concluída, com as condições climáticas dando o tom da evolução dessa soja.
O Paraguai, por sua vez, enfrenta um tempo relativamente seco em algumas áreas. No Brasil, alguns focos também geram preocupação no Nordeste, além de excesso de chuvas em estados como Mato Grosso e Goiás, dificultando a colheita.
Motter aponta que um melhor resultado precisa ser aguardado no momento e que os números divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam também uma produção mundial 8% maior neste ano e uma demanda 4,7% a 4,8% maior do que ano passado, gerando um buraco entre a produção e o consumo, o que gera um aumento nos estoques finais.
No entanto, o analista acredita em um estabelecimento de um momento de parada de queda e uma possibilidade de retomada de preços nos próximos dias. Algumas variáveis altistas podem ser a mudança da comercialização para a América do Sul e a questão climática, com atrasos na colheita ou agravamento em pontos. Do lado baixista, fundos com volumes muito comprados e um clima mais favorável. "Agora tem que ver de que lado a balança vai pender", aponta Motter.
Ainda é cedo para falar de uma alta de prêmios nos portos brasileiros, lembra o analista, mas a possibilidade é real. O efeito Trump sobre os preços ainda não é consolidado, mas é possível que haja uma retaliação comercial por parte de alguns países que deve gerar uma tendência, principalmente na possibilidade dos prêmios mais significativos. A animosidade entre os Estados Unidos e a China não deve ser importante somente para a soja, mas também para outros produtos.
Quanto à comercialização, que se encontra em 40% no Brasil, Motter diz que "os bons momentos ficaram para trás" e aconselha os produtores que ainda não venderam a começarem a participar assim que os preços estiverem cerca de R$3 a R$4 maiores no mercado interno. "É recomendável participar um pouco e ir participando ao longo do tempo", alerta.
Além disso, muitos fatores ainda se apresentam no horizonte que podem mudar os rumos da comercialização de soja. No momento, os Estados Unidos pensam em plantar mais soja do que milho, o que significa que poderão ter novo recorde em um clima normal. No entanto, uma retaliação por parte da China pode mudar esse cenário, com os americanos não sendo estimulados a plantar soja.
No câmbio, as medidas diplomáticas tomadas por Trump também fizeram com que muitas empresas reagissem negativamente, o que cria mais rejeição do que estímulo para a produção. A economia americana, neste momento, não atrai capitais adicionais e a taxa de câmbio chegou a trabalhar, em relação ao real, em R$3,10 nesta terça-feira (31). A política interna brasileira, por outro lado, também gera incertezas.
0 comentário
Clima em Santa Catarina está favorável e plantio da soja avança com perspectivas para uma boa safra 24/25
Soja em Chicago tem leves altas puxadas pelo recuo do dólar index e anúncio de novas vendas americanas
Falta de chuva prejudica o desenvolvimento do plantio da soja em Laguna Carapã/MS
Complexo soja segue muito volátil: Despencada do óleo, altas no farelo e falta de direção para o grão
Transporte de soja e milho em hidrovias do Tapajós e Madeira é retomado, diz Amport
Soja testa novas altas na Bolsa de Chicago nesta 4ª feira, mas avanço ainda é limitado