Apesar de produção recorde da soja no Brasil, produtividade deve se manter em patamares parecidos ao de anos anteriores
A consultoria de mercado FCStone divulgou um alerta no qual indica que está "menos otimista" em meio a uma euforia em relação aos números da safra brasileira de soja. Apesar de considerar uma safra recorde, a consultoria considera que é difícil voltar aos mesmos patamares da safra 2010/12, uma vez que, nos últimos 5 anos, o Brasil não conseguiu passar de uma produtividade de 3 toneladas por hectare.
Alguns dos motivos apontados por Thadeu Silva, diretor de inteligência de mercado da FCStone, são a expansão da soja, que também é plantada em áreas marginais e a soja de ciclo mais curto, mais precoce em função de um encaixe para a safrinha.
Com isso, a previsão da FCStone é de uma safra de 102,7 milhões de toneladas para 2016/17, com uma produtividade de 3,6 toneladas por hectare. Uma equipe da consultoria está em campo para realizar mais algumas análises e, em breve, este número poderá ser atualizado.
Silva explica que o ciclo está indo bem, com as principais regiões apresentando bom desenvolvimento, mas quando os níveis de chuva são comparados com as safras anteriores, o déficit hídrico, de 30%, é o mais alto desde 2012. A amostragem foi feita com base em 210 a 220 municípios, analisando o padrão de chuvas a nível local. Ele destaca algumas situações como o oeste da Bahia, que mesmo com a recuperação dos perfis de umidade após um período de seca, não deverá ter o potencial produtivo esperado.
Mercado da soja
Nesta segunda-feira (23), o mercado da soja recuou na Bolsa de Chicago (CBOT), devolvendo os ganhos da última semana, embora o primeiro vencimento ainda esteja acima dos US$10,60/bushel.
De acordo com Silva, a situação reflete um ajuste de expectativas em relação ao quadro da Argentina, que começa a ter uma melhora climática nesta semana, após ser atingida por severas inundações. Ele aponta que essas áreas só poderão ser calculadas quando estiverem totalmente secas.
Ele lembra também que, do lado da demanda, os números só crescem, Nos últimos cinco anos, a demanda cresce de 14 a 16 milhões de toneladas por ano e apenas três países - Estados Unidos, Argentina e Brasil - são responsáveis por abastecer a maior parte dessa demanda. Logo, uma quebra de safra na Argentina de 4 milhões de toneladas - como apontam algumas estimativas - seria preocupante para o mercado.
Do lado do câmbio, o real se valoriza, o que diminui a competitividade brasileira e também é um fator baixista para o mercado na CBOT. Na avaliação de Silva, este é um cenário de bastante risco, uma vez que as incertezas políticas, tanto no Brasil quanto no cenário mundial, podem ser capazes de alterar esses números.
O conselho do diretor para os produtores, em um momento no qual a comercialização está atrasada no Brasil, é de observar essas relações e compreender a hora certa de fixar.
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