Momento Técnico - Controle da ferrugem na soja com eficiência abaixo de 80% já sinaliza prejuízo para o produtor
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A ferrugem asiática, tema relevante para a produção de soja no Brasil, entra em debate no Notícias Agrícolas com o pesquisador Erlei Reis, professor da Universidade de Buenos Aires e pesquisador do tema, como forma de mostrar um panorama da ferrugem e o que esperar para esta safra, além de apontar as formas de manejo para combater e controlar essa doença.
O pesquisador lembra que este é um problema que não foi enfrentado pelo produtor somente nas últimas safras, como também será enfrentado no futuro. A ferrugem asiática chegou ao Brasil em 2001/2002 e, na safra seguinte, foi controlada com fungicidas, porém, estes produtos específicos eram bastante vulneráveis, o que o tornou, na visão dos produtores, insuficiente para controlar o fungo. "Não pairam mais dúvidas de que o fungo se tornou resistente aos triazois", diz Reis. Portanto, a mistura com esses triazois passou a ser adotada. Na safra 2012/13, os produtores passaram a reclamar da falha de algumas misturas.
Para ele, "hoje nós estamos diante de uma situação inédita no mundo, com a falha dos principais fungicidas". "Nós estamos agravando a situação safra após safra e não sabemos o que o futuro nos reserva", aponta.
Ele lembra que o conceito de controle mais utilizado é do de buscar 83% de controle na lavoura, considerando um preço de R$74 para a safra de soja e investindo R$517 por hectare para realizar esse controle. Desta maneira, o produtor consegue obter lucros com a produção.
Para entender o mecanismo do porque o fungo está adquirindo resistência, ele explica que na primeira utilização do fungicida, na safra 2002/03, toda a população do fungo era de apenas um tipo. No entanto, a biologia determina que sempre existem "mutantes" que se preparam para uma ameaça futura. Como o agente continuou a ser utilizado na safra seguinte, os mutantes resistentes sempre aumentavam a sua população, chegando a uma situação na qual esses mutantes se sobressaem na lavoura.
Em um experimento realizado na última safra, o pesquisador identificou a possibilidade de uma mistura com um fungicida protetor, que potencializa a ação dos fungicidas aplicados. No entanto, mesmo com a potencialização da ação, isso já não funciona mais em muitos casos. "Está havendo uma evolução da redução e isso não vai parar. O fungo vai ficar mais resistente", explica. Logo, à medida em que se aumentou a dose do protetor, aumentou o controle. Mas a capacidade de dano da ferrugem leva a parar para pensar e alertar "para onde vamos" e o que o produtor deve escolher para obter sucesso na soja.
Segundo o pesquisador, a "evolução não parou" e a redução do controle também não irá parar. Ele acredita que com 60% a 70% da área tratada com o protetor, o protetor poderá ser mais uma ferramenta de apoio para o produtor tratar a ferrugem.
Ele destaca também que "os produtores recebem muitas propostas de produtos e novidades, mas nem sempre se traduzem em maior rendimento e produtividade". Por isso, ele explica os conceitos básicos e a classificação dos fungicidas, para explanar a funcionalidade dos fungicidas protetores, que surgem como uma arma anti-resistência e foram inventados fora do Brasil, já com sucesso na luta contra doenças do tomate, batata e de videiras. Essas substâncias químicas, quando aplicadas nas plantas, protegem elas da penetração ou do posterior desenvolvimento de fungos em seus tecidos.
Resumindo a ação fungicida, o pesquisador aponta quatro fases: contato, proteção, curativo e erradicante. O protetor, por sua vez, deve ser aliado a um penetrante móvel pelo número de fungos sobre os quais ele vai agir. "Não tem um fungicida que controle todos os fungos. Sempre é necessária a mistura. No caso da soja, precisa aumentar o espectro de ação, porque vários fungos atacam a cultura ao mesmo tempo. Não se controla mais mancha se não tiver um protetor e a situação tende a se agravar", detalha.
Para o desenvolvimento da ferrugem hoje, requer-se uma temperatura de 22°C. Se a temperatura cair a 6°C, não mata, mas para o crescimento. A mesma situação ocorre acima dos 32°C. Não existe penetração se a planta não estiver molhada por oito horas e, geralmente, ela se concentra na parte de baixo das folhas porque essas são as mais velhas e também são onde dura mais tempo o molhamento.
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