Chuvas na América do Sul enfraquecem cotações em Chicago e criam expectativa de safra cheia e oferta plena para 2017
Nesta terça-feira (20), a Bolsa de Chicago (CBOT) apontou para mais um dia negativo para os preços da soja. A queda nas cotações, com uma perda de 30 pontos somada à sessão do dia anterior, levou os primeiros vencimentos a se aproximarem dos US$10/bushel.
De acordo com Camilo Motter, analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, a queda foi motivada por uma atuação dos fundos de investimento da soja. Como este é um ano de mudança de padrão climático, há uma dilatação dos preços, a respeito do que aconteceu com os Estados Unidos nos últimos anos.
A liderança das altas nas últimas sessões era motivada por uma estiagem na Argentina, que possuía algumas regiões com seca instalada. No entanto, no último final de semana, choveu mais do que o esperado no país e também no Rio Grande do Sul. De olho nas previões de chuva que ainda devem vir nessa semana, o mercado começa a precificar esse padrão.
Portanto, o prêmio climático acentuado sobre a safra da América do Sul, neste momento, foi desfeito em parte. Uma conclusão sobre uma tendência baseada neste padrão deve vir apenas ao final da safra, mas se concretizadas as previsões de grandes safras para, principalmente, Brasil e Argentina, o mercado encontra espaço para cair abaixo dos US$10/bushel, de acordo com Motter.
A demanda, por sua vez, deve continuar firme. Neste momento, os Estados Unidos possuem bastante soja, que é mais competitiva, "por isso, os negócios não andam muito na América do Sul até o momento", explica o analista. Porém, haverá espaço para a soja sul-americana no mercado em algum momento. A demanda segue firme e o consumo e consistente - embora o futuro dos preços, na opinião de Motter, esteja nas mãos da oferta.
Comercialização interna
Se a safra sul-americana for cheia, haverá volume para aumentar os estoques mundiais. Na sequência, a próxima grande informação é um plantio recorde de soja nos Estados Unidos, país que é majoritariamente produtor de milho. Com isso, o mercado deve ficar pressionado nessas circunstâncias.
O Brasil, por sua vez, saiu um pouco do mercado no segundo semestre. Em abril, os preços chegaram a R$94 em algumas praças e depois, "foram se acomodando", como lembra Motter. Mesmo com uma quebra de safra no país, os preços foram menores por imposição do câmbio e também por queda no mercado internacional. Os importadores também passaram a buscar mais produto nos Estados Unidos - que vendeu muito mais soja do que o Brasil na sua entressafra.
Ele lembra que, apesar da quebra, os preços se montam a nível global. Logo, há um excedente maior da safra velha no Brasil que deve se somar à safra nova mais para a frente.
Havia uma expectativa de alta para os produtores brasileiros que começa a se desmanchar. Neste período, o mercado interno se acomodou, com um volume comedido de negócios.
O analista sugere que os produtores comercializem aos poucos, observando as nuances de preços e também do câmbio. Até o momento, o Brasil comercializou 30% da safra nova, contra 50% do mesmo período no ano passado.
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