Relatório do USDA foi arrojado nas projeções sobre a produção americana e conservador nos números de exportação
Nesta quarta-feira (9), o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe "números surpreendentes", de acordo com o analista de mercado
Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Ele aponta que o órgão foi conservador nos números da exportação e consumo, ao mesmo tempo em que trouxe um aumento
inesperado para o período nos números de produção.
Pela manhã, os efeitos da eleição de Donald Trump vinham sendo positivos para o mercado, mas a tendência, segundo ele, é que este fator "não mude nada". Os preços,
hoje, refletiram mais as decisões do relatório, uma vez que o aumento na produção de 118,69 milhões de toneladas era esperado apenas para dezembro. As exportações se
manteram, mas a tendência mostra para números mais agressivos daqui para a frente. O consumo foi reduzido e trouxe um aumento de estoques finais para 13 milhões de
toneladas, número que não deve se concretizar, como aponta o analista, pensando na tendência dos anos anteriores.
O fechamento da Bolsa de Chicago (CBOT) com 17 a 19 pontos de baixa nos principais venciimentos, mesmo sendo uma baixa forte para a soja, "é um fator positivo", diz
Brandalizze. "Em outros anos, teríamos o mercado caindo de 30 a 40 pontos. Hoje, o mercado de Chicago não está dando tanto valor para o relatório do USDA. O mercado é
mais cauteloso e vai continuar vendo que a demanda segue forte", aponta.
Nesta semana, o mercado não deve ter mais grandes evoluções. Brandalizze acredita que talvez haja uma correção nesta quinta-feira, com os preços se aproximando dos US
$10/bushel nos meses médios e longos, "mas também não podemos esperar uma disparada nas cotações", diz. "A grande questão é que vamos ter que esperar consolidar mais
as exportações. Se os números forem positivos, o mercado deve recuperar as perdas de hoje".
Ele lembra ainda que o mercado do USDA deve perder importância rapidamente e, logo, o foco deve ser o mercado da América do Sul. Neste momento, a Argentina tem
problemas para iniciar o plantio de soja, enquanto o Brasil se encontra em condições favoráveis. A partir da próxima semana, este fator deve começar a ser o principal
fator de precificação do mercado.
O analista acredita que os meses devem seguir uma tendência de preços de US$10 a US$10,40/bushel.
Vendas brasileiras
Nos portos brasileiros, o dia de hoje trouxe alteração nos patamares de preço, com altas confirmadas. Foram realizados negócios da safra nova, sobretudo por parte do
Rio Grande do Sul e outras regiões que ainda possuiam poucos negócios. Os níveis de fechamento para o mês de maio estavam na casa dos R$81, sendo esses os melhores
níveis dos últimos meses. Para julho, a R$81,50, com níveis melhorando de 1 a 2 reais em relações a dias anteriores em muitas regiões.
A alta do dólar, que fechou o dia com uma elevação de 3%, também foi responsável pela elevação desses negócios, que devem seguir uma tendência na quinta-feira também.
"Os níveis melhoraram, dando chance para o produtor, que começa a ficar mais otimista e a pensar de novo em bons patamares", diz o analista.
Milho
O milho, por sua vez, teve quedas acima dos 10 pontos após os efeitos do relatório do USDA. Era esperada uma queda na produção do cereal, o que não aconteceu. Os
níveis de exportações também não aumentaram, apesar de o ritmo físico estar mais do que a soja.
Brandalizze aponta que, como reflexo, deve haver a redução de venda por parte dos produtores americanos.
Mercado global
No mercado global, a demanda pelos produtos americanos continua forte. 110 milhões de tonelada de soja e milho são demandadas, no mínimo, por outros países por parte
dos Estados Unidos. As estimativas de exportações batem com o buraco do déficit mundial
Por outro lado, a eleição de Donald Trump pode estimular os compradores dos mercados asiáticos a "vir para o mercado mais cedo", formar estoques e posicionar
contratos, à margem das incertezas das medidas a serem trabalhadas pelo candidato eleito, como forma de prevenção.
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