Por que alguns produtores conseguem colher 140 sacas/ha de soja e outros ainda mantém médias de 50 sacas por mais de uma década?

Publicado em 07/07/2016 13:38
Entrevista com o dr. Dirceu Gassen

O estudo do engenheiro agrônomo, Dirceu Gassen, apontou que a produtividade média da soja no Brasil quase não sofreu alterações desde 2009, ficando entre 45 a 50 sacas por hectare nas últimas décadas.

No entanto, através de concursos, não raramente, é possível encontrar produtores com rendimento de até 140 scs/ha. No torneio que premia a maior produtividade do Brasil, por exemplo, as médias dos 10 melhores classificados ultrapassaram 100 scs/ha, desde 2013.

Paralelamente os custos de produção para a soja crescem em uma velocidade superior, que só não torna a atividade insustentável devido às valorizações também no campo das cotações.

"Agora, o preço é bom para quem colhe bem, mas ruim para baixas produtividades", ressalta o engenheiro agrônomo.

Diante desse cenário Gassen considera que o país não expressa todo seu potencial produtivo para a cultura da soja. No caso dos grandes rendimentos, "a diferença está na qualidade dos processos de produção, que atende a demanda diária da planta", acrescenta.

Apesar dos problemas climáticos como os vivenciados na safra 2015/16, que causaram perdas significativas nas culturas, "as lavouras de modo geral precisam ser melhor manejadas no sistema, especialmente entre as safras".

Nos resultados dos concursos, Gassen explica que a população de plantas varia entre 26 e 60 plantas/m², com espaçamento entre linhas de 45 e 76 cm, incluindo semeadura cruzada. "Precisamos melhorar a distribuição e espaçamento de plantas, a profundidade e o exagero nas sementes e velocidade de semeadura", acrescenta.

Para o engenheiro agrônomo o potencial de produção é definido por semeadura, semente de qualidade e a proteção inicial. Além disso, o perfil de solo também é fundamental para o desenvolvimento das plantas.

De maneira geral, a cobertura vegetal e a rotação de culturas, com diversidade de biomassa aparecem como fatores convergentes nas lavouras de alta produtividade.

Dirceu Gassen é um dos convidados do III Seminário A Voz do Campo que acontece em agosto, na cidade de Gramado no Rio Grande do Sul. Confira mais informações sobre o evento, que contará com a cobertura completa do site Notícias Agrícolas no link a seguir:

>> III Seminário A Voz do Campo acontece em Gramado/RS de 11 a 13 de agosto

Banner - Seminário A Voz do Campo

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Por:
Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

5 comentários

  • Everson Edilson Casagrande Sertanópolis - PR

    Primeiramente porque há uma pluralidade de produtores com vários níveis de conhecimento, sem contar com os diversos tipos de solos e clima..., também pela capacidade financeira quanto aos investimentos, pois muitos não estão dispostos a correr riscos ou vêm carregando os custos de frustração de safras anteriores. Torna-se fácil, porém, para aqueles que tem uma acumulação de safras sem perdas, investirem sem se preocupar com os custos.... A agricultura é uma industria a céu aberto, e ficamos 5 meses rezando para não dar uma seca, não chover muito, não ventar, não cair granizo, não dar geada, entre outros... Lembrando que, na industria, no final do processo, o produto é a soma dos quilos dos ingredientes; na agricultura essa receitinha é diferente para cada um, 800 quilos de adubo + 130 quilos de semente + outros = nunca a produção será igual para todos.

    ,

    3
  • Angelo Miquelão Filho Apucarana - PR

    Nenhuma propriedade, nenhum agricultor que queira aumentar a produtividade pode continuar a ser uma ilha! Mas é preciso considerar vários fatores, entre eles o econômico, pois a tecnologia custa caro, muito caro. Certa vez eu estava em uma palestra sobre produtividade e mercado, e o palestrante falou algo que naquele momento me deixou irritado, mas que com o passar da mesma a irritação transformou-se em atenção. Duas coisas estão além da nossa capacidade: estabelecer o preço final e controlar o clima! Pois bem, aceitos estes dois fatores, não nos resta outra alternativa senão produzir mais e mais por cada metro quadrado de nossa terra. Voltando a palestra, naquele dia ouvi o palestrante dizer o seguinte "o agricultor tem que tirar o foco dos preços e focar na atividade, tem que produzir o máximo com um um menor custo possível, pois só a produtividade é onde ele pode controlar, estabelecer". Evidente que todos nós olhamos os preços e com isso decidimos o que iremos cultivar, e o problema está exatamente ai, uma tomada a decisão, ela sempre é baseada no passado e não no futuro! Outros fatores fazem muita diferença, entre elas as tecnologias das quais dispomos e pelas quais podemos ou não pagar. Há fatos interessantes, um exemplo é a tecnologia das plantadeiras a vácuo, onde e não raros os erros se sucedem, pois existe uma falsa crença de que com ela é permitido plantar acima das velocidades recomendadas que são de no máximo 6 Km/h, uns andam a mais de 10 Km/h, fazem um rali no meio da roça e depois culpam a máquina! Outra situação é falta de recursos para se implantar as muitas tecnologias que permitem fazer uma adubação ou correção do solo de maneira a se jogar o que realmente precisa onde exatamente há necessidade, e não de maneira indiscriminada como fazemos. Precisamos rever nossos conceitos, criar novas maneiras, repensar a nossa atuação se quisermos continuar na agricultura. Há quem afirme que só irão ficar nela apenas os pequenos e os grandes! Portanto saber onde estamos, em que terra pisamos e qual a nossa meta para as próximas safras, será o diferencial, o fator decisivo para quem vai ficar ou quem vai cair fora! Não há outra alternativa senão produzir mais por cada metro quadrado, e para isso há a necessidade de se implantar novas tecnologias, novas ideias, novas metas, e claro, controlar os custos de cada saca! Esperar ou contar apenas com os bons preços não é o caminho certo para quem quer continuar na estrada. A palavra de ordem é produzir, produzir e produzir... Afinal o mundo precisa de comida, e nós estamos no lugar certo, basta fazer o certo! Um ótimo final de semana a todos, boas colheitas, felicidades e muita paz...

    0
  • Lindalvo José Teixeira Marialva - PR

    Temos muito que evoluir para atingir médias. Milho é uma aberração quando comparamos a produtividade média entre as regiões do Brasil e o soja não foge da regra, temos muito para melhorar, logico que dependemos muito das condições climáticas, pois o produtor tem melhorado muito na questão técnica, uso de insumos e defensivos, correção adequado do solo, conservação de solo (um pouco desleixada), no entanto, esta muito bom. O que não podemos comparar é o peso de um boi criado na cocheira é a produtividade de soja cultivado em campos experimentais com o peso de um boi no pasto e com uma lavoura de soja a campo, ambos enfrentando as condições naturais do tempo e adversidades.

    4
    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Lindalvo, quando fala: O que não podemos comparar é o peso de um boi criado na cocheira... Essa cachoeira seria A Fazenda Cachoeira 2C, criadora de nelores de elite dos herdeiros de Celso Garcia, proprietário da Viação Garcia, empresa de transporte de passageiros cuja matriz é Londrina -PR. É correto?

      2
    • Lindalvo José Teixeira Marialva - PR

      È um exemplo hipotético para que possamos comparar o que acontece no BRASIL. Fazenda Cachoeira é uma delas, no entanto, existe a Camargo Correia, Nelore è o amor, Matinha, enfim uma série delas, muito boa por sinal.

      0
  • Cleverson Pozzebon Colonia Catuete

    Rubens, realmente parece equivoco, mas não é, como já respondido por Aleksander Horta. Apenas para esclarecer, Alisson Hilgenberg de Ponta Grossa-PR foi o campeão do desafio do CESB, produziu na safra passada 141,79 sc/ha em área não irrigada!

    O campeão deste ano produziu um pouco menos, João Carlos da Cruz de Buri-SP, chegou aos 120,07 sc/ha, também em área não irrigada.

    Isso mostra que ainda temos muito que evoluir no nosso sistema de produção, e como sempre repete Dirceu Gassen: O resultado é em função do "conhecimento aplicado por hectare".

    8
    • geraldo emanuel prizon Coromandel - MG

      As áreas para concurso do CESB são de 10ha, o que permite investimentos irreais, isto é, antieconômicos.Gostaria de ver um solo de cerrado, com tecnologias convencionais, produzir esta quantidade.

      1
    • leandro frizzo São Miguel das Missões - RS

      Quero saber quanto esses caras colhem nas áreas fora do concurso

      1
    • wellington almeida rodrigues Sucupira - TO

      Penso a mesma coisa Leandro, passo minha área de 500ha para eles qualquer hora que quiserem, em 10 há qualquer um consegue, pelo tudo que é sagrado defendo a pesquisa, mas de forma justa, não para arrebentar o setor, isso soa mal no mercado, despenca o preço, um grande absurdo, muito fácil por no papel quero ver na prática.

      3
    • Samoil Ivanoff Querencia - MT

      E eu gostaria de saber o custo para essa produção

      2
  • Rubens Pimenta de Padua Cornélio Procópio - PR

    Acredito que houve equivoco no título da matéria, trocaram as unidades de área, alqueire / hectare Produzir 140 sc / ha corresponde a uma produção de 338,8 sc / alq. Esta produtividade não se consegue em lugar nenhum do mundo.

    44
    • Aleksander Horta Campinas - SP

      Ouça a entrevista Sr. Rubens e comprove que é isso mesmo... tem produtor no Brasil produzindo mais de 8 mil kg de soja por hectare, segundo o pesquisador. Ele inclusive dá o nome do produtor... Vale a pena acompanhar as considerações do pesquisador

      7
    • Osvaldo Rodrigues Junior Cornelio Procopio - PR

      Realmente é possível obter estas produções mais a que custo, e a que risco, diante da possibilidade de intempéries e problemas com pragas, doenças e outros problemas que venham a gerar danos à cultura, além disso estatisticamente estas produções não refletem a realidade brasileira de solos pobres e degradados com agricultores respectivamente com os mesmos problemas.

      2
    • Paulo Pedroni Hernandarias

      Sr. Rubens Pimenta, neste final de semana tivemos o evento da Syngenta em Foz onde a Sra. Cecilia Falavigna foi bicampea com 92 sacas por Ha. o Eng. Gassen esta certo.

      4
    • Paulo Roberto Vielmo Nova Esperança do Sul - RS

      Porque será que Dirceu Gassen não vira agricultor, pois com o conhecimento que tem certamente produzirá mais de 200 sacas por hectare? Aliada a sua experiência administrativa na falida Cooplantio, seu sucesso será fora de dúvida.

      7
    • Paulo Roberto Vielmo Nova Esperança do Sul - RS

      Um pesquisador que recomenda plantio cruzado como prática agrícola para aumento de produtividade, sinceramente, não merece respeito. É só simular em uma folha de papel para se constatar a péssima distribuição de sementes e adubos nesta situação. Só os trouxas para acreditarem numa lorota dessas. Agricultores: sigam as recomendações da Embrapa e deixem de dar ouvidos a conferencistas picaretas que vendem o Nirvana.

      3
    • Luiz Alfredo Viganó Marmeleiro - PR

      O Gassen é muito bom na velha máxima "façam o que eu digo mas não faça o que eu faço", heheheheh.....

      3
    • dejair minotti jaboticabal - SP

      Todos tem razão mas vão preso do mesmo jeito,não existe pesquisa sem agricultor e nem agricultor sem pesquisa.Pode se ser um ótimo pesquisador sendo um mau produtor, mas não se pode ser um ótimo agricultor sem a pesquisa, não se pode ignorar a tecnologia, cabe ao pesquisador traduzir implicados estudos e modelos matemáticos em praticidade ao produtor pela extensão.Vamos discutir,participar de reuniões de produtores com pesquisadores que todos vamos ganhar e continuaremos segurando a conta corrente deste pobre país.

      0
    • wellington almeida rodrigues Sucupira - TO

      Vamos fazer um acordo aqui, vou plantar para produzir 140 scs por há , se vcs me garantir o seguro total desse investimento, pelo de Deus , para ficar com lorotas, plantem 500 ha e façam uma produtividade desse jeito, para mim ver passo minha área para qualquer um fazer, isso consegue em área pequena, não em grandes áreas, sigam a Embrapa, pelo amor de Deus já tá difícil produzir 50 scs por há, agora mais essa.

      1
    • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

      O Gassem parece que não conhece muita coisa sobre a produtividade da soja....lembro ao Dr que a produtividade da soja dobrou..falo da média nacional..desde os anos 80 até hoje..era nos anos 80 de 25 a 30 sc por ha..e hoje está chegando aos 60...e digo mais era de 25 a 30 por ha em terras com alta fertlidade....ou seja no Paraná..RGS...SC..e SP...hoje é 60 incluso estas áreas mais o cerrado...portanto e média em terras de alta fertilidade quase triplicou...pois em grande parte do Paraná a produtividade média passa dos 70...

      Outra coisa nos anos 70 e 80 quando se falava em produtividade de soja nem sempre se envolvia com área e sim por sc de semente plantada..cansei de ouvir ah produzi 25 por um..30 por um...hora e por ha!!!!se colocar stand baixo a media por saco é altíssima mas por área e baixíssima...principalmente a gauchada a produtividade era medida por sc plantada...

      Agora da para produzir 140..claro que dá....mas isto leva tempo..e passa por variedades produtivas..irrigação...etc...coisa que vamos levar mais de meio século para chegar lá..

      3
    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Caro Dalzir, segundo a Embrapa, o potencial genético para a produtividade dos cultivares de soja é de 183 sc/ha. Ocorre que com o desenvolvimento da tecnologia OGM, o escopo foi da resistência a parasitas, deixando ao segundo plano o nível de vigor da semente e os níveis de concentração de nutrientes presentes na semente. É lógico que, além disso, é necessário que o "berço" (terra) onde vai ser depositada essa semente esteja dentro dos parâmetros agronômicos para o bom desenvolvimento da cultura. Não se deve esquecer que o "colchão" que ameniza as intempéries climáticas é o solo com suas características. Um exemplo fácil é que o solo argiloso retém mais água que um solo arenoso e, diante dessa característica sua cultura estará mais protegida de um veranico.

      0
    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      continuação... Acredito que se deixarmos de priorizar o agente (parasita) e priorizarmos o ambiente (solo, planta), com certeza o produtor vai se libertar dos "pacotes tecnológicos". Acho o maior absurdo aplicar um inseticida/fungicida para "prevenir" a praga, como se a praga não fosse um ser vivo, que tem a sua biologia e, como tal, depende das condições climáticas (temperatura, umidade) propicias para um bom desenvolvimento. Acho que a adoção do MIP, como primeiro passo já é um avanço.

      1