No PR, colheita da soja está quase concluída e milho safrinha se desenvolve bem; preocupação está na comercialização e no crédito
No Paraná, colheita da soja está quase concluída e a produtividade será irregular na região, pois lavouras cultivadas logo após o vazio sanitário sofreram com veranico.
Segundo José Eduardo Sismeiro, presidente da Aprosoja Paraná, muitos produtores - principalmente do norte do estado - realizaram o plantio de soja no inicio de setembro, e acabaram sofrendo com veranico em novembro. Nessas regiões a produtividade ficou em torno das 30 sacas por hectare.
Mas os produtores que optaram por plantar no final de setembro, com variedade de ciclo médio, a produtividade alcançou as 60 sacas por hectare.
"Então a conclusão da safra no Paraná, infelizmente não vai ser a divulgada inicialmente de mais de 17 milhões de toneladas, mas nós acreditamos que fique em torno de 16 milhões de toneladas", explica Sismeiro.
Com essa produtividade os preços na região de Goioerê (PR) estão entre R$ 60,00 a R$ 61,00/saca no balcão e os produtores não comercializam esperando melhores valores. Para Sismeiro, o travamento de comercialização, acontece porque a maioria dos produtores já haviam fechado alguns contratos, e estando capitalizados tem maior tranquilidade nas negociações.
Milho safrinha
Na cultura do milho safrinha, aqueles produtores que tiveram problemas durante a safra de soja, no cultivo do milho a situação foi inversa. As condições climáticas foram favoráveis e a cultura se desenvolve bem.
Já as lavouras decorrentes da soja, que foram cultivadas no final de setembro, consequentemente colhidas mais tarde, pegaram um período de chuva que atrasou o cultivo do milho, prejudicando a produção.
"Uma área muito pequena está em uma situação favorável. De 80% a 95% do milho safrinha do Paraná ainda é uma situação preocupante, principalmente na questão da geada, porque está se comentando muito que neste ano o frio chega mais cedo", ressalta Sismeiro.
Além disso, houve grande incidência de percevejos, onde os agricultores precisaram fazer aplicações constantes, de 3 a 4 dias. Sismeiro relata que a praga já apresenta resistência à maioria dos produtos existentes no mercado brasileiro "o que reforça ainda mais a tese da Aprosoja em tentar liberar novas moléculas que são liberadas em outros países, que competem conosco, como Argentina, Estados Unidos, Europa e a própria China, que tem produtos que facilitam esse manejo", explica.
Somado a esses problemas na produção, a comercialização do milho safrinha também não vai bem. Na cooperativa o milho é comercializado a R$ 20,80/saca e no Porto de Paranaguá R$ 30,00 mesmo a região sendo próxima ao porto.
Sismeiro considera que as cooperativas não estão pagando os valores desejados pelos produtores. "Precisamos realmente de um plus até das cooperativas, cortar um pouco do lucro, para que a gente pudesse vender um pouco mais de milho, desafogar os armazéns e fazer a próxima safra", declara.
Segundo ele, os produtores precisam produzir no mínimo 75 sacas por hectare para conseguir cobrir os custos nesses níveis de preços. Sendo assim, a margem para erros e problemas climáticos fica cada vez menor.
Além desse cenário, os agricultores também enfrentam problemas com a liberação de crédito e aguardam apreensivos o plano safra 2015/16 para planejar a próxima produção.
"Nós já temos informações que será pesado, nada parecido com o que tínhamos. E isso é uma pena, porque quem carrega o Brasil hoje é a agricultura e eles vão penalizar justamente quem produz. O governo precisa realizar ações que torne a agricultura brasileira competitiva no mercado interno e externo", conclui Sismeiro.
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