A disputa eleitoral vai ser entre um homem obstinado (Bolsonaro) e um ex-condenado (Lula)
Bolsonaro diz que Lula está rodando país negociando cargos e critica Barroso (Poder360)
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta 5ª feira (17.jun.2021) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, está “rodando o Brasil todo já negociando cargos”. Deu a declaração em transmissão ao vivo feita em suas contas nas redes sociais.
“Ele [Lula] está rodando o Brasil todo já negociando cargos. Teve um contato dele esses dias com um partido, já negociou um ministério e a Caixa Econômica para ter apoio na ocasião das eleições”, disse.
Na live, o presidente defendeu a adoção do voto impresso auditável e voltou a criticar o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Luís Roberto Barroso. Bolsonaro estava ao lado do líder do PSL na Câmara, deputado Vitor Hugo.
“Em caso contrário, teremos dúvidas nas eleições e podemos ter problema seríssimo no Brasil. Pode um lado ou outro não aceitar, criando convulsão no Brasil. Ou a preocupação dele [Barroso] é outra: voltar aquele presidiário para comandar o Brasil?”
Bolsonaro afirmou ainda que tem convicção de que há fraude nas eleições brasileiras. Disse que teve informações de que o então candidato Aécio Neves (PSDB) foi o vitorioso na disputa em 2014, que elegeu Dilma Rousseff (PT), e afirmou que foi eleito em 1º turno em 2018 e não em 2º, contra Fernando Haddad (PT).
Mais uma vez, o presidente não apresentou provas.
“Eu mais do que desconfio, eu tenho convicção de que realmente tem fraude. As informações que tivemos aqui, talvez a gente venha a disponibilizar um dia, é que em 2014 o Aécio ganhou eleições e que em 2018 eu ganhei em 1º turno”, declarou.
O presidente completou: “Se tiram o presidiário da cadeia, ato contínuo tornam elegível para não ser presidente? Eu não tenho preocupação nenhuma, não sei se vou concorrer às eleições ano que vem, a gente decide mais tarde. Agora não podemos ter eleições onde a desconfiança aparece”.
CRÍTICAS A MINISTROS
Bolsonaro criticou decisões tomadas pelo ministro Barroso e por Edson Fachin no STF. A ministra Rosa Weber também foi citada.
“É um escárnio o que o Barroso fez. Ele deu liminar para o PSOL, partido do Boulos, invasor de propriedade, garantindo durante a pandemia não haver reintegração de posse para quem por ventura invadiu terra no passado”.
E continuou: “Isso é típico de comunista, socialista, de quem não é pro-mercado, ditador, decisão do Barroso. Ele inclusive é contrário ao que defende a maioria da população brasileira nas pautas conservadoras”.
O chefe do Executivo criticou duas vezes a decisão de Fachin de suspender a realização de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante o período da pandemia.
“A gente aprendeu que decisões judiciais não se discutem, se cumprem, mas está complicado. Não queremos problemas no Brasil. Poucas pessoas acabam manchando instituição”.
ARMAS
O presidente citou a ministra Rosa Weber ao criticar decisões contrárias à ampliação do porte e da posse de armas.
“A Rosa Weber deu várias canetadas, não sei se ela tem segurança policial, deve ter policial federal com ela. Deveria não ter para dar exemplo”.
Bolsonaro comentava sobre o caso do foragido Lázaro Barbosa, suspeito de matar 4 pessoas no Distrito Federal e procurado há mais de uma semana por policiais, quando defendeu o chamado“excludente de ilicitude” e a legislação que amplia o acesso da população às armas.
“[Tem que] colocar em votação, vamos ver o que acontece. A esquerda vai pedir verificação, tentar obstruir, vota, vamos ver o que acontece. Temos que dar uma ordem unida da questão da insegurança no Brasil”, disse.
Especificamente sobre o caso Lázaro, declarou: “Tem um maníaco na região do DF e GO cometendo barbaridade, matando gente, estuprando. […] Esse elemento tentou entrar numa residência numa chácara e foi repelido porque o cara tinha um calibre 12 lá dentro. […] Quem não quer ter arma é só não comprar [..] Uma arma é sua defesa. Ou será que você não se garante? Arma protege a sua vida, sua família””
VOTO IMPRESSO
A proposta de voto impresso acumula derrotas desde a 1ª vez que foi sancionada, em 2002. Em 20 anos, as 3 leis que estabeleciam o voto impresso enfrentaram resistência e foram derrubadas. Desta vez, a medida é sugerida pelo presidente por meio de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF).
Segundo Bia, o texto deverá conseguir votos suficientes para ser aprovado até a 1ª quinzena de julho na Câmara dos Deputados.
Críticos afirmam que a medida colocaria em risco o sigilo do voto. Autoridades da Justiça Eleitoral, como o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, dizem que não há tempo hábil para a execução da mudança.O novo modelo também encontra resistência na população. De acordo com o PoderData, 46% são contra o comprovante impresso para auditar o voto digital.
Em resposta a uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo sobre os países que usam urna eletrônica sem comprovante do voto impresso, o TSE disse nesta 5ª feira (17.jun.2021) que o transporte e a armazenagem de 150 milhões de comprovantes impressos de votos traria um enorme risco de fraude para a eleição brasileira.
Segundo o levantamento da Folha, a maioria dos países que usa urnas eletrônicas adota máquinas que imprimem um comprovante em papel, enquanto o Brasil ainda utiliza os aparelhos puramente eletrônicos. Os Estados Unidos usam voto eletrônico sem registro impresso em menos de 5% das urnas. Na a Rússia, em 2018, foram 9%.
“Quem reclama, candidate-se”, diz Bolsonaro sobre PL da improbidade
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta 5ª feira (17.jun.2021) que o PL (projeto de lei) 10.887 de 2018, que afrouxa a lei de improbidade administrativa, deverá ser sancionado por ele para que se dê “um alívio nessa burocracia pesadíssima que os prefeitos têm que exercer”.
Deu a declaração em transmissão ao vivo feita em suas contas oficiais nas redes sociais.
“Quem reclama [do PL], se candidate a prefeito”, declarou.
Segundo Bolsonaro, muitos candidatos se elegem com “boa fé” e, depois que assumem a máquina pública, têm dificuldade para “mexer com a legislação”. O PL, disse, seria uma forma de “dar uma flexibilizada nisso aí”.
“Quase sempre, quase regra, prefeitos saem com vários processos de improbidade administrativa. O que visa o projeto é dar uma flexibilizada nisso aí, não é escancarar a porta para corrupção”, declarou o presidente.
E completou: “Não tomei conhecimento do projeto ainda, a gente espera, se for o caso, que o Senado aperfeiçoe, volte para a Câmara para a gente sancionar e dar um alívio nessa burocracia pesadíssima que os prefeitos têm que exercer”.
Em determinado momento da live, o líder do PSL na Câmara, deputado Vitor Hugo, defendeu o projeto e afirmou que os críticos ao PL querem desgastar o governo.
Bolsonaro perguntou ao deputado: “Quem votou contra, por acaso, é aquele pessoal de esquerda?”
Vitor Hugo respondeu: “Tem também um pessoal de esquerda, uma parcela”.
O texto-base foi aprovado na Câmara por 408 a 67, e uma abstenção. Agora, a proposta segue para o Senado. O PT, partido opositor a Bolsonaro, votou de forma unânime favorável ao projeto. A versão da proposta aprovada foi, inclusive, elaborada pelo relator Carlos Zarattini (PT-SP).
Leia a seguir como votou cada partido e cada deputado:
TRAMITAÇÃO DO PL DA IMPROBIDADE
A Câmara aprovou na 4ª feira (16.jun.2021) o PL. O texto atraiu críticas de setores da sociedade civil e até mesmo do autor do projeto, Roberto de Lucena (Podemos-SP).
Os apoiadores da proposta afirmam que a lei atual deixa os gestores públicos com medo de tomar decisões.
O projeto foi votado no plenário em regime de urgência declarado na 3ª feira (15.jun.2021). Graças a isso, não precisou ser votado na comissão especial que discutia o assunto.
REVOGAÇO E MOTOCIATA
Em sua live desta 5ª feira (17.jun.2021), Bolsonaro anunciou que o governo editará nesta 6ª feira (18.jun.2021) mais um “revogaço” na data em que sua gestão completa 900 dias.
“Amanhã completamos 900 dia de governo. Sempre nesse dia a gente faz um super-revogaço de decretos presidenciais. Vamos revogar amanhã mais de 350 decretos. Equivale ao todo 4.154 decretos revogados” , disse.
O chefe do Executivo também anunciou que foi convidado por um clube de motos de Chapecó (SC) para uma nova motociata. Confirmou presença.
“Vou me fazer presente […] inclusive Chapecó é a cidade do tratamento precoce, vamos lá prestigiar então o João Rodrigues [prefeito]”.
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