Socialismo avança na Bolívia, Argentina, e até no Chile. Brasileiros devem ficar vigilantes.

Publicado em 19/10/2020 16:01 e atualizado em 19/10/2020 17:22
Tempo & Dinheiro - De olho em Brasília, com Renato Dias

Socialistas da Bolívia selam vitória de retorno após ano tumultuado

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LA PAZ (Reuters) - Os socialistas da Bolívia praticamente selaram um retorno eleitoral dramático depois que o rival de centro Carlos Mesa reconheceu a derrota na segunda-feira, com várias contagens não oficiais dando ao partido do líder deposto Evo Morales uma vantagem inalcançável de 20 pontos percentuais.

A vitória, ainda a ser confirmada pela contagem oficial, levará o partido de Morales, de esquerda, de volta ao poder um ano depois de ele ter sido forçado a renunciar após uma eleição contestada que gerou protestos e violência generalizados.

O candidato do partido socialista MAS, Luis Arce, 57, obteve mais de 50% dos votos, mostraram contagens rápidas, com Mesa com cerca de 30%, uma diferença muito maior do que as pesquisas previram.

"O resultado da contagem rápida é muito forte e muito claro", disse Mesa em uma entrevista coletiva após o partido socialista ter alegado vitória nas primeiras horas da manhã.

“A diferença entre o primeiro candidato e o (nosso) partido Comunidad Ciudadana é grande e cabe a nós, aqueles de nós que acreditam na democracia, reconhecer que houve um vencedor nesta eleição.”

A equipe de Arce disse na segunda-feira que os resultados iniciais pareciam "difíceis de mudar", mas que o ex-ministro das Finanças durante os quase 14 anos de governo socialista de Morales só faria uma declaração quando os resultados oficiais estivessem completos.

Esse processo pode demorar vários dias. A contagem oficial na tarde de segunda-feira havia somado cerca de um quarto dos votos, mostrando Mesa ligeiramente à frente, mas com a ampla expectativa de que a situação vá revertendo gradualmente conforme mais votos forem contados de redutos do MAS.

O resultado é um duro golpe para os conservadores da Bolívia, que esperavam apresentar um novo modelo para o país depois de Morales, que buscou um quarto mandato sem precedentes no ano passado, apesar dos limites de mandatos, o que levou a protestos contra ele.

Arce, um aliado próximo de Morales, pode apresentar uma postura mais moderada e tecnocrática do que seu ex-chefe, que supervisionou o crescimento estável e elevou grupos indígenas, mas recebeu críticas por ter um lado autoritário e tentar manter o poder por muito tempo.

"Este pode ser o início de uma nova era para o partido MAS, substituindo Evo", disse Franklin Pareja, analista político.

A vitória também pode significar o retorno de Morales do exílio na Argentina, onde vive desde que fugiu do país após sua renúncia no ano passado, quando afirmou que havia ocorrido um golpe de direita contra ele.

Em entrevista coletiva na segunda-feira, Morales indicou que pretendia voltar à Bolívia, embora Arce tenha advertido que ele teria que lidar com investigações pendentes do Departamento de Justiça antes de retornar a um papel no governo.

Morales foi um dos líderes mais longevos da chamada "onda rosa" de governos de esquerda da América Latina, que recebeu aplausos por seu apoio aos grupos indígenas.

Arce, um economista que estudou na Universidade de Warwick, na Inglaterra, atraiu o apoio de esquerdistas de toda a região, incluindo México, Argentina, Cuba e Venezuela.

“Celebramos que um sério conflito foi resolvido por meios pacíficos e democráticos”, tuitou o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador.

EUA e Brasil precisam reduzir dependência de importações da China, diz Mike Pompeo

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BRASÍLIA/WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, alertou nesta segunda-feira que os Estados Unidos e o Brasil precisam diminuir sua dependência de importações da China para sua própria segurança agora que os dois países estão reforçando sua parceria comercial.

Em uma cúpula virtual sobre o aumento da cooperação EUA-Brasil visando a recuperação pós-pandemia, Pompeo sublinhou a importância de se ampliar os laços econômicos bilaterais dado o que classificou como os "riscos enormes" que decorrem da participação considerável da China em suas economias.

"Na medida em que podemos encontrar maneiras de aumentar o comércio entre nossos dois países, podemos... diminuir a dependência de cada uma de nossas duas nações de itens essenciais" saídos da China, disse.

"Cada um de nossos dois povos ficará mais seguro, e cada uma de nossas duas nações será muito mais próspera, seja daqui a dois, cinco ou 10 anos", acrescentou.

O governo Trump está trabalhando para fortalecer os laços com o Brasil e proporcionar um contrapeso à China, disposta a obter alguma vantagem no que vê como uma nova competição pelo "Grande Poder".

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, está inclinado a seguir o roteiro, mas se vê limitado pelo fato de a China ser a maior parceira comercial do Brasil, já que compra a maior parte de sua soja e de seu minério de ferro.

Bolsonaro ainda não decidiu se impedirá as empresas de telecomunicações brasileiras de comprar equipamentos de 5G da chinesa Huawei Technologies Co Ltd, como quer o governo norte-americano.

Na cúpula organizada pela Câmara de Comércio dos EUA, Bolsonaro anunciou três acordos com Washington para garantir boas práticas comerciais e deter a corrupção. Ele disse que o pacote reduzirá a burocracia e aprimorará o comércio e o investimento.

Bolsonaro destacou também o ótimo momento nas relações entre Brasil e Estados Unidos e reforçou mais uma vez o objetivo de fazer o país ingressar na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Pompeo, por sua vez, ressaltou que o Brasil está se aproximando mais de uma filiação à OCDE com apoio dos EUA. "Queremos que isto aconteça o mais rápido que pudermos".

O Banco de Exportação e Importação dos EUA apoiará projetos avaliados em 450 milhões de dólares no Brasil neste ano, e a Corporação Financeira dos EUA para Desenvolvimento Internacional tem planos envolvendo cerca de um bilhão de dólares em projetos no país, disse Pompeo.

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Fonte:
Notícias Agrícolas/Reuters

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