Farpas entre Merkel e Bolsonaro mostram que questões ambientais no Brasil ainda são usadas como barreira nas relações comerciais
Nesta quarta-feira (26), a Chanceler da Alemã, Angela Merkel, disse que gostaria de ter uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro a respeito do desmatamento no Brasil. No entanto, grande parte da imprensa destacou que a Chanceler observava com preocupação a atuação do presidente brasileiro em relação ao desmatamento.
Ao desembarcar no Japão para o encontro da cúpula das 20 maiores economias do mundo (G20), o presidente Jair Bolsonaro disse que a Alemanha tinha muito que aprender com o Brasil sobre as questões ambientais.
O Eng Agr, Ciro Siqueira, autor do blog Ambiente Inteiro, destaca que não interpretou as falas da Chanceler da Alemanha como uma critica ao governo Bolsonaro. “Merkel deu uma resposta a um grupo de parlamentares que a questionaram a respeito sobre o acordo comercial entre a União Europeia e o Brasil. Inclusive, a resposta dela foi contra o interesse dos parlamentares que defendem a questão ambiental lá”, afirma.
Com relação à postura do presidente Jair Bolsonaro, Siqueira ressalta que ficou surpreso com atitude dele que costuma ser mais comedida. “Em minha opinião, a postura dele foi muito razoável e salientou que era preciso filtrar as informações que a imprensa estava divulgando e que pretendia conversar com a Chanceler”, comenta.
Missão de Bolsonaro no G20 é atrair investimentos, dizem especialistas (no R7)
Garantir a entrada do Brasil na OCDE e tentar ampliar comércio com países da União Européia também são considerados pontos chaves no encontro
Bolsonaro logo ao desembarcar em Osaka, no Japão (Alan Santos / PR – 27.06.2019)
O presidente Jair Bolsonaro está no Japão para participar de uma reunião de cúpula do G20, entre eles os principais países de primeiro mundo, emergentes e de interesse econômico estratégico como o Brasil, México e Índia.
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Segundo analistas de relações internacionais e comércio exterior consultados pelo R7, Bolsonaro tem como principal missão no encontro, vender um Brasil propício para receber novos investimentos e ampliar as possibilidades comerciais com os países do grupo.
"Nessas reuniões, não se negocia nada. É um período tão curto, dois dias apenas, com vários países, vários líderes. O que ele pode trazer é uma melhoria da nossa imagem no exterior. Isso é importante e interessante, visto que somos carentes de investimento", diz Francisco Américo Cassano, professor de relações internacionais da universidade Mackenzie.
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"Ele tem que vender a esperança, que o pais vai ter uma menor presença do estado na economia e a retomada de movimento econômico, pois o Brasil é realmente um pais desejado" afirma Carlo Barbieri, economista e analista político do Oxford Group.
Da agenda de compromissos de Bolsonaro no Japão, vale destacar o encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron, e também a tentativa de garantir uma efetivação na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), onde já participa com apoio técnico e financeiro, mas que não faz parte oficialmente.
Sobre o encontro com o presidente norte-americano, Donald Trump, os especialistas não veem nada significativo para ser tratado sobre a relação entre Brasil e Estados Unidos, já que o republicano já teria manifestado apoio para a entrada brasileira na OCDE.
"A grande vantagem [da entrada na OCDE] é a facilidade de fazer investidores virem para o pais, pois com o Brasil entrando, estabelece uma confiança maior do investidor no mercado nacional", explica Barbieri.
"Já a França tem forte subsídio na agricultura, e o Brasil tem interesse nisso, podendo até ceder algumas coisas para que receba alguns benefícios", afirma Cassano.
Outros pontos crucial apontados por especialistas são a necessidade de melhorar a imagem do país, que foi desgastada com os recentes escândalos de corrupção, e a chance de Bolsonaro se posicionar e se apresentar aos líderes dos países que participam do encontro.
"Na realidade, o Bolsonaro é um desconhecido e ele vai se apresentar para os principais líderes internacionais. E essas pessoas vão conhecer o Bolsonaro e seus principais objetivos e vão poder avaliar melhor quem é o presidente do país", conclui Francisco Cassano.
3 comentários
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Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR
Já se disse que "o mundo é uma bola"... A partir dessa visão, a globalização é um jogo de empurrar a bola para um lado e outro.
A convivência entre povos de diferentes culturas e interesses vem demonstrando, através dos tempos, o quanto essa bola tem rolado em várias direções.... O Brasil é um país que tem conquistado várias posições de destaque ao longo dos tempos e o agronegócio é um quesito que ele tem mais se notabilizado no cenário mundial. Mas essa "tábua"-- que muitos estão querendo afundar -- é uma conquista que está consolidada, não tem como voltar atrás... E como diz um "senhorinho"... .... "E VAMOS EM FRENTE" ! ! ! ....João Luiz Campana de Moraes Marcelândia - MT
A Merkel precisa assistir ao vídeo da Embrapa sobre o cadastro ambiental brasileiro...
Mas é tão grande a barreira com Merkel, que o Brasil fechou o maior acordo da história entre a UE e o Mercosul!!!
Anderson Nunes de Carvalho Vieira Cuiabá - MT
Ou a Ângela Merkel é desinformada, é burra mesmo ou está usando de má fé. Querer criar barreiras ao agronegócio brasileiro por causa do uso de defensivo é piada né? Brasil em 44º e Alemanha em 47º no Ranking dos países que mais usam defensivos no mundo pela FAO....Sem falar que estamos atrás de diversos países da Europa. Isso é para fazer David Ricardo remexer na sepultura.
Notícias do próprio noticiasagricolas.com: https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/agronegocio/237899-ranking-da-fao-mostra-que-uso-de-defensivos-no-brasil-e-menor-que-em-diversos-paises-da-europa.html?utm_source=mailing&utm_medium=tarde#.XRUYguhKi01Até porque, qual seria a vantagem de exagerar em defensivos e fertilizantes se o custo aqui no BR é muito superior ao custo do mundo inteiro ?
Seria interessante ver o governo alemão estimulando suas multinacionais para diminuirem a produção de defensivos agrícolas!!. ou seja, não olham o próprio rabo... portanto, continua aquela bobagem "Preservação aqui, produção lá".. No fundi, é o que todos querem...
Americanos têm como parques nacionais somente áreas improdutivas. Europeus não têm florestas nativas consideráveis. ... E o Brasil é dos brasileiros e para os brasileiros. E nosso agronegócio é moderno, consciente e produtivo.
Danem-se os palpiteiros internacionais.
Ótima idéia, Luciano Vasconcelos, vamos propor fechar todas as multinacionais alemãs no Brasil, as de defensivos, de automóveis, de caminhões, todas poluentes segundo eles próprios.
Na verdade, o ambientalismo é uma das bandeiras dos comunistas para impor - de forma sorrateira - suas vontades politicas e vantagens comerciais. Acredito que nosso Presidente já se deu conta disso.
São coisas bem diferentes.... O agronegócio brasileiro é fantástico e chama a atenção do mundo ... e muito mais com a revelação do presidente da Embrapa, de que efetivamente preservamos.... Mas a floresta amazônica é nossa e são brasileiros que estão derrubando-a... Se somos uma potencia derrubando, imaginem preservando! ... Precisamos fazer negócio com a floresta em pé e isso exige consciência dos governantes..., quando eles não tem, nós precisamos agir ... e não ficar retrucando.
Se a questão ambiental tiver que ser associada à ideologia politica para ser levada a serio, aconselho aos senhores respirarem, beberem e comerem o que voces jogam na natureza..., o homem existe ha milhares de anos sem ter nunca precisado disto tudo. Atentem ´para evoluir para a agricultura sintropica que dá mais lucro e esta realmente mudando a agricultura do mundo... abraços.