Com condições favoráveis, produtores devem estar atentos ao aparecimento do enfezamento nas lavouras de milho

Publicado em 20/12/2016 10:10
Confira a entrevista de Elizabeth de Oliveira Sabato - Pesquisadora Embrapa Milho e Sorgo
Agente causal da doença é o mollicute, por sua vez, transmitido pela cigarrinha do milho. Sintomas aparecem nas lavouras após o estágio de florescimento. Folhas podem ficar avermelhadas e espigas com tamanho menor. Produtores devem adotar medidas preventivas como sincronização de plantio, eliminação de plantas voluntárias e investimento em cultivares com resistência à doença.

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Produtores devem eliminar plantas voluntárias, realizar a sincronização do plantio e investir em cultivares resistentes para evitar prejuízos com a mo

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A alta incidência do enfezamento nas lavouras de milho tem preocupado os produtores rurais e pode ocasionar perdas na produtividade. A doença é ocasionada por um microorganismo, que é o mollicute, que por sua vez, é transmitida às plantas pela cigarrinha, a Dalbulus maidis, presente nas lavouras do cereal. O enfezamento é conhecido desde a década de 1970, porém, tem ganhado visibilidade nos últimos dois anos diante dos prejuízos deixados nas plantações.

As cigarrinhas possuem cerca de 5 mm e pode apresentar variação de coloração, de branco, palha até uma cor acinzentada e só se alimenta de lavouras de milho, conforme destaca a pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Elizabeth de Oliveira Sabato.

Cigarrinha do milho. Imagem cedida pela Embrapa Milho e Sorgo

“Porém, nem todas as cigarrinhas são infectantes. A cigarrinha precisa se alimentar de uma planta de milho doente e adquirir o mollicute. O microorganismo se multiplica no inseto que, depois migra para uma planta jovem e a infecta. E tendo plantas adultas e jovens em áreas próximas favorecemos a multiplicação das cigarrinhas e do mollicute”, explica a pesquisadora.

O clima mais quente e com mais de uma safra de milho por ano também contribui para proliferação do mollicute.  “Em localidades onde as temperaturas noturnas superam os 17ºC e as diurnas acima de 27ºC, a doença é favorecida. No Oeste da Bahia, tivemos muitos problemas desde a safrinha passada, no sudoeste de Goiás, noroeste de Minas Gerais e algumas regiões de Mato Grosso do Sul também apresentam problemas”, sinaliza Elizabeth.

Sintomas nas lavouras

Diante desse cenário, os produtores devem estar atentos aos primeiros sintomas nas plantações, que começam a aparecer após o florescimento. “A doença pode prejudicar a sincronia na emissão do pendão e espigas, portanto, irá haver falhas na produção de grãos. As espigas podem ficar pequenas e com grãos chochos ou poucos grãos. Temos plantas com menos raízes e encurtamento de internódio e as folhas podem apresentar coloração avermelhada ou esbranquiçada”, afirma a pesquisadora.

Elizabeth ainda reforça que, as plantas secam de cima para baixo e ficam suscetíveis a ação de outros agentes que estão no solo, como os fungos. “Os danos nas lavouras são proporcionais à frequência de plantas doentes, que podem ser de 10% até 100%”, completa.

Dano em espigas de milho causado por enfezamento. Imagem cedida pela Embrapa Milho e Sorgo

Dano em espigas de milho causado por enfezamento. Imagem cedida pela Embrapa Milho e Sorgo

Medidas preventivas

Ainda na visão da pesquisadora uma das medidas mais importantes que podem ser adotadas pelos produtores é a eliminação de plantas voluntárias. “Elas preservam o agente causal da doença e também da cigarrinha e quando temos uma lavoura nova, o inseto migra da planta tiguera para essas outras plantações”, reforça.

A sincronização da época de plantio em determinada região também pode contribuir para a redução da doença. “Quando a doença está muito presente em uma área é importante realizar uma interrupção, um vazio sanitário localizado, mas não como o da soja. O milho ainda é cultivado em fundo de quintal para alimentar uma galinha, então não irá resolver a situação. Recomendamos uma interrupção de 30 a 60 dias nas localidades com maior incidência da doença. É preciso eliminar as plantas doentes para que as cigarrinhas não busquem o agente causal”, alerta Elizabeth.

O tratamento das sementes com inseticidas também é uma das orientações aos produtores rurais. “Quando uma cigarrinha infectada se alimenta dessa planta ela morre e não infecta uma segunda planta. Uma ou duas aplicações nos estágios inicias de desenvolvimento da cultura também pode ajudar, mas pulverizações sequenciais não são recomendas, pois não resolvem o problema e podem matar os inimigos naturais das cigarrinhas”, ressalta a pesquisadora.

Do mesmo modo, o investimento em materiais resistentes à doença também podem contribuir para o controle da doença.  

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Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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