No PR, safra de trigo registra quebra de 10% devido ao excesso de chuvas
A safra de trigo do Paraná já registra uma quebra de 10% nesta temporada devido ao excesso de chuvas registrado em julho. A produção deverá ficar ao redor de 3,6 milhões de toneladas, contra o recorde estimado incialmente, de 4 milhões de toneladas. Até o momento, cerca de 49% da área semeada já foi colhida.
O engenheiro agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural) do estado, Carlos Hugo Godinho, ressalta que as regiões norte e oeste foram as mais afetadas pelo clima adverso. “As chuvas dificultaram o controle de doenças que se alastraram e causaram perdas significativas na produtividade das plantações”, explica.
Os produtores não conseguiram fazer o controle das doenças, principalmente o brusone e giberela. No início da colheita, a produtividade das lavouras estava 50% abaixo do rendimento potencial. Consequentemente, os custos de produção também subiram, conforme diz o engenheiro agrônomo.
“É uma situação bastante grave para o produtor, em especial aos que plantaram primeiro. Porém, depois o rendimento foi melhorando nas lavouras seguintes. Mas a questão de lucratividade do agricultor ficou prejudicada, pois, além desse cenário, temos preços abaixo do mínimo fixado pelo Governo, de R$ 34,99 a saca”, afirma Godinho.
Atualmente, a saca de 60 kg é cotada entre R$ 33,50 a R$ 34,00 no estado e não cobre os custos de produção. O engenheiro agrônomo ainda chama a atenção para a qualidade do cereal, uma vez que nem todos os trigos estão com qualidade desejada, o que acaba deprimindo ainda mais as cotações.
“Temo uma situação muito delicada para esse produtor que terá que tirar da safra de verão esse prejuízo que obteve no inverno. Por outro lado, o histórico negativo também pode influenciar na decisão do produtor e na área que será destinada ao trigo no próximo ano. Podemos ver o milho ganhando área no norte e oeste do estado, já que a relação entre as duas culturas é vantajosa ao milho nesse momento”, diz Godinho.
Em relação à comercialização do trigo para essa temporada irá depender muito da situação e condição de cada produtor. “Temos um cenário que começa a favorecer a exportação de trigo de média qualidade frente à valorização do dólar, que torna o produto mais competitivo no mercado internacional. E o carregamento é complicado nesse momento de preços deprimidos, pois o trigo não é uma cultura de fácil liquidez e temos a armazenagem. Deveríamos ter uma intervenção do Governo no mercado, mas por enquanto, não temos nenhuma sinalização”, finaliza o engenheiro agrônomo.
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