Trigo: Falta de liquidez no Brasil neutraliza ganhos no mercado internacional e preços no Brasil estão sem referência
As altas registradas na Bolsa de Chicago (CBOT), após a divulgação do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no último dia 30, não impactaram diretamente na formação dos preços no Brasil.
Os futuros do trigo bateram acima dos US$ 10 bushel no dia 30, e agora operam por volta dos US$ 6 por bushel nos principais vencimentos. No entanto, segundo Marcelo De Baco, corretor de mercado da De Baco Corretora de Mercadorias, essas altas não foram refletidas no mercado interno, pois a demanda tem sido o grande limitador das cotações no físico.
"No Brasil, a realidade de preço é de redução de consumo, tanto da farinha, quanto macarrão e biscoito. Todos os setores de alimentos têm reclamado da diminuição no consumo", explica De Baco.
No início do ano os moinhos projetaram uma moagem muito próxima da registrada em 2014, porém o clima prejudicou a qualidade do trigo nacional e a saída das indústrias foi aumentar a porcentagem do grão importado. Com o cenário de moagem abaixo das expectativas, os estoques se dilataram e impedem os movimentos de alta acompanhando a CBOT.
Segundo o corretor, se houver melhora de qualidade na próxima safra, como em 2013, "provavelmente os moinhos vão dar preferência para comprar o trigo nacional, por conta do risco cambial", considera.
Além disso, De Baco afirma que a falta de infraestrutura logística também prejudica a composição dos preços no mercado interno, uma vez que os produtores de trigo precisam dividir espaço nas exportações com a safra de soja e milho. "Se tivemos uma condição de exportação constante, o excedente que pressiona o mercado - após a colheita de soja - seria absorvido pelo portos. O grande problema de liquidez está na dificuldade de distribuir a concentração da safra nos estados do sul e sudeste".
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