Com a soja perto de R$ 74/saca nos portos, produtores garantiram margem de lucratividade de 15 a 20%
Publicado em 20/03/2015 09:34
Grãos: Dólar forte frente ao real estimulou as vendas de soja e milho no Brasil nos últimos dias. Com a soja perto de R$ 74/saca nos portos, produtores garantiram margem de lucratividade de 15 a 20% e já têm quase 100% da safra comercializada. No milho, valores acima de R$ 30 para o segundo semestre remuneram bem, porém, será importante garantir a produtividade.
Mesmo com alguns momentos de pressão em Chicago a semana para o mercado de grãos foi positiva, ficando na faixa de R$ 72,50 a R$ 73,00 os portos.
"Houve um bom volume de negócios, e os produtores aproveitaram para fazer caixa, pagar suas dívidas, ou comprar insumos para a nova safra", ressalta Vlamir Brandalizze , analista de mercado.
Com o dólar no patamar de R$ 3,25 a compra dos insumos é realizada por meio de relações de troca. Brandalizze afirma que já foram registradas operações com a safra nova 2015/2016, e preços fixados a R$72,00 a R$74,50 no porto de Paranaguá.
"Tivemos também operação a vista e o produtor que vendeu a soja e aproveitou para comprar os insumos tem conseguido bons preços, pois ainda tem muito volume de adubo e posições que o pessoal tinha contratado para internalizar com o dólar mais barato", explica Brandalizze.
Outro fator importante é que alguns dos insumos utilizados estão em queda nas cotações em dólar no mercado internacional. "Aquele medo que se apontava da disparada dos preços dos insumos em função do dólar não deve ocorrer. A princípio teremos sim um avanço, mas como alguns insumos estão com queda nas cotações em dólar, parte desse ajuste é amenizado", completa Brandalizze.
Além disso, os produtores já garantem preços em torno de R$ 74,00 a R$ 74,50 para comercializações com a safra 2015/2016 no porto, garantindo uma margem de 15% a 20% de lucratividade para o próximo ano.
"Em alguns casos a relação de troca está mais vantajosa neste ano do que no ano passado", considera.
No caso da comercialização da safra atual, Brandalizze explica que nas regiões que tiveram condições climáticas favoráveis, a rentabilidade passou dos 15%. "Os produtores provavelmente vão usar parte dessa margem de lucro para adquirir insumos à vista nessas próximas semanas", completa.
Apesar deste cenário positivo os produtores ainda estão cautelosos com relação à economia e as políticas públicas do Brasil, uma vez que o dólar até os R$ 3,50 garante posições, mas avanços significativos podem prejudicar o planejamento do produtor, explica o analista.
"Uma disparada do dólar desestrutura toda a economia brasileira, então pode haver dificuldades com relação a investimentos, principalmente de alto custo”, ressalta.
No caso da demanda há grande pressão da China que comprou 37 milhões de toneladas dos Estados Unidos e agora pretende comprar mais 38 ou 40 milhões de toneladas na América do Sul. Somente no Brasil foram comercializados neste ano de 10 a 12 milhões de toneladas, e deve requerer mais 15 milhões toneladas.
"O mercado é comprador e os Chineses buscam situações de melhorar os níveis dos estoques locais, haja vista que se tornaram grandes importadores e dependem de safras normais em vários países”, explica Brandalizze.
Contudo, as alterações climáticas que tem se registrado em todo o mundo, prejudica a produtividade, e Brandalizze afirma que uma quebra significativa pode elevar consideravelmente os preços.
Segundo ele, 57% da safra 204/2015 já está comercializada.
Milho
Nesta quinta-feira (19), os preços do milho também tiveram alta de 5% no Porto de Paranaguá, atingindo patamares de R$ 30,50 por saca.
Segundo Brandalizze esses valores dão rentabilidade ao produtor, desde que a produção fique dentro das médias de cada região, como mais de 80 sacas por hectare no Mato Grosso.
"Em condições normais essa saca deve custar cerca de R$ 14,00 a R$ 15,00 para o produtor e neste valor de R$ 30 reais ele receberá perto de R$ 17 a R$ 18 reais nas regiões produtoras, garantindo margens de R$ 2,00 a R$ 3,00 por saca", exemplifica.
Além disso, mais de 12 milhões de toneladas do milho safrinha já estão comercializados para embarque a partir de agosto deste ano.
A expectativa a partir de agora é que o clima seja favorável durante o cultivo da safrinha, para garantir boa produtividade. Contudo, o analista afirma que depois do mês de abril as condições climáticas são incertas.
"Foi o plantio mais tardio de todos os tempos, então o risco é grande de lavouras sofrerem com o frio do sul, ou nos estados centrais com a estiagem", considera.
Além disso, a demanda continua firme, principalmente no mercado interno, favorecido pela cotação que garantiu bons preços considerando a desvalorização do real frente ao dólar.
"A demanda interna é maior do que a exportação. No mercado externo devemos chegar a 20 milhões de toneladas, e no mercado interno mais de 50 milhões de toneladas. Então, o comprador só pagará mais pelo milho se nos portos o preço for maior", explica Brandalizze.
Além disso, o Brasil tem adquirido bons volumes de ração para alimentação de animais, haja vista que o mercado de proteína animal tem crescido nos últimos anos. Ainda, o crescimento deste setor pode favorecer também o consumo interno da soja.
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Por:
Carla Mendes // Larissa Albuquerque
Fonte:
Notícias Agrícolas
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