Setor de rações ainda não sentiu impacto pela crise da Covid-19, mas próximo mês traz ameaças
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Demanda por Rações - Entrevista com Ariovaldo Zani - Vice-Presidente da Sindirações
DownloadO mês de maio pode ser de menor demanda por proteína animal, ao menos no mercado interno, e segundo o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani, isso pode afetar a demanda por rações. De acordo com ele, o setor ainda não sentiu os impactos da pandemia pelo coronavírus, mas o prolongamento do isolamento social e a perspectiva de queda na renda da população pode prejusicar o consumo de carnes.
Com a possível redução nos pedidos por ração no horizonte, ele explica que, por enquanto, a produção de rações continua no ritmo planejado antes da crise pela doença, mas que o setor já se prepara e está atento à possível queda na demanda.
"Cada negócio tem sua peculiaridade, é um setor bastante heterogênio, as empresas estão atentas aos estímulos da cadeia de proteína animal, garantindo seus negócios, fluxo de caixa para pagamento, recolhimento de impostos, negociando e conversando com as autoridades sobre alternativas".
Zani explica que este impacto ainda não foi sentido devido a uma necessidade de o atacado e as redes varejistas terem tido que recompor seus estoques, após uma corrida dos consumidores aos supermercados no início da quarentena para comprar alimentos.
"Agora a gente percebe que esse movimento esfriou, não vemos mais filas em supermercados, e percebemos até pelas quedas nos preços dos frangos e dos suínos pagos ao produtor", diz.
De acordo com ele, o produtor inclusive vem sofrendo efeitos nefastos da crise do coronavírus, enfrentando preços baixos pagos pelos frigoríficos e custos de produção altos.
A estimativa de Zani é que desde junho do ano passado o preço da ração para suínos e frango tenha aumentado em torno de 35%, computando a valorização do milho, farelo de soja e do dólar, que influencia também na compra de insumos como vitaminas e aminoácidos, que compõem a alimentação animal.
"Nos últimos 12 meses, o preço do frango vivo por quilo pago ao produtor desabou 20%, e de dezembro pra cá, o preço do suíno vivo caiu 25%. A alimentação representa a maior fatia nos custos de produção destes animais, então é um efeito nefasto", explica.
Detalhando o aumento no custo das rações, Zani afirma que comparado a abril do ano passado, o preço da tonelada do farelo de soja subiu 48%, e da saca de 60kg de milho subiu 62%, mas o valor deste último insumo começou a arrefecer.
Entre as razões para o início de um leve recuo no preço do milho estão as boas expectativas para a safrinha, a queda da demanda pelo milho para fabricação de etanol, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. "A soja também tende a cair, porque com os preços do petróleo despencando, o biodíesel perde a competitividade", explica.
LUZ NO FIM DO TÚNEL?
De acordo com Zani, uma possível "luz no fim do túnel" é a recuperação da China, que começa a dar bons sinais, com a divulgação nesta semana de recorde nas importações de carne no mês de março.
"Claro que isso traz uma ótima oportunidade de exportação da proteína animal brasileira, e será preciso que haja um esforço concentrado nas exportações do excedente que a gente possa vir a ter de frango e suinos por conta da queda da demanda por estes produtos no mercado doméstico".
Entretanto, ele afirma que ainda é cedo para saber se a China será, de fato, a solução para absorver este excedente, mas relembra que o gap por proteína animal no país asiático ainda é grande, sobretudo devido à Peste Suína Africana e gripe aviária.
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