Pesquisas com feijão podem ser comprometidas com extinção da Fepagro no RS
Juliano Garcia Bertoldo, pesquisador do Centro de Pesquisa Litoral Norte/Seap-RS, conta que a produção de feijão no Rio Grande do Sul vem tendo sua área perdida para a soja. Entretanto, houve um aumento na produtividade, passando de 690kg por hectare para 1400kg por hectare.
Porém, a demanda anual pelo feijão está aumentando em 2% ao ano, o que pode gerar um déficit de da leguminosa no estado e implicar em uma necessidade de importação.
O desafio da pesquisa é lançar variedades adaptadas para todas as condições, pensando em aliar pontos como a colheita mecanizada, a produtividade, que pode chegar até a 3500kg por hectare e a resistência à doenças, o que auxilia na diminuição dos custos com insumos.
Há linhagens promissoras que vêm sendo avaliadas, como conta Bertoldo, no tocante à seca e na nodulação. O centro de pesquisa encomendou germoplasmas do banco da Embrapa e realizou cruzamentos para desenvolver testes em algumas áreas do estado.
O futuro dessas pesquisas é incerto, uma vez que o atual governo do estado extinguiu a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Bertoldo aponta que há uma dúvida para saber se a pesquisa será ampliada. Foi criado um departamento para continuar a pesquisa, mas, com a extinção, foi perdido metade do quadro técnico e também a perda de bolsistas de iniciação científica que faziam parte dessas pesquisas. O centro de pesquisa também está impedido de captar recursos de agências de fomento como o CNPq e a Capes, ao mesmo tempo em que os pesquisadores mais antigos estão se aposentando e o quadro de profissionais pode ficar deficitário.
No momento, ele acredita que os produtores devem entender a importância dessas pesquisas e auxiliar a partir da utilização dos materiais, do acesso ao site e também solicitar a políticos, apontando a importância da Fepagro para essa pesquisa. Mas "a pesquisa não parou", salienta o pesquisador. Há linhagens prontas para lançamento em um a dois anos.
"A sociedade precisa entender a importância que a pesquisa tem - não só para a agricultura, mas para toda a sociedade", diz Bertoldo.
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