Clima: Novos estudos indicam que El Niño é semelhante ao de 1997/98 e pode reduzir em até 20% as chuvas no início de 2016 no Centro-Oeste
Com o avanço das temperaturas no Oceano Pacifico novos estudos de previsão de similaridade apontam que o El Niño neste ano é semelhante ao registrado nos anos de 1997/1998.
Tomando como base os estudos de similaridade, o pico de temperatura deve ocorrer nos meses de dezembro e janeiro, causando uma redução de 10% a 20% nas chuvas no Centro-Oeste e Sudeste entre janeiro a fevereiro/16.
"No inicio da evolução deste El Niño a expectativa era de que ele fosse semelhante ao de 1957/58, mas com o passar do tempo à medida que os dados de temperatura do Oceano Pacifico foram avançando, percebemos que há uma tendência maior deste El Niño ser similar ao de 1997/98", explica o climatologista Luiz Carlos Molion.
Com isso, os estados do Norte e Nordeste como Ceará, Pará, Maceió e Piauí devem presenciar uma redução severa de até 50% no volume de precipitações durante praticamente todo o verão. Regiões que são produtoras de soja e que iniciam o plantam a partir de janeiro, devem sofrer com a estiagem.
Já no Sul do país a previsão por similaridade indica um excesso de chuvas até dezembro, como vem ocorrendo no segundo semestre deste ano. O período de diminuição das precipitações deve ocorrer somente a partir de janeiro, mas não serão reduções significativas.
No Sudeste, estiagem pode ter início a partir de dezembro e se alongar até fevereiro de 2016, principalmente no sul de Minas Gerais e São Paulo.
"Os veranicos ocorrendo em janeiro e fevereiro, quando recebemos o máximo do fluxo solar, indica que as plantas sofreram com uma ausência da cobertura de nuvens e uma carga excessiva de radiação solar. Com isso, culturas perenes como frutas e café, terão quer ser irrigadas para não ter perda de produtividade", avalia Molion.
Os mapas mostram que as principais diferenças entre as previsões de similaridade dos El Niño de 1957/58 e 1997/98, foi uma redução na intensidade do veranico na costa norte, além de um maior volume de chuvas na região Sul, ao contrário do que ocorreu em 1957.
Confira os mapas de previsão de similaridade de dezembro a julho/16:
Vídeo do NOAA mostra que El Niño deste ano pode ser pior que o de 1997; cafeicultura terá reflexos
Por Jhonatas Simião
Em março, os satélites da Nasa detectarem um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, indicando a ocorrência de El Niño neste ano, que altera o clima em várias partes do mundo. Inicialmente, os meteorologistas acreditavam que o evento não representava grandes riscos, mas logo percebeu-se que o El Niño de 2015 pode ser tão forte quanto o maior já registrado, em 1997, ou até pior. É o que mostra um vídeo elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos (NCAR), com base nos dados mais recentes do NOAA (Administração Atmosférica e Oceânica Nacional dos EUA).
A animação realizada Matt Rehme mostra claramente o aquecimento das águas do Pacífico nos dois anos, conforme o vídeo abaixo. "Fiquei chocado o quão parecidos visualmente são os fenômenos de 1997 e 2015", disse Rehme em entrevista ao site internacional Daily Mail.
No vídeo, quanto mais vermelho ou amarelo, mais quente estava o mar naquele dia. Em alguns momentos, as imagens de 1997 e 2015 são praticamente idênticas. Em outros, percebe-se claramente que neste ano há áreas maiores aquecidas.
Sabe-se que o El Niño traz reflexos para o clima em todo o mundo, mas mesmo os especialistas não conseguem precisar a intensidade do evento. "Não estamos completamente certos ainda de que será um fenômeno forte, mas os sinais estão indicando isso. Saberemos até outubro", disse o climatologista Bill Patzert da Nasa, em nota.
Segundo o climatologista Luiz Carlos Molion, no Brasil, os estados do Norte e Nordeste como Ceará, Pará, Maceió e Piauí devem presenciar uma redução severa de até 50% no volume de precipitações na estação.
Já no Sul do país pode haver um excesso de chuvas até dezembro, como vem ocorrendo no segundo semestre deste ano. O período de diminuição das precipitações deve ocorrer somente a partir de janeiro, mas não serão reduções significativas.
E no Sudeste, a estiagem pode ter início a partir de dezembro e permanecer até fevereiro de 2016, principalmente no sul de Minas Gerais e São Paulo, que são importantes áreas produtoras de café do Brasil, e que enfrentaram fortes secas em 2014 e início deste ano. Com isso, a produção do País tem caído forte nos últimos anos.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a colheita de café do Brasil da safra 2015/16 seja de 42,15 milhões de sacas de 60 kg. O número, em período de baixa bienalidade da cultura, representa redução de 7% em relação à produção de 45,34 milhões de sacas obtidas em 2014.
Reflexos para a cafeicultura de outros países
Recentemente, conforme reportado pelo Notícias Agrícolas, o El Niño de 2015 deve levar chuvas torrenciais à partes do leste da África, o que resultaria em 'graves' inundações em partes do Quênia, Uganda, Tanzânia, Ruanda e Burundi, e fatalmente resultaria em perdas na produção de café.
De acordo com informações reportadas pelo site Agrimoney, o fenômeno também pode interferir na produção de café da Indonésia, terceiro maior produtor global de café robusta, no Sudeste Asiático.
Confira as entrevistas mais recentes realizadas pelo NA com o climatologista Luiz Carlos Molion sobre El Niño:
» El Niño é similar ao de 1957/58 e deve ocasionar redução de chuvas para a região Centro-Oeste
Produtores de soja do Matopiba se preparam para safra impactada por El Niño
Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - Produtores de soja da região conhecida como Matopiba --formada por novas áreas agricolas do Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia-- começam a plantar nas próximas semanas a nova safra de soja de olho nos efeitos do fenômeno climático El Niño, que pode afetar duramente as produtividades, marcando a quinta temporada consecutiva com algum tipo de prejuízo por falta de chuvas.
Juntos, os quatro Estados, três deles do Nordeste brasileiro, representaram 11 por cento da safra nacional de soja em 2014/15.
A previsão do tempo indica que as primeiras chuvas estáveis, que permitem o plantio, deverão atrasar para meados de novembro, ante um início habitual em meados de outubro. Os modelos apontam boas chuvas em dezembro e uma escassez de precipitações depois disso, em janeiro, fevereiro e março.
"Nesta temporada, a chuva vai terminar mais cedo (no Matopiba). O produtor vai plantar, vai investir, mas pode ter problemas", disse a meteorologista Desirée Brandt, da Somar Meteorologia.
Segundo ela, o El Niño --que ocorre com força este ano-- afetará a zona de convergência intertropical, uma faixa de nuvens que habitualmente provoca chuvas no litoral do Nordeste nos primeiros meses do ano.
"Esse sistema, em alguns anos, avança mais e a chuva chega até o sul do Maranhão, ao Piauí, Tocantins e até o oeste da Bahia. Quando tem El Niño, esse sistema fica mais fraco", afirmou a meteorologista.
O oeste da Bahia, principal região produtora de soja do Matopiba, teve a última safra sem adversidades climáticas em 2010/11. Depois disso, todos os anos houve episódios de "veranicos", que é como os produtores chamam períodos prolongados de seca, de cerca de 20 dias ou mais, que podem afetar produtividades.
"Claro que a previsão é motivo de apreensão, mas os produtores aqui têm mais de 20 anos de experiência, já sabem como lidar com a falta de chuvas", disse o diretor de projetos e pesquisa da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Ernani Sabai.
Segundo ele, mesmo as piores produtividades já registradas em uma temporada com veranico forte, que foi o caso de 2012/13 (com 35 sacas por hectare em média na Bahia, segundo a Conab), seriam suficientes para pagar os custos de produção.
A meteorologista da Somar alerta, no entanto, que o problema da temporada 2015/16 "não é uma questão de veranico", mas sim de encerramento antecipado das chuvas, o que pode tornar esta a pior das últimas cinco safras no Nordeste em termos de clima.
Estimulados por preços ainda competitivos para a soja, os produtores do Matopiba dão mostras de que o clima não será motivo para frear a expansão do plantio de soja na região.
A consultoria INTL FCStone projetou na quarta-feira que a área plantada nos quatro Estados combinados irá subir 8,5 por cento em 2015/16, bem acima da média nacional de 4,3 por cento de crescimento.
Segundo a consultoria Impar, que presta assistência agronômica para produtores de grãos do Matopiba, a nova temporada exigirá ainda mais eficiência no manejo das lavouras, a começar pela segurança no plantio, plantando apenas com a chegada de chuvas regulares.
"É um ano em que não se pode admitir perder um plantio", disse o diretor da Impar, Rafael Abe, lembrando os maiores custos com insumos precificados em dólar.
Na avaliação de Abe, haverá uma moderação no uso de fertilizantes, com produtores aproveitando os estoques de nutrientes depositados no solo em safras passadas.
Mesmo assim, técnicas avançadas de manejo de solo adquiridas ao longo dos últimos anos e a escolha de sementes mais resistentes à seca deverão dar alento aos produtores nos momentos de escassez de chuvas, afirmou Abe.
1 comentário
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Vilson Ambrozi Chapadinha - MA
O el niño aconteceu em 97. Em janeiro de 98 os da regiao 130E-80w,160E-80w e 180W-100W já estavam com temperaturas negativas. Porém com consequencias na atmosfera ate mais adiante. Aqui no Maranhao tivemos um veranico em fev. e em março voltou a chover. Na época a cultura da soja ja existia na regiao e nao sentiu os efeitos.