Boi em alta com melhora do consumo interno e postura retraída do pecuarista. Volta da China trará nova dinâmica às negociações
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Entrevista com Hyberville Neto - Analista da Scot Consultoria sobre o Mercado do boi gordo
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Depois de presenciar cotações pressionadas, o mercado do boi deve ter um momento de reação nos preços este mês. Segundo a Scot Consultoria, das 32 praças produtoras analisadas, 20 registraram alta na arroba nesta terça-feira (04). De acordo com o analista de mercado da empresa, Hyberville Neto, apesar da aparência de recuperação sazonal, a movimentação deve ser de estabilidade ou até de reforço nos preços, devido à melhora na demanda interna, retenção de matrizes e menor oferta de produto para entrar no mercado. O que pode gerar um diferencial neste cenário é o mercado externo, a depender do apetite de importação da China, que passa por grave situação sanitária.
Segundo Neto, fevereiro vem trazendo uma demanda maior principalmente no mercado doméstico, com a melhora na economia e a animação do consumidor com a entrada dos salários. "A movimentação no varejo aidna não aconteceu, mas no atacado, sim, em antecipação à esta demanda", explica.
O analista afirma também que há uma retenção das boiadas por parte dos pecuaristas, esperando um momento melhor de venda, enquanto ainda há pastagens, e que os frigoríficos, justamente por causa dessa expectativa de maior demanda, não podem se dar ao luxo de entrar em queda de braço com o produtor.
"As exportações tiveram bons volumes em janeiro, mas agora ficam as dúvidas em como o mercado externo vai ficar devido ao problema sanitário da China. Embora haja alguma expectativa de reposição de estoques em algum momento, e ponderação sobre o crescimento da economia chinesa em médio prazo, há sinalização de que o governo chinês não vai brincar no momento em que a situação precisar ser equilibrada", disse.
Além da dúvida de qual será a avidez da China em importar carne bovina, a questão é quando isso deve acontecer, já que há dificuldade na mobilidade de mercadorias justamente pela questão sanitária.
Há também a preocupação que estes surtos de PSA, coronavírus e gripe aviária possam atrapalhar o crescimento da economia chinesa, e isso deve afetar o poder aquisitivo da população, impactando a demanda por proteína animal.
Neto dá a dica para que o produtor faça a trava de preços mínimos em negociações futuras, aproveite uma possível alta, e fique aberto às possibilidades, ainda mais se ele depender de reposição.
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