Preços do bezerro acompanham queda da arroba do boi gordo e também recuam no Brasil
O diretor da Associação Sul Mato-Grossense dos Produtores de Novilho Precoce, Antônio João de Almeida, disse, em entrevista ao Notícias Agrícolas, que a baixa do consumo de carne bovina, consequência da crise econômica, afetou toda a cadeia e o "preço da arroba do boi está empacada, com frigorífico pagando cada vez menos e segurando preço". Para ele, também "não existe perspectiva a curto prazo de [a situação] melhorar".
O estado do Mato Grosso do Sul, que é tradicionalmente fornecedor de animais a pasto, enfrenta também problemas no custo de produção, já que, de forma geral, os insumos aumentaram seus preços e, agora, os produtores "estão segurando e freando para passar a crise", o que vem afetando os negócios.
O bom volume de chuvas traz uma melhora para o pasto, mas o mercado não reage na hora da venda. "Não adianta ter boi gordo se os preços estão piores do que no ano passado", destaca o diretor. Atualmente, o preço da arroba do boi está em R$135, enquanto, no mesmo período do ano passado, o preço era de R$150/@. Logo, as margens dos produtores se tornam bastante estreitas.
Quem comprou bezerro anteriormente e está vendendo no preço atual também encontra prejuízo no momento, de acordo com o diretor. O custo da matéria prima, que é a recria, baixou de R$1500 para R$1000, mas como o custo já está formado com o bezerro caro e "não tem como sair dele", os produtores têm de vender no preço que o mercado está pagando. "Fora isso, os frigoríficos estão pressionando para pagar a prazo", conta Almeida, o que ele não aconselha os produtores a fazerem por conta dos riscos.
As exportações, que sempre foram responsáveis por manter 20% dos preços, também não subiram. Em conjunto com o preço interno, que caiu, haverá uma oferta maior de boi que não irá refletir em um aumento do preço da arroba. Com isso, os produtores se veem também obrigados a reduzir custos operacionais para manter essa situação e sobreviver.
Associação Sul Mato-Grossense dos Produtores de Novilho Precoce
A associação trabalha com um produto diferenciado, que é o novilho precoce, com parcerias na hora de vender o animal. São 350 produtores que abateram 175 mil cabeças no ano passado.
Parcerias com supermercados, como o Walmart e o Carrefour, estão presentes na associação, assim como com frigoríficos, como o JBS. A associação garante a qualidade da carne do animal, que deve ter até 2 anos e meio e também em relação à classificação da gordura da carcaça, que deve ser de 2 a 4mm. Os produtores que entregam o produto como o requisitado recebem uma bonificação, "o que vem a ajudar nesses tempos de crise", como é detalhado.
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Mariana Martins Rondon - PR
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