Frigoríficos já pagam até R$147,00 pela arroba do boi gordo em São Paulo, mesmo diante de uma rentabilidade comprometida. Mas oferta de animais tende a melhorar a partir de final de abril início de maio
O mercado do boi gordo está pouco movimentado na maioria das regiões, com preço de referência a R$ 146,00/@ à vista em São Paulo, mas com registro de comercializações acima desse patamar em R$ 147,00 a arroba.
Hyberville Neto, consultor da Scot Consultoria, conta que esses preços ofertados acima da referência são causas das escalas custas, já que "nós temos no Brasil diversas indústrias em férias coletiva, abatendo menos, pulando dias de abate, o que mostra bem a falta de oferta", explica.
A expectativa para os próximos meses é um aumento na oferta, devido à desova de final de safra com o inicio da seca. Contudo no curto prazo, o mercado deve continuar firme.
"Mas isso deve ser corrigido a médio prazo. Não sabemos exatamente para onde, se a carne vai conseguir um repasse no começo do mês ou o boi travando não subindo mais, até chegar um ponto que o mercado vai fazer esse ajuste de um lado ou do outro", considera Neto.
O cenário reduz a rentabilidade da indústria que trabalham com margem de comercialização de 9,9% - sem desossa - se compararmos o preço pago pelo boi frente a todos os produtos de abate e, 13% na indústria com desossa. "Historicamente essa margem varia de 15 a 17% sem desossa, e 20% com a desossa", explica Neto.
Ainda assim, os frigoríficos não conseguem repassar a alta da matéria prima ao preço da carne. Não há expectativa de mudança significativa no mercado da carne em curto prazo.
Com isso a demanda, segundo Neto, será a grande dúvida do mercado neste ano.
Exportações
A esperança de melhora no mercado do boi era justamente a exportação, que com a valorização do dólar deixou o produto brasileiro competitivo no mercado internacional. No entanto, a Rússia restringiu temporariamente as importações de carne suína e bovina de pelo menos oito empresas brasileiras.
No primeiro bimestre do ano já foi registrado queda de mais de 30% no volume de exportação se comparado ao ano passado. "O parque industrial brasileiro é grande e diversas plantas são aptas a exportar, então isso em uma situação normal não seria tão grava, mas na situação atual é mais um fator de desestímulo as embarques", considera Neto.
A busca de novos mercados "é lenta e gradativa", e muitos mercados que já foram conquistados perderam seu poder de compra com a queda no preço do barril de petróleo, como a Rússia, afirma Neto.