Brasil precisa de lideranças comprometidas com uma visão de futuro para continuar a crescer
Nesta semana, a discussão do Conexão Campo Cidade abordou a necessidade de crescimento do Brasil. Mas, para isso, é preciso que as lideranças estejam focadas em realizar investimentos a longo prazo. Tejon apontou para o exemplo da China, que dedicou 40% de seu crescimento a investimentos ambientais, sugerindo que o Brasil poderia seguir um caminho similar, especialmente com a Amazônia servindo como uma "bateria do planeta Terra".
Marcelo Prado criticou a atual tendência de politização excessiva e a falta de foco em gestão, argumentando que o país precisa selecionar líderes competentes, independentemente de suas afiliações partidárias, para ocupar cargos estratégicos. Ele citou o exemplo de Uberlândia, onde investimentos em infraestrutura estão preparando a cidade para o futuro, como um modelo a ser seguido.
De acordo com Antônio da Luz, existe uma distinção entre o PIB real e o PIB potencial. Ele argumentou que o Brasil precisa de investimentos substanciais em infraestrutura para atender às demandas atuais e futuras, o que poderia levar a um crescimento econômico sustentável de 5 a 6% ao ano. Ele destacou a necessidade de liderança visionária e projetos estratégicos para alcançar esse objetivo.
Segundo os participantes, para o Brasil alcançar um crescimento econômico comparável ao da China, é essencial focar em gestão eficiente e investimentos em infraestrutura e sustentabilidade. A discussão reforçou a ideia de que a cooperação e a competência, acima da politização, são fundamentais para o desenvolvimento do país.
Utilização Sustentável da Amazônia para Impulsionar a Economia Brasileira
Durante o programa, Rodrigues destacou a possibilidade de transformar áreas já desmatadas da Amazônia em grandes produtores de energia renovável, como etanol e biodiesel, sem a necessidade de derrubar mais árvores, utilizando culturas como soja, milho e palma.
“A Amazônia Legal é quase metade do território brasileiro. A Amazônia Legal não é o bioma, é a Amazônia Legal. E boa parte da Amazônia Legal, sobretudo nos arredores do bioma, já tem muito milho, tem muita soja. Milho pode fazer álcool de milho, pode fazer biodiesel também”, afirmou Rodrigues.
Ainda conforme ele afirmou, o Ministério da Agricultura está com um programa de reflorestar, ou de recuperar, 40 milhões de hectares de cerrado degradado. Boa parte desse total está dentro da Amazônia Legal, onde já existe também o conhecimento técnico adequado para produção agrícolas.
“A ideia que eu propunha é a seguinte: vamos pegar a Amazônia, não vamos desmatar mais nenhuma árvore, nenhuma árvore. Mas na área que está desmatada, vamos plantar essa energia, soja, milho, fazer diesel e etanol, e ao mesmo tempo ter um subproduto, que é o DDG, para cuidar de uma pecuária adequada e reflorestar com óleo de palma”, completou.
Proteção da Amazônia é fundamental para a imagem do Brasil
Tejon enfatizou a importância de melhorar a imagem da Amazônia e, por extensão, do Brasil no cenário internacional, propondo um plano de ação focado e livre de ideologias políticas para promover o crescimento econômico sustentável. A ideia é que, ao invés de dispersar esforços, o país deve se concentrar em iniciativas concretas que possam proteger e ao mesmo tempo explorar economicamente a região de forma responsável.
Antônio da Luz acrescentou que a exploração agropecuária sustentável nas áreas que margeiam a floresta pode oferecer não apenas proteção ao bioma, mas também propriedade e incentivo para os produtores locais protegerem a região. Isso criaria uma barreira natural contra a exploração ilegal e promoveria a conservação ambiental.
Roberto Rodrigues reiterou que tais iniciativas não apenas protegeriam a Amazônia, mas também gerariam emprego, riqueza e renda, contribuindo significativamente para a economia brasileira. Marcelo Prado complementou a discussão, apontando para o valor agregado que produtos nativos da Amazônia, como cacau e açaí, podem trazer, gerando emprego e renda para pequenos produtores através da produção de alimentos especiais e produtos de beleza. Para ele é necessária uma abordagem inovadora e sustentável para o desenvolvimento econômico da Amazônia, que beneficie tanto o meio ambiente quanto a população local.
Mobilização no setor leiteiro brasileiro destaca busca por soluções justas
Roberto Rodrigues afirmou ter ficado impressionado na semana passada com o evento liderado pela Faeemg, que levou 7 mil produtores de leite em Belo Horizonte em protesto, os quais “vigorosos e firmes puseram a faca no pescoço do governo”, descreveu o ex-ministro.
De acordo com Rodrigues, a situação para os produtores de leite do Brasil está um desastre. “Esse ano importaram mais leite argentino do que ano passado ainda. Mais ainda! Não só não reduziu, como aumentou a importação de leite subsidiado lá fora”, desatacou.
Esse protesto, segundo ele, demonstrou uma união da classe rural por um tema central. “Não é possível a gente aguentar esse negócio a vida inteira”. Após a manifestação, o governador meneiro, Romeu Zema, retirou a proteção tributária para as empresas que importassem leite da Argentina e do Uruguai.
“É uma ação concreta de governo e positiva. O que falta é isso. Falta uma mobilização vigorosa que exija ação de governo. E a democracia é isso. Democracia é pressão em nome da defesa do setor”, completou Roberto Rodrigues.
Sobre esse tema, José Luiz Tejon afirmou que os CEOs das grandes empresas precisam colocar em prática sua preocupação com o ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa), com relação a um olhar de responsabilidade social.
Entretanto, Marcelo Prado declarou que quando essa empresa é mais barato comprar da Argentina e do Uruguai, eles compram e não pensar na questão social. Então Tejon prostestou: “Não pode ser. Não, não, Marcelo, esse é o pensamento antigo. Você tem que ter um compromisso com o seu cliente. Você tem que ter compromisso com a sua base social. O mundo mudou, não é mais o raciocínio de antes”.
Antônio da Luz, por sua vez, afirmou que não acredito que privilegiar este produtor ou aquele seja um bom caminho. Porque esse foi exatamente o caminho que a Europa e hoje enfrenta problemas por isso. De acordo com ele, esse não é um caminho. Mas, por outro lado, o que está acontecendo em Minas Gerais não é uma proteção, é um equilíbrio o peso e o contrapeso.
“A Argentina fez operações que são subsídios. Subsídios para a saída do produto argentino da Argentina. Então, esse leite chega subsidiado. E aí ele vai concorrer no nosso mercado absolutamente desleal. Então, no meu país eu não tenho subsídio e vou ter que concorrer com um produto subsidiado no meu país? Isso é a mesma coisa que eu aceitar uma Olimpíada no meu país, eu treino quatro anos, me preparo para ela, e aí o cara me vence porque está anabolizado. Isso não é justo”, explicou o economista.
“Então, já que o presidente da República não travou a entrada desses produtos, como manda o regramento do Mercosul, como permite o regramento do Mercosul, por questões eleitorais da Argentina, nós já discutimos isso aqui no passado, agora os governadores começam a tomar pé desse ponto. E o governador Zema já anunciou que vai taxar o produto importado, não é para proteger os seus, é para devolver uma capacidade de competição justa de mercado”, frisou Antônio da Luz.
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