Qualidade da soja do Brasil não é problema generalizado; atenção às sementes para a próxima safra
A safra 2023/24 de soja foi bastante atribulada, irregular, sofrendo com muitas adversidades climáticas e difícil de ser projetada, assim, a qualidade dos grãos que começam a chegar agora ao mercado começa a ser avaliada e também mostra certa diversidade, como explica o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, em entrevista ao Bom Dia Agronegócio desta terça-feira (27).
"Em Mato Grosso, a colheita está chegando ao final - já que é o primeiro que planta - e não temos tido muitas reclamações sobre qualidade, porque não está chovendo muito. O pessoal está conseguindo colher sem muitos atrapalhos. Evidente que com a seca a soja sofreu, ela tem alguns problemas e estammos preocupados, inclusive, com a qualidade das sementes. Porque às vezes a planta morre, o grão fica menor ou enrrugado ou verde. O grão esverdeado é um fator de desconto, já o menor ou enrrugado não. Mas, o grande problema no Mato Grosso sempre foi o grão ardido e esse ano não temos tido muitos relatos de grãos ardidos", detalha.
Arioli explica também que há outros estados com mais relatos de grãos esverdeados, como é o caso do Paraná, por exemplo, refletindo também todas as irregularidades que marcaram o desenvolvimento das lavouras. "Como as chuvas foram localizadas, os problemas de grãos avariados também são", afirma o especialista.
O presidente da comissão da CNA falou ainda sobre a dificuldade na comercialização diante de preços tão pressionados e a falta de remuneração, afirmando também que os pleitos da instituição junto das federações para que sugestões fossem feitas ao governo de apoio ao produtor.
"Algumas prorrograções de produtor que está colhendo agora, não precisar vender, o preço está ruim, se ele pode adiar a venda. A primeira providência é poder pagar as contas no banco com o crédito oficial mais a frente, daqui seis meses; pedimos dinheiro novo também porque o produtor precisa se planejar e ele sai da crise plantando; um preço mínimo do milho mais remunerador. E essas medidas nós achamos que já deveriam ter sido tomadas. Sabemos que o Ministério da Agricultura não tem a chave do cofre e essas decisões que dependem de dinheiro levam um pouco mais de tempo".
BIOCOMBUSTÍVEIS
Nesta quinta-feira (27), a Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA se reúne com representantes das federações para tratar do biodiesel e das perspectivas do mercado. A partir do próximo mês já passa a valer o B14, ou seja, a mistura de 14% de óleo de soja na formulação do biodiesel.
"Temos ainda dúvidas. Se não houver uma sinalização, as indústrias vão fazer os investimentos? As indústrias brasileiras estão preparadas para o B20, já poderíamos ter uma demanda maior interna".
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