Produtor rural precisa conter aumento excessivo de área plantada e diversificação de cultura é uma solução
Na discussão do Conexão Campo Cidade desta semana, os especialistas destacaram que o aumento da área plantada de soja no Brasil está resultando em uma redução de preços para o produtor rural. Entretanto, para a atividade agrícola, utilizar a área é importante para alcançar melhores níveis de rentabilidade. Por esse motivo, a diversificação de cultura é uma opção interessante para agropecuarista brasileiro.
Aumento de área plantada de soja nos Estados Unidos
Marcelo Prado destacou que para a safra 24/24, o USDA estimou um aumento na intenção de plantio de soja e redução na de milho nos Estados Unidos. O economista Antônio da Luz avaliou que esse dado é muito ruim para os preços da oleaginosa. Soma-se a isso a questão do relatório da safra brasileira divulgado pelo departamento americano, que manteve a previsão de 156 milhões de toneladas, reduzida até mesmo pela Conab para 149 milhões de toneladas.
De acordo com o economista, o aumento da intenção de plantio de soja preocupa, porque os Estados Unidos colheram mal na safra anterior e mesmo assim os preços caíram este ano. Caso a produção da próxima safra seja dentro da normalidade, com uma área maior, os preços terão uma pressão negativa ainda maior no final do ano.
Paulo Herrmann, convidado da edição, destacou que se configurar essa previsão, o preço da soja não vai melhorar. E ele ressaltou que um dos problemas são as previsões de safra que começaram com números bastante elevados vão sendo revisadas para baixo constante. “É uma vergonha essa questão de estimativas, porque bate direto nos preços para o agricultor”, afirmou. Para Herrmann, ou se cria um instituto de pesquisa decente ou para de fazer essas projeções.
Área plantada precisa estar equilibrada para ter preços rentáveis
Durante o debata, o espectador João Pedro Biagi questionou se os produtores brasileiros devem optar por uma redução de área plantada para conseguir preços melhores. Segundo Marcelo Prado, isso é uma questão que precisa começar a ser analisada pelas confederações, pelas federações, pelos sindicatos, pelos agricultores, porque tudo funciona na lei da oferta e procura.
“Se estamos crescendo em eficiência de produtividade e em área plantada, precisamos mensurar também o crescimento da demanda. Senão nós mesmos estamos construindo a perda de rentabilidade nossa. Se estamos inundando o mercado com uma super oferta de uma determinada commodity, nós mesmos somos os causadores da queda dos preços”, afirmou.
De acordo com Antônio da Luz, o Brasil não deve abandonar a ideia de plantar duas ou três safras por temporada. Como ele explicou, a atividade agropecuária é intensa em capital e esse tipo de negócio tem custos fixos muito elevados, por isso, é melhor contar com mais colheitas ao logo do ano.
“Quando você pega o seu custo fixo e dá só para a soja pagar, a soja vai ter um custo mais elevado. Agora, quando você rateia os custos fixos com uma lavoura de milho na safrinha ou quem sabe ainda mais outra, você vai diminuindo o custo fixo. Vai ficando todas lavouras mais baratas. Produzir duas vezes, três vezes, eu acho que é um caminho que nós não podemos voltar para trás”, comentou o economista.
Entretanto, ele acredita que o país deve moderar a área plantada. O aumento de 1 milhão de hectares de área plantada de soja é um número muito alto de um ano para o outro. Isso pressiona os preços da commodity. “Nós temos obrigação de uma estratégia de comercialização que atenda os interesses dos produtores brasileiros e nem sempre ampliando a área plantada, sem uma correta avaliação de como vamos escoar essa produção, onde vamos armazenar e para quem vamos vender me parece que não é um bom caminho. Moderar o crescimento de área é uma necessidade neste momento”, avaliou.
Segundo Paulo Herrmann, a possibilidade de fazer mais de uma safra por ano é uma grande vantagem brasileira. Como ele ressaltou, nenhum país no mundo consegue fazer duas, três safras e ter diversidade de produção. Para ele é uma virtude que o agricultor brasileiro não devemos abrir mão. “Estive em Cristalina, por lá estão fazendo cinco culturas, cinco safras em dois anos. É impressionante”, contou.
“Minha vida toda vi produtores que plantam mais algodão, reduz a área de soja, bota mais milho na primeira safra, entra com girassol, entra com o bio. Essa é uma virtude que não podemos abrir mão”, completou.
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