Conexão Campo Cidade: Agenda ambiental é um grande exagero que os produtores europeus não aceitam mais
“Ficaram verdes demais”. É assim que Roberto Rodrigues se refere às regras agrícolas aplicadas por diversos governos europeus, que agora culminam em protestos dos produtores rurais em diversos países. Esse foi o assunto do Conexão Campo Cidade desta semana, que contou com a participação especiais do professor e cientista político Christian Lohbauer.
Segundo Lohbauer, o que acontece hoje na União Europeia é um “déficit de democracia”. Ele explicou que esse conceito representa um descolamento do Estado em relação aos interesses do cidadão. Esse foi o principal motivo para a saída do Reino Unido do bloco, no movimento denominado Brexit, pois os britânicos sempre se irritaram com Bruxelas por conta da centralização das decisões.
Para o convidado, a agenda contra defensivos químicos, produção rural de maior escala, alimentos de origem animal e afins não são decisões dos países, mas da União Europeia. Como ele explicou, a ameaça da agricultura sul-americana é um ponto marginal nas manifestações. Os protestos estão ocorrendo por conta da redução de subsídios e das regras da parte ambiental.
José Luiz Tejon, por sua vez, afirmou existe um exagero gigantes do governos em relação à agenda verde. Para ele, existe a pretensão de criar um “reino perfeito” do ponto de vista ambiental, só que o peso disso está caindo sobre o produtor rural. “Esse negócio não vai para frente, é maluquice”, afirmou.
Além disso, ele afirmou que as reivindicações dos produtores não têm sido atendidas a nível nacional, mas sim por meio dos prefeitos, que estão prometendo um “jeitinho à brasileira”. De acordo com Tejon, que está em Nantes, na França, diversos prefeitos têm se reunido com os agricultores e tomado para si as resoluções com bom senso entre as partes.
Apoio do setor urbano europeu aos protestos do produtores rurais
Outro ponto destacado por Roberto Rodrigues foi o apoio do setor urbano nos protestos dos produtores rurais. Christian Lohbauer atribui a isso um fenômeno diferente que está ocorrendo na economia europeia: um aumento conjunto nos preços de alimentos e de energia.
Esse aumento simultâneo está se refletindo até menos nas eleições nacionais. Segundo ele, já houve virada na apoio populacional a partidos contrários ao governo na Hungria, Polônia, Itália, Espanha, Holanda e até mesmo na Alemanha. “Esses caras não querem mais brincar desse negócio de meio ambiente. Essa agenda se desconectou da realidade”, avaliou.
Agenda ambiental é um pensamento elitista, de uma elite desconectada da realidade
Para o economista Antônio da Luz, quando a Europa Ocidental adota a postura de querer abolir os defensivos químicos, por exemplo, é uma escolha racional. A economia de lá consegue se manter com uma produção menor e um aumento de preços dos alimentos. Porém, nem todos na Terra têm renda para enfrentar esse cenário. “Percebe que isso é um pensamento elitista, de uma elite descolada da realidade mundial?”, questionou.
Quando a Europa assume a agenda ambiental, de acordo com Antônio da Luz, piora até mesmo o problema que eles possuem com a imigração, pois, um aumento no preço mundial de alimentos vai tornar ainda mais complicada a vida em nações mais pobres. “O problema da imigração se resolve produzindo mais e não menos”, apontou.
O economista declarou que não consegue entender como o Brasil, um país com tantas pessoas de baixa renda, pode pensar nessa ideia. Ele não aceita esse pensamento em uma nação onde “pobreza se vê na esquina”. Para ele, “temos uma elite absolutamente desconectada da realidade do Brasil”.
Christian Lohbauer ressaltou que ao redor do mundo, incluindo os Estados Unidos, o único país que leva a sério a imposições europeias é o Brasil. Ele acredita que isso acontece por conta da formação intelectual do país, que tem um forte base francesa. “Somo americanos no tamanho, na propriedade, na produção, mas com intelecto francês. Nossa formação foi formada com a cabeça francesa, e essa visão burocrática centralizada francesa foi exportada também para Bruxela [sede da União Europeia]”, comentou.
Preço da soja e gestão do negócio
Marcelo Prado destacou que a soja está 32% mais barata em relação a um ano atrás. Os preços dos insumos também caíram, a realidade sobra o tamanho da safra ainda é uma incógnita, mas o certo é que a cadeia como um todo já registra perdas, até mesmo as grandes empresas. Exemplo disso é a John Deere, que divulgou uma redução de 20% em sua rentabilidade mundial em relação ao ano anterior.
O economista Antônio da Luz destacou que em um período de 10 anos, o agronegócio negócio vai passar por alguma grande crise de crédito, preço ou clima, quando não as três. Por esse motivo, ele afirma que durante os períodos bons, o produtor precisa capitalizar o seu negócio, pois é nesses momentos que se tem muitas escolhas que vão influenciar no momentos de dificuldade.
Entretanto Roberto Rodrigues destacou que até mesmo aqueles que geriram bem o negócio durante os bons momentos estão passando por dificuldade neste ano. “Teve gente que fez tudo certo, mas não choveu”. Ele ressalta ainda que já cansou de falar sobre o seguro rural e esse é um tema que precisa de mais atenção do governo, que precisa ter o mesmo tamanho que hoje tem o agronegócio brasileiro.
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