Preço dos insumos agrícolas não tem novo horizonte de baixa e produtores, mais do que nunca, vão precisar fazer contas

Publicado em 26/09/2022 18:47 e atualizado em 04/10/2022 17:16
Conexão Campo Cidade
Para Eduardo Daher, consultor da Abag, com vasta experiência na área de insumos agrícolas, por mais que tenham caído em relação às altas do primeiro semestre, os preços não devem voltar aos níveis que eram registrados antes da guerra e, muito menos, anteriores à pandemia do coronavírus

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O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.

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Conflitos que emergem do âmbito urbano influenciam a produção agrícola. Um exemplo claro disso está no preço dos insumos utilizados pelos produtores rurais, em grande parte importados pelo Brasil. Fatores como a pandemia do coronavírus e a guerra entre Ucrânia e Rússia foram decisivos para a elevação dos custos de produção dos agropecuaristas brasileiros. Por esse motivo, o Conexão Campo Cidade da última segunda-feira (26) teve como convidado Eduardo Daher, consultor da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), com vasta experiência na área de insumos agrícolas.

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Preços já caíram mas não devem voltar aos preços pré-pandemia

Diversos fatores provocaram um aumento expressivo do preço de fertilizantes alguns, que no caso de alguns produtos chegou até mesmo 120%, como explicou Daher. Fatores que, como ele frisou, já foram diversas vezes explicados, entre os quais estão a pandemia do coronavírus, a alta do dólar e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Agora, os preços já registram uma diminuição expressiva, mesmo assim, ele não acredita que os valores voltarão aos níveis em que os produtos eram negociados antes do início da guerra, muito menos anteriormente à pandemia. Para ele, ainda existe um empecilho logístico dos fretes marítimos e, mesmo que a matéria-prima tenha o preço normalizado, o transporte, principalmente, não voltará a ser como antes, devido uma série de conflitos globais.

 

Relação dos insumos, dólar e rentabilidade do produtor 

Um problema destacado por Daher é a volatilidade do dólar. Os produtores compraram insumos com a moeda americana em níveis bastante elevados, muito próximos dos R$ 6,00. Agora, o mesmo dólar está mais perto dos R$ 5,00, o que pode influenciar na rentabilidade do agricultor brasileiro.

Os grandes produtores, como o consultor afirmou, já compram seus insumos bem antes, mas isso não vale para todos. Contudo, agora, os agricultores brasileiros vão precisar fazer as contas, comprar na hora certa e na quantidade certa, pois pode pesar na hora da venda das commodities, influenciadas por um dólar mais baixo.

 

Lucros das empresas de insumos agrícolas

Realmente os lucros foram positivos durante o primeiro semestre para quem vende fertilizantes, porém o segundo semestre deste ano será desafiador. As empresas compraram produtos com preços muito altos em fevereiro, março e abril, e agora não vão conseguir repassar esses valores.

As revendas e as cooperativas vão ter também uma dose cavalar de problemas, por terem comprado alto e agora os preços estarem menores, conforme apontou o consultor da Abag.

 

Brasil não vai conseguir produzir fertilizantes em nível competitivo

Outro ponto de destaca que Daher abordou foi o plano do Brasil para produzir fertilizantes, para diminuir a dependência de importação. Como ele declarou, a Petrobras Fertilizantes saiu do mercado e está vendendo usinas de ureia e nitrato de amônia, que possui no Brasil.

Segundo ele, isso acontece porque não é possível para o Brasil competir no mercado internacional. Para o consultor, “é insano imaginar que nós vamos resolver em achar cloreto de potássio no Brasil, que dá para explorar e competir com o Canadá. No dia que preparar uma fábrica de cloreto de potássio, vem a Rússia e joga cloreto de potássio na sua empresa com preço mais baixo”.

 

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Por:
Igor Batista
Fonte:
Notícias Agrícolas

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