Produção e exportação brasileira de sucos cítricos e seus produtos
O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.
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Nesta semana, o destaque do programa foi o setor de sucos cítricos brasileiro, sobretudo o suco de laranja. Para falar sobre esse assunto, o Conexão Campo Cidade recebeu Ibiapaba Netto, diretor-executivo do CitrusBR, associação que reúne as principais empresas produtoras e exportadoras brasileiras de sucos cítricos e seus produtos.
Espaço do Brasil no mercado internacional de suco de laranja
Conforme destacou Netto, o Brasil é o grande player do mercado internacional, responsável por 3/5 do comércio de suco de laranja em todo o mundo, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês).
Dessa forma, a cada cinco copos de suco de laranja consumidos em todo o planeta, três foram produzidos no Brasil. A Europa é o principal mercado consumidor, concentrado 70% das exportações brasileiras. Na sequência parece os Estados Unidos, que exportam de 15% a 20% do total, dependendo do quanto produzem na na Flórida.
A grande novidade, de acordo com Netto, é a China, onde o total de exportação vem crescendo bastante. Há 4 anos, representava 2% a 3%. Neste ano safra, que fecha no final de junho, está com 8% e deve ser o melhor mercado nos últimos 10 anos e o segundos nos últimos 20. Segundo o editor-executivo, a China importava, mas começou a produzir. Agora, ela tem voltado a importar com mais força do Brasil.
Consumo na pandemia: mudança de rotina e a escolha do suco como opção saudável
Uma questão levantada por Marcelo Prado foi se a presença de vitamina C no suco de laranja, importante para fortalecer o sistema imunológico, ajudou a ampliar o consumo no mercado global. Segundo Ibiapaba, no início da pandemia, houve uma corrida atrás de suco de laranja. Em algumas lojas de varejo nos Estados Unidos e Europa acabou o suco, pois os consumidores compraram em grande quantidade por não saberem quanto teria.
Mas ao longo dos meses, o consumo ficou estável em patamares elevados. Assim, Netto afirmou tirar duas conclusões para que isso ocorresse: por conta da relação da saúde e por causa do hábito. Em casa, as pessoas tinham mais tempo para o café da manhã. Uma empresa de cereal matinal também teve crescimento.
Entretanto, a vantagem foi apenas para o varejo. O setor de food service, que abrande o consumo "fora de casa", englobando restaurantes, bares, conversões, aviões, etc., estiveram fechados e, por isso, o consumo ficou quase “elas por elas”.
Reputação brasileira e o comércio europeu
Outro ponto destacado na conversa foi a reputação internacional dos produtos brasileiros. De acordo com Netto, é um problema, porque a reputação brasileira é ruim. O mercado poderia ter problema se soubessem que suco é brasileiro. Porém isso é erro. Ele afirma que a área de produção está consolidada entre Minas e São Paulo. A cada 2,5 hectares de laranja, um é de mata nativa preservada. "O quanto a gente preserva, é mais do que uma cidade de Londres", ressalta.
Contudo, no final das contas, nenhum setor está acima do que o país representa. Está em comunicação com os varejistas, que são os responsáveis para determinar quais setores são de risco ambiental ou não. A Europa tem discutido leis de importações em relação à sustentabilidade. Então enquanto a marca Brasil pode ser uma oportunidade, por ser um serviço ambiental prestado para o mundo, também é um risco.
Netto revelou que os sucos são vendidos na Europa para os engarrafadores, que envasam e vendem com marcas europeias. No futuro, vai precisar ser rotulada a origem. O problema hoje, para ele, é a "commoditização" da informação. O comprador não sabe distinguir o produto brasileiro produzido na vanguarda da sustentabilidade e outro qualquer na franja do desmatamento, o que é um problema de comunicação. Ele frisa que comunicação não é que se fala, mais sim o que se entende. A questão, segundo Ibiapaba, é: eles querem entender?
O que acontece no Brasil é também instrumento político para que se levantem barreiras ao agronegócio. A forma aguda com é tratada a questão brasileira extrapola limite do razoável e a Europa dita suas regras, de acordo com o diretor-executivo.
Protecionismo americano e espaço adquirido pelo México no mercado
Uma das barreiras enfrentadas pelo setor é a alta a tarifa para entrar nos Estados Unidos. Segundo Netto, hoje são pagos US$ 415,18 por tonelada de suco vendido. Porém, o maior problema do mercado americano são os mexicanos, que têm acordo de livre-comércio.
Na ponta do lápis, a diferença de custo chega a US$ 600. Assim, hoje, no mercado americano, o suco mexicano é prioritário. Com isso, tomou do Brasil 200 milhões de dólares por ano. Graças a uma diplomacia comercial muito boa, grande parte das praças prioritárias tem acordos melhores com o México e elem podem incomodar ainda mais, mas depende do clima e capacidade produtiva.
Relação do suco de laranja com o açúcar
O diretor-executivo ressaltou a questão da imagem que o suco de laranja carrega em relação ao açúcar. Segundo ele, de fato um copo tem em média 117 calorias. Isso não é praticamente nada, dentro de uma dieta equilibrada. Porém, o suco de laranja pode ter função importante na dieta de emagrecimento, pois libera o hormônio da saciedade. Consumir antes do almoço e jantar, reduz o consumo de comida. Também ajuda no tratamento de diabetes, pode ser estratégico em alguns casos.
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