Paulo Nicola volta ao NA para avisar: "agora não é hora de comprar o adubo, nem de fazer o barter"

Publicado em 12/02/2021 16:38 e atualizado em 14/02/2021 18:31
Paulo Roberto Nicola - Empresário e Produtor Rural de Santiago/RS
"Os preços estão fora da realidade", diz o empresário e produtor Rural de Santiago/RS, especialista em administração rural, autor do livro "Lucre sempre com a soja"

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Entrevista com Paulo Roberto Nicola - Empresário e Produtor Rural de Santiago/RS, Lucre sempre com a soja

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Com o desenrolar da safra verão 2021, o momento atual é de entrega da colheita e aquisição de insumos para a safra vindoura (2022). Neste instante, o mercado convive com nova prática de mercado, que é a "paridade da saca da soja com o preço dos fertilizantes". Contra essa "onda mercadológica", o produtor Paulo Nicola, referencia em administração rural, se interpõe para dizer que "os preços dos adubos estão fora da realidade".

-- Estão tentando impor uma nova ordem, que é a paridade com o valor da saca de soja. Antes, os comerciantes sempre faziam a paridade com o dólar, visto que a totalidade dos insumos são dolarizados. Agora, porém, com a valorização inédita no preço da soja, os fabricantes de insumos tentam impor essa nova regra, que é a paridade com a saca, o que significa um verdadeiro abuso", ressalta ele.

Paulo Nicola faz as contas, e diz:

-- "O preço do fósforo (MAP) está 52% acima dos preços praticados no ano passado: e o do cloreto (KCL) 22% acima da safra de 2020".

Ele demonstra:

-- "Em 13 de maio/2020, o fósforo estava valendo R$ 1.820,00; hoje, o mesmo produto é cotado a R$ 2.970,00, um incrível acrescimo de 44%!... Já o dólar, que na época valia R$ 5,88; hoje fechou a R$ 5,37.uma diferença de 8,61% a menos. Somando-se os dois componentes, chegamos a uma inaceitável majoração de 52% sobre os preços do ano passado".

Paulo Nicola compara também os preços dos cloretos:

-- "No dia 20 de abril, esse insumo valia R$ 1.674,00; hoje é cotado a R$ 1.770,00; aumento de 22%. Já o dólar valia nesse dia R$ 5,41, 1,5% a menos que a cotação atual. Somando-se os dois valores, chega-se a um aumento geral no cloreto de 23%".

-- "A conclusão óbvia - alerta Pauo Nicola - é adiar as compras desses dois insumos, e aguardar um melhor momento de recuo dos preços. O mesmo se dá com as compras de outros insumos através do "barter". Agora não é hora de fazer isso, os preços estão fora da realidade".

Em contra-partida, o empresário (de Santiago/RS e referencia em administração rural) sugere que o produtor faça pesquisa de preços "pois sempre vai encontrar alguma oportunidade". Como exemplo, cita o calcáro e o enxofre "que estão nesse momento num patamar bem razoavel".

FAÇAM AS CONTAS

Sua entrevista ao NA, após vários meses ausente do contato com os produtores (quando fazia recomendações semanais sobre a administração das popriedades), acontece devido à essa nova prática de mercado -- a paridade:

--"Eu até me divirto com os jovens comerciantes que me dizem, "compre agora, e rápido, pois os preços vão subir"; aí eles vem com a conversa da paridade adubo/saca de soja. Em resposta, mostro minha planilha de custos, e a conversa pára por aí".

Paulo Nicola mostra-se inconformado com a tentativa de se impor a paridade com base no valor da saca de soja:

-- "Ora, o que as industrias querem é se apropriar do nosso lucro; o valor da soja (que subiu de R$ 80 para R$ 160,00, em média), esse lucro é do produtor, e não do fornecedor. O que desejam é transferir o lucro bruto consegido pelos agricultores, e Isso é inaceitável".

Mas como fazer? -- "Simples, responde ele, "adie suas compras, que os preços baixarão...".

Algumas dicas:

1.o) o fundamental de tudo é anotar e comparar ("o administrador competente é aquele que trabalha com uma planilha de custos e preços de venda; sem ela, não há como ter referencias);

2.o) Use o lucro atual da soja para investir na atividade ("nada de comprar campo, novas áreas; agora é hora de usar a diferença para "engordar" o solo");

3.o) Segure a liquidez para, no momento de baixa, aí sim fazer suas compras com preços mais favoráveis.

-- "Acreditem - completa ele - o mercado vai reagir e se ajustar".

Paulo Nicola, com base nas análises de solo, pretende, desta vez, usar o minmo possivel de fertilizantes no solo, pois conta com os resultados positivos da prática da agricultura de precisão:

-- "Os agronomos dizem: seo Paulo, a terra está gorda, bem adubada nos ultimos 3 anos; e é verdade, as análises mostram isso; então posso adiar a adubação... o mesmo acontece com o barter de defensivos. Só estou adquirindo aquelo que está mais em conta".

Por fim, o argumento mais racional: 

-- "Com base nos dados e nos preços atuais, percebo que o custo da lavoura subiu de 38 sacas/hectare (média/2020) para 44/45 sacas (safra 2021/2022). Então, não há o que discutir -- vou vender agora, comprar depois".

(Acompanhe a entrevista no vídeo acima).

 

 

 

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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3 comentários

  • J. Fernando Paiva Londrina - PR

    Sr. Paulo Nicola, primeiramente gostaria de afirmar minha admiração por sua pessoa. Li seu livro "Lucre sempre com a soja" onde encontrei diverso conteúdo extremamente útil e coerente.

    O objetivo do meu comentário é debater sobre o tema... Me parece um tanto simplista e unilateral afirmar que as empresas de adubo estão "sojalizando" seus produtos, ao comparar preços praticados no mercado no ano passado com o dólar.

    Antes de mais nada, quero afirmar que, assim como o sr., também sou administrador de propriedade rural, não em larga escala, mas sim pequena.

    No meu ponto de vista, o mercado precifica a soja da mesma forma como precifica o insumo (adubo). Essa precificação se dá por diversos fatores, sendo para soja (que é o principal objeto da discussão), clima, estoque mundial, perspectiva de aumento (ou diminuição desse estoque), e também a demanda.

    O ano passado talvez tenha convergido uma série de fatores os quais contribuíram para a variação do preço da soja no mercado internacional, que embora tenha sido "estrondosa" para nós brasileiros (em função do câmbio), ainda está longe da resistência histórica na CBOT.

    Agora, afirmar que parte da alta no mercado internacional tenha também como causa a pandemia também acho ser precipitado.

    Já com outras commodities, como é o caso dos fertilizantes, talvez seja diferente, e seu preço TAMBÉM tenha sido afetado no mercado internacional, mas por causa da pandemia.

    Uma evidencia disso é analisar a variação de ações de empresas fabricantes de adubo no mercado internacional, na ausência do preço da commoditie propriamente dita.

    Se analisarmos as ações da YARA (YARIY), percebemos que no período citado pelo Sr., ela valia cerca de US$ 15,42. Já em meados de fevereiro/21, a mesma ação foi negociada a US$ 24,47, uma valorização de mais de 58%!

    A partir do ponto de vista apresentado pelo sr. poderíamos afirmar que o aço também foi "sojalizado", uma vez que implementos agrícolas e tratores, produtos cuja principal materia prima é o aço, também sofreram aumentos absurdos, mas sabidamente amparados na variação do preço do minério de ferro. Veja, por exemplo, a variação do preço da ação da Vale do Rio Doce, negociada na B3 (VALE3), que custava R$ 46,71 em 13/05/20 e custava R$ 93,89 em 12/02/21, uma variação de mais de 100%.

    De qualquer forma acho extremamente válida sua colocação, pois é a partir do debate e da troca de ideias que conseguimos evoluir e refletir sobre alternativas que nos proporcionem enfrentar o dia-a-dia com maior facilidade.

    Um abraço, J. Fernando Paiva

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    • Nadir Sousa Gameleira de Goiás - GO

      Sempre faço barter de fertilizantes. Esse ano mais pontos de P e K por 2 sacas de soja a menos por ha

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  • Cácio Ribeiro de Paula Bela Vista de Goiás - GO

    O sr. Paulo Nicola tem razão em parte das suas explicações. Há muitos fornecedores, talvez não com boas intenções, "sojalizando" os seus produtos... No entanto, ele (Paulo Nicola), quando aborda os fertilizantes, pode estar cometendo equívoco pois não leva em conta que esses mesmos insumos(adubos) estão sujeitos a aumentos nas cotações EM DÓLAR. Correto, Sr. Nicola!?

    E não podemos deixar de considerar que os próprios insumos (herbicida citado na entrevista) também podem estar sujeitos a oscilações em seus preços quando se leva em conta a MOEDA AMERICANA (U$).

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  • Valdecir Rodrigues de Oliveira Mogi das Cruzes - SP

    Comprar bem é uma arte. Hoje em dia neste "cabo de guerra", mais do que nunca, informação é poder. Em qualquer área da vida, se não cuidarmos de nossos próprios interesses, ninguém cuidará por nós.

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