Operação Carne Fraca pode afetar exportações brasileiras de grãos
Os efeitos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, não estariam restritos apenas ao mercado de carnes. Ainda é uma incógnita se este fator poderá trazer mudanças nas exportações de grãos, como destaca Sérgio Mendes, da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
Mendes aponta que "uma preocupação sempre existe", com as condições ideais para a exportação sendo apenas quando não há nenhuma "marola", para evitar problemas no caminho. Para Mendes, o país possui, naturalmente, "condições excepcionais para ganhar mercado", já que há uma vastidão de território, uma boa topografia e condições climáticas para realizar duas safras anuais, além de grandes propriedades que permitem a capacidade empresarial.
Uma das hipóteses apontadas por Mendes, é que o embargo de alguns países à carne brasileira poderia fazer com que esses países aumentassem suas próprias produções e viesse buscar grãos no Brasil. No entanto, este não é um cenário desejável, já que "o país tem condições de evoluir normalmente sem que aconteça nada". "Qualquer troca que haja, na verdade, o Brasil sai perdendo, já que vendendo mais grãos do que vende normalmente, deixaria de vender a carne com maior valor agregado. Pro Brasil, não é vantagem nenhuma", avalia.
Ainda é muito cedo, no entanto, para apostar nesses efeitos. Mendes diz ter uma "esperança muito grande", já que analisa o alarde feito em torno da investigação como "desnecessário", embora acredite que a investigação seja correta e que os responsáveis devem ser punidos.
O Brasil está em frente a uma superssafra, que pode chegar até a 111 milhões de toneladas da soja - das quais, 60 milhões poderão ser exportadas, juntamente com 30 milhões de toneladas de milho e 15 milhões de toneladas de farelo, somando 105 milhões em exportações de grãos.
Em relação ao fator cambial, ele aponta que o produtor perde com um câmbio mais baixo, mas também poderia perder com um câmbio mais alto - as vendas seriam mais rentáveis, mas o custo de produção aumentaria igualmente. O ideal, para Mendes, seria um patamar de câmbio estabilizado.
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