USDA: Embarques de grãos dos EUA estão bem abaixo do ano anterior refletindo crise logística com baixo nível do Mississippi
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seus novos dados de embarques semanais de grãos nesta terça-feira (11) com números dentro das expectativas do mercado, mas melhores do que os da última semana no caso da soja, já refletindo uma ligeira melhora nas condições do rio Mississippi, depois de terem testado níveis ainda mais baixos do que os atuais. Todavia, a situação ainda preocupa muito.
Ainda assim, os volumes já embarcados de soja e milho pelos EUA durante toda o ano comercial são consideravelmente menores do que há um ano. No trigo, a diferença é de apenas 1% menos na comparação anual.
Na semana encerrada em 6 de outubro, os embarques norte-americanos de soja foram de 969,212 mil toneladas, contra expectativas de 400 mil a 1,250 milhão de toneladas. Na semana anterior foram pouco mais de 585 mil. Em todo ano comercial, os EUA já embarcaram 2,760,951 milhões de toneladas da oleaginosa, 23% menos do que no mesmo período da temporada anterior.
De milho, os embarques semanais foram de 457,366 - menores do que os da semana anterior, quando mais de 672 mil toneladas foram embarcadas -, dentro do intervalo esperado pelos traders de 400 mil a 725 mil toneladas. No ano comercial, o país já embarcou 2,827,028 milhões de toneladas, 9% a menos do que no ano comercial anterior, neste mesmo período.
Os Estados Unidos embarcaram também 614,371 mil toneladas de trigo, também dentro do esperado - de 400 mil a 750 mil toneladas - levando o total no ano comercial a 9,130,644 milhões de toneladas, 1% menos do que há um ano.
No último final de semana, a Guarda Costeira dos EUA liberou dois pontos do rio Mississippi, porém, "a solução definitiva é a chuva", como explica o analista de mercado da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin. "O NOAA continua projetando queda no nível do Rio em pontos importantes como Stack Island e Memphis. As barcaças continuam reduzindo o draft e os comboios continuam diminuído de tamanho".
Têm sido frequentes as imagens de barcaças ociosas no Mississippi em função dos baixos níveis deste que é o rio mais importante para o escoamento da produção norte-americano. De acordo com o NOAA - o serviço oficial de clima do governo dos EUA - "embora barcaças presas em bancos de areia não sejam tão incomuns para esta época do ano, especialistas disseram à ABC News, que os níveis de água na metade inferior do rio Mississippi estão chegando a níveis recordes em algumas áreas próximas e ao sul da fronteira Tennessee-Arkansas".
Na semana passada, ainda de acordo com a rede ABC News, havia perto de 150 embarcações e mais de 2 mil barcaças em uma fila para flutuar por trechos do rio Mississippi. A última vez que o rio Mississippi viu níveis de água tão baixos foi em 2012 e a maior seca das últimas décadas ocorreu em 1988, segundo explica Jonathan Remo, professor da Escola de Sistemas Terrestres e Sustentabilidade da Universidade do Sul de Illinois à ABC.
Especialistas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg afirmam que a crise logística norte-americana pode se agravar caso as chuvas não cheguem e mais embarcações se acumulem pelo rio. E uma situação semelhante se observa agora também no rio Ohio, outro importante canal de escoamento da produção norte-americana.
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