USDA: Plantio de soja e milho nos EUA evolui bem e fica em linha com expectativas

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe, no final da tarde desta segunda-feira (22), a atualização dos números de plantio dos grãos no país. Os números do milho ficaram dentro do esperado e os da soja, ligeiramente acima das expectativas. 

De acordo com o reporte, o plantio da soja evoluiu 32% para 53% da área em uma semana, enquanto o mercado esperava algo entre 47% e 52% para esta semana. O índice fica em linha com o mesmo período do ano passado e 1 ponto percentual abaixo da média dos últimos cinco anos. 

No caso do milho, já há 84% da área semeada nos EUA, contra 71% da semana passada e dentro das projeções dos traders, que variavam de 82% a 87%. E assim como na soja, o total fica em linha com o ano passado e apenas 1% mais baixo do que a média. 

Sobre as lavouras da oleaginosa que já emergiram, o total na soja passou de 8% para 19%, contra 20% de 2016 e 21% da média. No caso do milho, já há 54% das plantações emergindo, contra 31% da semana passada, 58% de 2016 e 55% de média. 

Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, os dados chegam dentro da normalidade e, por isso, não deve trazer um impacto muito severo para o andamento das cotações na Bolsa de Chicago. "Isso não deve ter muito efeito nem para cima e nem para baixo", diz. 

Dessa forma, ainda segundo Brandalizze, o mercado vai esperar as novas previsões para o intervalo dos próximos 10 dias - que deverão ser atualizadas nesta terça-feira (23) para que os traders possam se posicionar de forma mais agressiva na CBOT. 

Devido ao excesso de chuvas em algumas importantes regiões produtoras, as especulações sobre a necessidade de replantio em algumas delas continuam crescendo. 

"As conversas sobre o replantio do milho são muitas em Illinois. O seguro agrícola permite que o replantio seja feito ate o início de junho, porém, já é sabido que isso traz riscos de uma menor produtividade. E as previsões mostram mais chuvas nesta semana", diz o analista sênior do portal Farm Futures, Bob Burgdorfer. 

Segundo Richard Feltes, corretor da RJ O'Brien, as lavouras de milho plantadas no final de abril e nos primeiros dias de maio possam estar com problemas. "Isso parece ser mais do que só uma mancha no radas. Podemos perder o suficiente em acres de milho para que seja significativo", diz. "Alguma chuva não será muito agressiva agora, mas precisaremos de mais um período para acabar de secar algumas áreas para que possam ser semeadas. Será preciso a janela de uma semana para que o tudo seja concluído até 1º de junho (no caso do milho)", completa. 

O NOAA traz ainda a previsão para os próximos 7 dias, com as chuvas pesadas ainda em alguns estados do Corn Belt, como mostra o mapa abaixo. 

Último final de semana

No último final de semana, uma nova rodada de fortes chuvas chegou ao Meio-Oeste americano, segundo o Commodity Weather Group (CWG), de forma generalizada. No leste de Nebraska, oeste de Iowa, Missouri, centro de Illinois e sul de Indiana, os acumulados foram de até 76,2 mm. 

Daqui em diante, para a agência climática MDA, nestes próximos dias, as chuvas nas regiões sul e centro do Meio-Oeste americano deverão deixar mais lento o avanço do plantio tanto da soja, quanto do milho. 

El Niño x La Niña

Em entrevista ao portal internacional Agriculture.com, o meteorologista da Universidade do Norte de Iowa, Alan Czarnetzki, afirma que o período agora é de uma tansição entre o El Niño e o La Niña, embora nem um e nem outro fenômeno tenham muita força agora. 

Segundo o especialista, a situação atual é bem parecida com a neutralidade registrada no verão passado. "Não estamos nem no El Niño e nem no La Niña, mas em condições neutras. E isso, infelizmente, não é favorável para os processos de previsões climáticas, o diferencial entre as informações pode ser bem grande", diz.