Câmara Setorial da SAA tem contribuído para crescimento da produção paulista de trigo
O trigo é uma commodity fundamental para a segurança alimentar do mundo, é o segundo cereal mais consumido pela humanidade, atrás apenas do milho. Há anos, o Brasil busca se aproximar da autossuficiência, para atender o mercado nacional sem recorrer à importação.
Com o objetivo de discutir as projeções do cereal no Estado, considerando panoramas nacionais e internacionais, a Câmara Setorial do Trigo, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, se reuniu recentemente no município de Capão Bonito. O encontro contou com a participação de representantes de toda a cadeia produtiva do grão, como empresas e cooperativas ligadas ao setor.
“Desde a reativação dessa câmara, em 2013, a produção tem aumentado. Saímos de aproximadamente 90 mil para 500 mil toneladas na safra 23/24, registrando volume recorde produzido no Estado, com qualidade adequada às necessidades da indústria moageira”, destacou o presidente da Câmara Setorial do Trigo, Nelson Montagna, supply manager do Moinho Anaconda. Segundo ele, o objetivo do setor é atender a demanda paulista, que é da ordem de 1,5 milhão de toneladas.
Uma das pautas da reunião foi o clima, que prejudicou a safra. No ano passado, a produção doméstica estava alta, com números recordes. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), em 2022 foram colhidas 10,55 milhões de toneladas do cereal no país, quantidade que se aproximava dos cerca de 12 milhões consumidos internamente.
Porém, o cenário não se manteve. O clima adverso provocou quebras, tanto em volume, quanto em qualidade, principalmente no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão no Brasil, gerando uma colheita de 8 milhões de toneladas. Em São Paulo, a estimativa é de que a próxima safra tenha redução de 20% da área produtiva, com produtores substituindo o trigo por outras culturas devido às oscilações dos preços — o que também está ocorrendo com milho e soja.
Por isso, a importação do trigo de qualidade voltou a crescer. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de fevereiro deste ano, as importações brasileiras de trigo somaram 439,02 mil toneladas, muito acima das 291,63 mil toneladas registradas em todo o mês de fevereiro do ano passado. Grande parte das importações vem da Argentina, seguida por Uruguai e Itália.
No último encontro da câmara, também foram avaliadas as sementes disponíveis para cultivo na próxima safra, com o apoio de profissionais da OR Sementes e da Biotrigo/GDM, além de uma apresentação sobre a importância do manejo adequado do grão no pós-colheita. “A importância da CS do Trigo está na busca pela harmonia entre o setor de produção e a indústria, no que tange ao entendimento sobre a comercialização e aos requerimentos de qualidade. O suporte da Secretaria de Agricultura, nos últimos 10 anos de Câmara Setorial, foi fundamental para a triticultura paulista”, afirmou Montagna.
A maior parte da produção do grão é destinada à fabricação de farinha, principal matéria-prima da indústria de massas e, principalmente, do pão, um dos alimentos mais consumidos no mundo. Vale ressaltar, que a produção do trigo no Estado está localizada, principalmente, nas regiões de Sorocaba e Campinas e a capacidade de moagem, processo que seleciona as partes do trigo para fazer as farinhas, está instalada na Região Metropolitana de SP e em Santos.
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