Embrapa quer inserir MS na estratégia de autossuficiência do trigo pelo Brasil
O trigo é o cereal mais consumido no mundo pelos humanos depois do leite e de seus derivados, contribui com 18% das proteínas consumidas e 20% da energia calórica em todos os continentes. O Brasil consome 12,5 milhões de toneladas de trigo, tendo a maior safra da história em 2022: 10 milhões de toneladas. Em reunião com o grupo da pesquisa e de transferência de tecnologias da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), o chefe-geral da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), Jorge Lemainski, discutiu sobre ações que ajudarão o Brasil a ser autossuficiente em trigo em menos de cinco anos.
“O Brasil gasta na ordem de R$ 10 bilhões por ano com a importação do trigo, sendo que o País possui todas as condições de produzir. Queremos demonstrar que o trigo é uma oportunidade que pode dar dinheiro para o agricultor, como complementar à cultura da soja. É uma segunda cultura que melhora e estrutura o solo, reduz plantas invasoras, melhora a reserva de água interna do solo, diminui o custo de produção da soja como benefício e busca a construção de um ambiente de liquidez que possa remunerar o produtor”, garante o chefe-geral da Embrapa Trigo.
O chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira, lembrou que Mato Grosso do Sul já foi um grande produtor de trigo e destacou a importância da discussão das estratégias de ações entre as duas unidades da Embrapa para o êxito do desafio em Mato Grosso do Sul. “O entendimento técnico propiciará, juntamente com as parcerias a serem estabelecidas, a busca pelas informações ainda necessárias para a solidificação de sistema de produção adaptadas para as diferentes região de MS, além de subsidiar o estado para implementação de políticas públicas que favoreça à consolidação do trigo e de outros cereais de inverno como uma opção para diversificação de culturas” disse Oliveira.
Serão instaladas, em um primeiro momento, vários métodos de avaliação e de validação de materiais modernos de trigo que possuam características favoráveis para as diferentes regiões do Brasil, além de Mato Grosso do Sul, serão instaladas em Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, além do Distrito Federal.
No âmbito técnico, seja no sequeiro ou no irrigado, haverá a demonstração de boas práticas agronômicas para o trigo durante três safras, a ser iniciada em 2023. No primeiro momento, será definido em que solo serão inseridos os materiais genéticos da cultura. Em um segundo, que deve ser a partir de março, entra em questão, temas acerca das cultivares, época de plantio, vigor e germinação, além da plantabilidade, passando pelos aspectos dos tratos culturais como adubação de cobertura, avaliações sanitárias, com ênfase nas doenças, chegando na fase de colheita. “Vamos qualificar e quantificar o grão colhido, para o que ele serve: para panificação, macarrão ou biscoito. Com base nesses dados locais, esperamos gerar informações para os municípios que quiserem integrar esta agenda do trigo tropical, de transformar esse trabalho numa oportunidade”, diz Jorge Lemainski.
Ele explica, ainda, que a cada real (R$) que se aumenta a renda agropecuária no campo, há um impacto de R$ 1,07 na renda não agropecuária da cidade. E a cada real (R$) que cresce a renda agropecuária no campo, aumenta-se em R$ 0,67 a receita no caixa do município. “Fazer agricultura, hoje, é converter luz solar em alimento, fibra e energia, retirando o gás carbônico da atmosfera, fixando-se carbono no solo, e a planta gerando o oxigênio para nós respirarmos”.
Para Lemainski, essa é uma conquista coletiva do conjunto de atores, a partir do produtor, do fornecedor de insumos, das empresas cooperativas e cerealistas que compram e armazenam da indústria moageira, da indústria de rações. “Todas fazem parte das políticas de estados para essa conquista”, afirma.
A expectativa é que a Embrapa, juntamente com outras instituições, continue a trabalhar a política de fomento à triticultura nos sete estados do Brasil Central, a chamada Agenda do Trigo Tropical, com o propósito de, nos próximos três anos, ampliar-se em 100 mil hectares a área de trigo, para uma produção esperada de, pelo menos, 300 mil toneladas a mais. “Esta é a grande vantagem comparativa do País, e nós temos tecnologia brasileira para fazer”, enfatiza Lemainski.
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