Inverno beneficiou desenvolvimento do trigo no RS, mas chuvas no final do ciclo poderão comprometer os resultados
O clima seco e frio que predominou durante o inverno gaúcho trouxe otimismo aos triticultores. “A expectativa é de que esta seja uma safra de altos rendimentos”, afirma a coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes, engenheira agrônomo Kassiana Kehl. Ela explica que 2019 foi um ano propício para a cultura nas principais regiões tritícolas, especialmente porque não ocorreram muitas precipitações da época do florescimento, evitando o desenvolvimento de doenças de espiga e contribuindo para a qualidade do grão.
As chuvas registradas nos últimos dias, porém, podem comprometer o bom andamento da safra. De acordo com Kehl, a umidade pode diminuir o pH e interferir na qualidade da farinha a ser produzida a partir dos grãos. Cultivares mais suscetíveis à germinação na espiga são as mais prejudicadas. “No Rio Grande do Sul, normalmente ocorrem precipitações durante o florescimento (setembro) ou a colheita (outubro - novembro). Por isso,é importante escolher materiais que suportem condições de excesso de umidade” orienta a engenheira agrônoma da Fundação Pró-Sementes. Programas de melhoramento genético estão atentos a esta realidade, buscando colocar no mercado cultivares adaptadas a estas condições climáticas.
Na época da colheita, as chuvas atrasam o trabalho do campo e prejudicam a qualidade dos grãos. Neste período, a combinação de umidade, ventos fortes e temperatura elevada pode causar acamamento das plantas, debulha e germinação na espiga. “Por isso, a expectativa é que o tempo firme volte a predominar, uma vez que a colheita de trigo já teve início no estado e deve se intensificar nas próximas semanas.
Nesta safra de inverno, a Fundação Pró-Sementes está conduzindo Ensaio de Cultivares em Rede (ECR) de trigo em 7 locais do Rio Grande do Sul: Cachoeira do Sul, São Gabriel, São Luiz Gonzaga, Santo Augusto, Cruz Alta, Passo Fundo e Vacaria. Estão sendo avaliados 35 materiais, sendo 21 de ciclo precoce e 14 de ciclo médio a tardio. A colheita dos experimentos já teve início, e deve se estender até final de novembro ou início de dezembro, quando são retirados do campo os materiais mais tardios da região de Vacaria.
O ECR é realizado pela Fundação Pró-Sementes desde 2008, e conta com o apoio do Sistema Farsul e com patrocínio do Senar-RS.
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