Estiagem no estado provoca quebra da safra do trigo paulista
O período de quase 50 dias sem chuva com volume relevante em São Paulo prejudicou de maneira considerável as lavouras de trigo no estado. Segundo a reunião da Câmara Setorial do Trigo, promovida na quarta-feira (08/08), em Capão Bonito (SP), o estado pode registrar uma redução de até 40% na safra.
“Tínhamos uma projeção de mais de 300 mil toneladas e pelos dados apresentados pelas cooperativas durante a reunião, teremos uma quebra significativa na safra. Se tudo correr bem até a colheita o estado registrará entre 210 a 220 mil toneladas de trigo”, afirma o presidente da Câmara Setorial do Trigo, Maurício Ghiraldelli.
De acordo com Maurício, apesar do baixo volume, o trigo que será colhido possui excelente qualidade, fator que garantirá a liquidez do grão. “Temos construído um histórico muito bom para o setor no estado. O trigo paulista aumentou muito sua produção e, principalmente, sua qualidade”, destaca Ghiraldelli.
“Se tem algo positivo é que o mercado internacional está em alta, não tem estimativa de baixa, então, mesmo com as perdas no campo, acredito que o produtor será remunerado acima dos níveis da safra passada”, reforça o presidente.
Trigo no mundo
Além do reporte das cooperativas, a reunião ainda contou com uma apresentação da trader de trigo da Cofco, Zak Joseph Battat, que fez uma análise do cenário atual do trigo no Brasil e no mundo, enfatizando o bom momento para os produtores paulistas.
Segundo ele, o valor do trigo paulista é afetado por duas grandes variáveis: o valor do grão no exterior e o câmbio do dólar. “O trigo mundial tem um viés forte de alta, com produções mundiais muito menores e uma demanda semelhante à do ano passado. Isso faz com que o preço do trigo estrangeiro se eleve. Esse cenário beneficia a produção paulista, pois como esperamos que o trigo internacional suba cada vez mais, assistiremos uma valorização do grão nacional”, explica Zak.
O trader apontou também que a Argentina tem buscado novos negócios, atingindo mercados nos quais ainda não tinha penetração expressiva. “Por estar mais barato, o grão argentino passou a ser comercializado em países onde não tinha tanta presença, por conta do trigo russo. O país ainda depende da exportação para o Brasil, mas, aos poucos, estamos perdendo o protagonismo nas negociações”, enfatiza Zak.
Este ano, a Argentina tem uma expectativa de produção em torno de 20,5 milhões de toneladas. “A Argentina deve ser vista com cautela. O país dobrou sua área de produção, mas a qualidade caiu. Hoje os moinhos de São Paulo são dependentes do trigo nacional, pois precisamos dele para moer junto com o grão argentino e compensar essa queda de qualidade”, aponta o presidente da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo, Maurício Ghiraldelli.
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