Chuva ainda é insuficiente para trigo no Paraná, mas situação deve melhorar
Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A chuva nos últimos dias ainda está longe de ser suficiente para estancar as perdas nas lavouras de trigo do Paraná, mas a tendência é de que a situação melhore ao longo da segunda quinzena de agosto, disseram especialistas, à medida que o maior produtor brasileiro se prepara para dar início à colheita ainda neste mês.
Conforme o Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard, nos últimos dias choveu cerca de 2 a 12 milímetros no Paraná. Embora tenham aliviado um pouco os cerca de três meses de estiagem no Estado, com impacto irreversível no desenvolvimento e na qualidade do trigo, foram precipitações insuficientes para elevar a umidade no solo e beneficiar as plantas.
"Não tivemos uma chuva tão abundante. Seria necessário chover bastante, mais de 40 milímetros, para ajudar. Dez milímetros não dão nem para o começo", disse o analista de trigo do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), Carlos Hugo Godinho.
"Se não chover, a situação tende a piorar não só onde já temos perdas consolidadas, no norte do Estado, mas também em outras regiões, como oeste, centro-oeste e sul", acrescentou.
Recentemente, o Deral, vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado, cortou sua estimativa de produção de trigo em 2018 para 3,12 milhões de toneladas, de 3,36 milhões anteriormente, em meio aos efeitos da seca. Ainda assim, trata-se de um volume 40 por cento superior na comparação com a safra passada, marcada por diversos problemas climáticos.
MAIS ÁGUA
A boa notícia é que o Paraná deve observar volumes consideráveis de chuvas nas próximas duas semanas.
O Estado deve ser o que mais receberá água até 18 de agosto, com acumulados de quase 100 milímetros na porção norte, bem acima da média para esta época do ano, conforme o Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard.
"Seriam precipitações ótimas e estancariam de vez os problemas, mas não podemos nos esquecer que já há perdas consolidadas", afirmou Godinho.
Ele minimizou eventuais problemas para a colheita, já que os trabalhos devem começar com algum atraso após um plantio tardio, com as atividades devendo se concentrar em setembro.
Na mesma linha o diretor da consultoria Trigos & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco, disse que em algumas regiões do Paraná a estiagem foi tão forte que as chuvas previstas não serão capazes de reverter as perdas.
"Está meio tarde para o trigo no norte do Paraná. No extremo norte, há relatos de perdas de 40, 45 por cento... A chuva de agora será útil para aumentar um pouco o peso dos grãos, mas não para desenvolver as espigas e gerar mais grãos", destacou Pacheco.
Uma safra ainda menor que a esperada no Paraná poderia levar o Brasil a ter de importar maiores volumes de trigo para suprir a demanda interna. O país é um importador líquido do cereal, comprando a maior parte de suas necessidades da vizinha Argentina.
(Por José Roberto Gomes)
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