Índia estende restrições às exportações de açúcar para baixar preços internos e garantir oferta

Publicado em 18/10/2023 10:28 e atualizado em 18/10/2023 13:40
Mercado reage pouco, pois já precificava essa possibilidade há algum tempo; BR vai conseguir suprir demanda global

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A Índia anunciou nesta quarta-feira (18), através da Direção-Geral do Comércio Externo (DGFT), que estenderá as restrições às exportações de açúcar bruto, branco, refinado e orgânico para além do mês de outubro – que marca o início de safra no país e que era o prazo para terminar a decisão anterior –, confirmando publicações das últimas semanas do Notícias Agrícolas.

As exportações da Índia estão sendo reguladas pelo país há dois anos. Durante este período, a Índia atribuiu cotas às usinas produtoras do adoçante. Na última temporada, que terminou em 30 de setembro, o país permitiu embarques de 6,2 milhões de toneladas de açúcar, depois de autorizar que as unidades vendessem um recorde de 11,1 milhões de toneladas em 2021/22.

Agora, com esse novo anúncio, as exportações de açúcar pelo país ficariam restritas à União Europeia e para os Estados Unidos sob alguns sistemas específicos, de acordo com a notificação feita pelo DGFT (veja o anúncio completo abaixo). No entanto, não dá para saber qual será o volume comprado por esses países daqui pra frente.

"Esse comunicado mantém uma decisão que foi tomada no meio da safra 2022/23, que a Índia não exportará açúcar no ciclo 2023/24. O motivo é devido à expectativa de quebra na safra, em função do baixo volume de chuva no período de monções e um maior desvio de cana para a produção de etanol. Então, todo o açúcar produzido será destinado ao mercado interno e aumento nos estoques domésticos", afirma Filipi Cardoso, especialista de inteligência de mercado da StoneX.

A Índia é o segundo maior exportador de açúcar do mundo e busca com a medida reduzir os preços internos e aumentar a oferta no país, um dos principais consumidores do adoçante no mundo. Isso também ocorre antes das principais eleições estaduais no país em meio atenção para uma maior inflação nos preços dos alimentos a nível mundial e altas históricas internacionais do açúcar.

Veja o documento do anúncio na íntegra abaixo:

A possibilidade de o país restringir as exportações nesta nova temporada, que acabou de começar, é ventilada no mercado desde agosto. O clima adverso – com influência do fenômeno climático El Niño – para o desenvolvimento dos canaviais vem preocupando o mercado. As chuvas de monções no país estão bem abaixo da média.

"A restrição à exportação era esperada. Em vez do limite usual de um ano, desta vez o governo impôs uma restrição indefinida às exportações", disse um negociante de Mumbai de uma casa de comércio global para a agência de notícias Reuters.

"É improvável que o governo aloque cotas de exportação este ano, pois seu objetivo é reduzir os preços antes das eleições."

O mercado do açúcar reage pouco à decisão indiana desta quarta-feira nas bolsas. Segundo Cardoso, os operadores já assimilavam há algum tempo essas notícias de que a Índia não exportaria o adoçante. "Por conta da safra complicada por lá, o mercado já tinha essa expectativa. Agora, temos apenas uma confirmação. Além disso, está claro que o Brasil irá conseguir suportar essa demanda global, já que estamos com embarques batendo as 3 milhões de t mensalmente", diz.

Os preços do açúcar na Índia estão perto do seu nível mais alto em mais de 7 anos e a produção deverá cair 3,3%, para 31,7 milhões de toneladas, em 2023/24, segundo a Associação Indiana de Usinas de Açúcar (ISMA, em inglês), devido às chuvas irregulares de monções nos principais estados produtores de cana, Maharashtra e Karnataka.

Uma pesquisa realizada pela Bloomberg com 14 analistas de mercado, traders e processadores no mês passado apontou, por maioria, que a Índia pode mesmo não exportar açúcar nesta temporada devido à menor produção. Apenas dois dos entrevistados disseram que os embarques do país no ciclo produtivo que acabou de começar podem totalizar pelo menos 2 milhões de toneladas.

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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