Taxas futuras de juros caem no Brasil em dia de busca por ativos de risco após dados da China
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros voltaram a cair nesta segunda-feira no Brasil, em um dia marcado pela busca global por ativos de maior risco, após notícias positivas vindas da China e em meio à expectativa dos investidores por dados de inflação nos EUA, que saem na quarta-feira.
O Escritório Nacional de Estatísticas da China informou que o índice de preços ao consumidor (IPC) voltou ao território positivo em agosto, quando subiu 0,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior, após ter caído 0,3% em julho.
Já o índice de preços ao produtor (PPI) desacelerou as quedas e registrou baixa de 3,0% em agosto ante o mesmo mês do ano anterior, em linha com as expectativas, após queda de 4,4% em julho.
Além dos dados de inflação mais fortes -- que sugerem certa reação da atividade econômica -- a China apresentou bons números de novos empréstimos bancários em agosto e elevou o controle sobre compras de dólares por empresas chinesas, em montantes superiores a 50 milhões de dólares, o que dava suporte ao iuan.
Nos EUA, os investidores aguardavam a divulgação do índice de preços ao consumidor na quarta-feira, em busca de pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve. Economistas de bancos nos EUA têm demonstrado otimismo quanto à capacidade de o Fed promover um “soft landing” (pouso suave), em que a inflação será reduzida sem que haja recessão.
Durante a tarde, os títulos norte-americanos precificavam 93% de chances de o Fed manter sua taxa básica na faixa entre 5,25% e 5,50% no encontro de política monetária de setembro. Neste cenário, os investidores globais foram em busca de ativos de maior risco nesta segunda-feira.
“O bom humor externo justifica o movimento dos juros hoje (segunda-feira). As bolsas subindo lá fora, o dólar está se desvalorizando, e aqui temos o dólar caindo mais de 1%, o que acaba dando um viés de queda para a curva de juros”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
“A parte curta da curva fica um pouco engessada porque dificilmente o Banco Central vai acelerar o ritmo de corte da Selic. Já a parte longa é impactada pela busca por risco lá fora”, reforçou.
Esta busca por risco fez os investidores reduzirem posições nos Treasuries com prazos maiores, o que colocou os rendimentos em alta. No Brasil, a busca por DIs (Depósitos Interfinanceiros) pesou sobre a curva.
Com o movimento do dia, perto do fechamento a curva a termo precificava apenas 5% de chances de o corte da Selic em setembro ser de 0,75 ponto percentual. Já as chances de corte de 0,50 ponto percentual eram precificadas em 95%. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano.
No fim da tarde desta segunda-feira a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,315%, ante 12,342% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,48%, ante 10,543% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,145%, ante 10,219%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,38%, ante 10,461%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,7%, ante 10,771%.
Pela manhã, o relatório Focus do Banco Central apontou que a mediana da projeção dos economistas para a inflação neste e no próximo ano pouco mudou. Para 2023, a expectativa foi de 4,92% para 4,93% e, para 2024, de 3,88% para 3,89%.
Já a projeção para a alta do Produto Interno Bruto este ano subiu de 2,56% para 2,64%. No caso do próximo ano, foi de 1,32% para 1,47%.
No exterior, no fim da tarde os rendimentos dos títulos norte-americanos de 10 anos seguiam em alta.
Às 16:36 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 2,40 pontos-base, a 4,2801%.
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