Lula defende aproximação com África para produção de energia renovável
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer reatar laços com os países africanos. E um dos caminhos para a retomada dessas relações passa pela energia renovável.
“Nunca deveríamos ter saído do continente africano. Agora, voltamos à África para dizer aos empresários brasileiros, aos angolanos, que nós voltamos para valer”, disse Lula, durante o Fórum Econômico Angola-Brasil, promovido pela ApexBrasil.
À uma plateia de empresários brasileiros e angolanos, o presidente brasileiros disse que os países abaixo do Equador são os que apresentam o maior potencial na produção de energia renovável. E que, juntos, precisam tirar proveito da vantagem competitiva que possuem na fabricação do etanol, biodiesel, hidrogênio verde e na geração de energia eólica e solar.
“Qual é o país que tem a mesma capacidade dos países africanos e da América do Sul? É disso que nós temos que saber tirar proveito”, disse Lula, que defendeu a transferência de tecnologias da Embrapa como forma de ajudar a fortalecer o continente africano social, econômica e ambientalmente.
Na mesma linha, Evandro Gussi, presidente da União da Indústria da Cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA) lembrou que a ideia de a entidade estar presente na comitiva não era para vender etanol, mas estreitar laços de cooperação.
“O Brasil tem um objetivo. Que essa fabulosa bioenergia não fique só lá, que ela possa estar mundo afora. Ninguém quer o novo gás russo, ninguém quer uma fonte de energia concentrada geograficamente. Por isso, nossa grande missão é diversificar, pulverizar”, disse Evandro.
Ao defender que o desenvolvimento e a produção de bioenergia ocorra nos países africanos, Evandro lembrou que a instalação de uma usina sucroenergética no Brasil gera um aumento do PIB per capita de US$ 1.000 no município. Nas cidades onde há apenas o cultivo da cana, o incremento no PIB per capita é de US$ 475.
E demanda para a bioenergia não se mostra um problema. Dados da Agência Internacional de Energia (EIA) indicam que, nas próximas décadas, será necessário três vezes mais bioenergia do que a disponível no mundo atualmente, para se fazer uma descarbonização relevante.
Além disso, o processo de eletrificação da frota de veículos pode não ser a alternativa mais eficaz para algumas regiões do mundo. Estimativas indicam que para eletrificar 100% da frota brasileira seria necessário o investimento de R$ 1 trilhão para implantação da infraestrutura necessária.
“Isso (eletrificação), que é uma solução muito inteligente para os Estados Unidos, Europa e China, pode não ser para um pedaço importante do mundo, que tem entre 3 e 4 bilhões de pessoas. O mundo vai precisar de biocombustíveis, em uma escala que a gente nem conhece, para utilizar, sobretudo, nesse intertropical que nós vivemos”, disse Evandro.
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