Chuvas mais volumosas para áreas de cana de SP ameaçam limitar colheita em junho
SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de cana no centro-sul do Brasil, região que responde por cerca de 90 por cento da safra no maior produtor global de açúcar, deverá ser atingida neste início de junho por chuvas acima da média em algumas áreas de importantes Estados produtores, como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, o que tende a limitar a moagem.
São Paulo, que responde por cerca de 60 por cento da área de cana do centro-sul, deverá receber em média 144 milímetros de chuva até o dia 12 de junho, volumes acima da média para um período tradicionalmente mais seco, segundo dados da Reuters.
Nesta quarta-feira, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) apontou que precipitações já limitaram a moagem na principal região produtora do país.
"A chuva de forma geral é boa para as lavouras, o rendimento agrícola pode melhorar, essa é a parte boa. Mas tem um lado ruim nesta história, uma chuva acima do normal pode atrapalhar a moagem e tem muita cana para moer (na safra), e isso prejudica o rendimento industrial", afirmou o analista Júlio Borges, da Job Economia.
O consultor, entretanto, ponderou que chuvas acima da média em período relativamente menos chuvoso podem representar, ainda assim, baixos volumes de precipitações. "Pega 45 milímetros e multiplica por dois, dá 90 mm... 100 por cento acima da média, mas não é nenhuma desgraça", comentou.
Segundo dados da Reuters, a previsão de chuvas para o Mato Grosso do Sul, o quarto produtor nacional de cana, é de chuvas de cerca de 40 mm no Estado nos primeiros dez dias do mês, enquanto no Paraná (quinto produtor) a previsão é de chuvas de 65 mm no mesmo período.
Algumas áreas do Estado de São Paulo, importantes produtoras de cana, deverão receber grandes volumes de chuvas. Na região de Ribeirão Preto, são esperados 88 mm até o dia 9 de junho; a área de São José do Rio Preto tem previsão de 76,5 mm; enquanto a de Piracicaba receberá aproximadamente 100 mm.
Além de impedir a entrada das colhedoras nos canaviais, chuvas também atrasam embarques, já que os terminais fecham para evitar danos aos produtos.
"O outro lado é a questão dos embarques, o centro-sul vai exportar um volume grande de açúcar, no limite superior do que aconteceu até hoje, e os portos vão operar no limite da capacidade", afirmou o consultor, comentando sobre eventuais gargalos decorrentes do clima adverso.
Segundo o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar, embora o El Niño tenha acabado, "a atmosfera leva um tempo para assimilar" o encerramento do fenômeno que traz chuvas para algumas regiões produtoras.
As chuvas que atrapalham a moagem de cana também podem limitar a colheita de café, outro produto que o Brasil é líder em exportações, disse Santos, com risco de afetar a qualidade se a umidade for constante e afetar a secagem dos grãos.
"Vamos assumir que vai chover 100 mm na primeira quinzena, o problema é como vai vir essa chuva. Se vier direto, isso afeta muito o café. O problema é quando dá essas invernadas", afirmou Santos.
(Por Roberto Samora)
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