Usinas com poucos recursos priorizam produção de etanol, diz executivo do setor
Por Tom Arnold
DUBAI (Reuters) - Algumas usinas de cana do Brasil em dificuldades financeiras têm priorizado a produção de etanol mesmo que o açúcar em última análise remunere mais, uma vez que buscam gerar caixa rapidamente, afirmou um executivo sênior brasileiro do setor nesta terça-feira.
Muitas empresas brasileiras de açúcar e etanol estão lutando com dívidas elevadas após anos de preços deprimidos do adoçante devido a excedentes no mercado.
"Algumas usinas, mesmo com preços mais elevados de açúcar, preferem a produção de etanol", afirmou à Reuters o presidente-executivo da brasileira Biosev, Rui Chammas.
A Biosev, controlada pela trading de commodities Louis Dreyfus, é a segunda maior processadora de cana do mundo.
As endividadas usinas brasileiras podem levantar recursos em moeda local com a venda de etanol para o mercado interno mais rapidamente do que pela comercialização de açúcar em dólar na exportação.
A demanda por etanol no Brasil está atualmente "muito forte", disse Chammas, durante conferência da indústria do açúcar.
Ele disse que uma queda mais acentuada nos preços futuros do açúcar, que atingiram uma mínima de quatro meses na segunda-feira, com expectativas de um aumento na produção brasileira, poderia conduzir as usinas a elevar ainda mais o total de cana destinado ao etanol.
"Eu não me surpreenderia com algumas usinas preferindo produzir etanol, mesmo quando o etanol está com preços mais baixos que o do açúcar", disse ele.
Chammas disse usinas de cana no Brasil que lutam com elevada dívida e estão sem acesso aos mercados financeiros têm risco de fechar.
"Este é o primeiro ano em que o excedente foi capturado pela demanda. É o primeiro ano em que temos um déficit", disse ele, referindo-se às expectativas de um déficit global de açúcar em 2015/16 após quatro anos de superávits.
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