Lidando com chuvas, produtor de soja do Paraná aguarda tempo seco no final do mês
SÃO PAULO (Reuters) – A semana ainda será marcada por chuvas volumosas para a safra de soja do Sul do Brasil, especialmente no Paraná, onde os trabalhos de plantio têm sido atrasados pela elevada umidade das últimas semanas, disseram analistas nesta segunda-feira.
As chuvas excessivas, além de prejudicarem a germinação e o desenvolvimento inicial da soja do Paraná –um dos três maiores Estados produtores do Brasil–, podem levar ao replantio em algumas áreas, disse a consultoria AgRural.
Um alongamento do ciclo traria consequências para o calendário da segunda safra de milho, plantado após a colheita da soja. Mas a expectativa é de tempo mais firme na semana que vem, o que deve ajudar produtores.
“Esses dias de tempo aberto (previstos para semana que vem), se confirmar, vão ser de muito trabalho no oeste do Paraná. O plantio já esta encaminhando para a reta final (nessa região)”, disse o analista Adriano Gomes, da AgRural.
Um clima mais seco na semana de 23 a 29 de outubro, além de ajudar na semeadura, seria “muito bem-vindo para dar um arranque na safra, já que o desenvolvimento inicial está lento devido ao tempo nublado, chuvas frequentes e com temperaturas mais amenas”.
As chuvas seguirão volumosas até pelo menos sexta-feira, com os maiores volumes esperados para quinta-feira, mas depois as precipitações diminuem e devem ser quase inexistentes no Paraná até o final do mês, segundo dados meteorológicos do terminal Eikon.(https://amers2.apps.cp.thomsonreuters.com/cms/?pageid=awd-br-south-gfsop-degc&hour=6&date=20221017)
As chuvas acabaram deixando parte de alguns talhões debaixo d’água, e em outros casos levaram sementes em áreas que haviam sido plantadas no fim de semana anterior, disse Gomes, comentando sobre a possibilidade de o ciclo da soja ter se alongado no Paraná.
Com isso, o índice de plantio no Estado atingiu 32,5% da área esperada, versus 37,9% há um ano. A situação só não é pior porque que os trabalhos começaram mais cedo este ano antes de serem paralisados, o que deixa o ritmo ainda acima da média histórica de cinco anos para a época (29,8%, segundo a AgRural).
No Brasil, produtores tinham semeado até a última quinta-feira 24% da área estimada para o país, contra 10% uma semana antes, ou um salto de mais de 6 milhões de hectares em sete dias. Um ano atrás, 22% da área brasileira estava semeada.
O avanço em termos nacionais ocorreu com a confirmação da previsão de chuvas em áreas secas do Centro-Oeste do Brasil na semana passada.
Já a consultoria Safras & Mercado apontou nesta segunda-feira que 41% da safra de soja já havia sido semeada em Mato Grosso, principal produtor brasileiro, acima da média histórica para o período (26,6%), mas abaixo do ritmo da mesma época do ano passado (45%).
Em Mato Grosso do Sul, o total plantado ocupa 15%, contra 17,3% da média. Em Goiás, o plantio chega a 17%, acima da média de 8,8%, acrescentou a Safras, destacando ainda o início dos trabalhos no Rio Grande do Sul, com 0,2% da área projetada já semeada.
Com uma possível elevação de produtividade e uma área plantada maior, a previsão inicial é de uma produção de 151,5 milhões de toneladas de soja, 20,3% maior que no ciclo anterior, disse a Safras.
(Por Roberto Samora)
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