Argentina ganha competitividade nas vendas de soja para China com câmbio diferenciado
A Bolsa de Comércio de Rosário informou que já foram comercializadas cerca de 3,1 milhões de toneladas de soja em três dias de vigência do 'dólar soja' na Argentina. O volume responde por 56,36% do previsto pelos exportadores e contabiliza negócios novos e já iniciados em dias anteriores, mas com preços ainda a serem fixados.
A medida começou a valer no início deste semana e gerou uma receita que chega a US$ 1,075 milhão. Assim, neste ritmo, a meta de US$ 5 milhões do governo argentino poderia ser cumprida, na análise de profissionais locais.
Ainda segundo a Bolsa, o valor médio da soja da Argentina ficou na casa de 68,840 pesos, 1% menor na última quarta-feira (7), sentindo mais uma vez a pressão das baixas em Chicago. Na sessão de ontem, os futuros da oleaginosa cederam mais de 1% na CBOT em um movimento intenso de realização de lucros.
Segundo cálculos de Gustavo Idígoras, presidente da Câmara da Indústria de Óleos e do Centro de Exportadores de Cereais do país, com o ritmo se mantendo como está, pode fazer com que as vendas da oleaginosa em todo setembro chegue a 5,5 milhões de toneladas.
CHINA COMPRANDO DA ARGENTINA
Um dos principais clientes da soja argentina tem sido a China. A nação asiática tem garantido produto mais competitivo e aproveitando as oportunidades de mercado.
"A China está avançando nas compras de soja Argentina, repondo suas reservas. As ofertas da Argentina estão vindo com desconto de 40 centavos em relação à soja americana para outubro e 60 centavos em relação ao Brasil", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
O 'dólar soja' ficará em vigor até 30 de setembro e, até lá, ainda segundo Vanin, a pergunta que o mercado se fará é quanto a Argentina poderia tirar o programa de exportação dos EUA neste mês.
"Alguns falam que poderia retirar até 4 milhões de toneladas, o que pode fazer muita falta lá na frente, uma vez que a soja brasileira já é ofertada com desconto para janeiro em relação ao Golfo CFR (custo e frete) China", complementa o analista. "Parece que as margens ruins na Argentina estão favorecendo a exportação do grão. Em outros momentos, quando as retenciones da soja eram maiores em relação aos derivados, a tendência seria de esmagamento já que hoje está tudo em 33%".
A China ainda precisa vir a mercado, de acordo com cálculos de Eduardo Vanin, para comprar mais 18 milhões de toneladas de soja até o final de janeiro para estar adequadamente abastecida.
"A Sinograin vendeu de suas reservas de soja pouco mais de 2,5 milhões de toneladas, grão que ela precisa repor em até 90 dias. Traders comentam que a Sino comprou vários barcos nesses dois dias, aproveitando para diversificar e pressionar os prêmios, principalmente nos EUA. Essa soja concorre diretamente com a soja americana ofertada pelo PNW (portos do Pacífico).
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