Farelo dispara mais de 5% em Chicago e aliado ao clima nos EUA dá mais de 50 pts de alta à soja
O mercado da soja voltou a subir depois de baixas fortes e consecutivas e encerrou o pregão desta quinta-feira (4) com altas de 46,75 a 57,50 pontos nos principais vencimentos. Assim, o novembro terminou o dia com US$ 14,17 e o janeiro com US$ 14,25 por bushel. Os ganhos vieram apoiados pela nova dispara do farelo também negociado na CBOT e nas previsões de mais calor e menos chuvas para partes do Corn Belt de acordo com o modelo americano de clima - o GFS -, segundo relataram analistas e consultores de mercado.
Mais do que isso, o mercado - que subiu mais de 3%, portanto - acompanhou boas altas também sendo registradas para o milho e para o trigo em Chicago, que passaam de 1,5% e 2%, respectivamente, nesta quinta. Assim, com este avanço, os futuros da oleaginosa recuperam boa parte das baixas dos primeiros dias da semana, já que somente na segunda-feira (1), passaram de 4%.
"Acho que as notícias ruins, falando em fundamentos, estão chegando ao fim", afirma o diretor da AgResource, Raphael Mandarino, em entrevista ao Notícias Agrícolas no fechamento do mercado. Todavia, Mandarino reforça que as influências do macrocenário ainda não terminaram, porém, o momento ainda é de instabilidade e incerteza.
E afirma também que há necessidade de se acompanhar ainda o comportamento da China e como a nação asiática fará as compras que ainda precisa fazer para garantir seu abastecimento para os próximos meses, de olho também nas margens de esmagamento das indústrias chinesas de processamento.
FARELO DE SOJA
Os futuros do farelo de soja na Bolsa de Chicago subiram mais de 5%, com o contrato dezembro - que é o mais negociado agora para o derivado - registrando ganho de 5,68% para fechar o dia cotado a US$ 420,70 por tonelada curta. As demais posições também sobem mais de 5%, de olho em fundamentos bastante fortes.
"Os produtores na Argentina continuam segurando o grão. O novo superministro da Economia não anunciou mudanças nas retenciones, o que vinha sendo esperado pelos produtores", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Além da Argentina, atenção também às ineficiências logísticas nos EUA. Ainda de acordo com Vanin, faltam vagões no país, o abastecimento está comprometido e o momento é também estímulo ao avanço das cotações do derivado, especialmente em Chicago.
CLIMA NOS EUA
Além da nova disparada do farelo, o modelo climático norte-americano - GFS - voltou a mostrar menos chuvas para o Corn Belt, em especial nas porções mais a norte e oeste do cinturão, além de mais calor, o que também vem dando espaço para as altas da soja grão.
"O mercado está precificando reduções de produtividade no relatório de oferta e demanda do USDA de agosto, na semana que vem. Se o clima continuar quente e seco para a segunda quinzena de agosto, o USDA também terá que cortar a produtividade em setembro", afirma ainda a Agrinvest.
Os mapas abaixo, do NOAA - o serviço oficial de clima dos EUA -, mostram as chuvas previstas para os períodos dos próximos cinco e sete dias, e em ambos a concentração é maior, de fato, mais a leste dos EUA, em estados como Illinois, Indiana, Ohio, Wisconsin e Kentucky.
"A volatilidade que vemos hoje está sendo atribuída às “tendências” de seca para as regiões produtoras dos EUA, já que este mês é decisivo para a produtividade das commodities, pois as plantas estão atingindo a maturidade", afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
E ele volta a afirmar da necessidade de se monitorar a divergência entre os modelos climáticos.
"Os modelos GFS e Europeu continuam conflitando nas suas previsões. O GFS prevê clima seco para todas as planícies oeste, Minnesota, grande parte de Wisconsin, Michigan, Iowa, centro e norte de Illinois, norte do Missouri, grande parte do Arkansas e da Louisiana.
Entretanto, o modelo Europeu entra em conflito indicando chuvas leves para o sudeste da Dakota do Sul, sul de Minnesota, norte de Iowa e todo o estado de Wisconsin", diz Sousa.
PREÇOS NO BRASIL
Os preços da soja no mercado brasileiro ainda se encontram em patamares remuneradores, porém, se mostram um pouco mais baixos em função das perdas em Chicago no início da semana e do recuo do dólar frente ao real. No mercado de balcão, segundo Vlamir Brandalizze, no Rio Grande do Sul, as perdas se mostram na casa de 1,00 em relação a ontem, e bem mais baixos em relação à semana passada.
No entanto, "amanhã já pode pagar até uns R$ 2,00 a mais, recuperando parte do que perdeu", explicou o consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Já o mercado de lotes, nos portos, as referências estão melhores e voltaram a superar os R$ 190,00 por saca nas posições mais curtas e a se aproximar dos R$ 200,00 nas posições mais alongadas.
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