Soja: Alta forte dos prêmios pode estar no final, mas produtor ainda conta com boas oportunidades
Os prêmios ofertados para o restante da soja disponível da safra 2020/21 têm apresentado altas expressivas e dando boas oportunidades de comercialização, segundo explicam os analistas e consultores de mercado, para os produtores brasileiros. No entanto, é preciso estar atento aos sinais para entender o caminho que estes valores podem tomar diante do atual quadro de oferta e demanda e daquele que está se desenhando para a temporada 2021/22. A safra dos Estados Unidos está para ter sua colheita efetiva iniciada, enquanto na América do Sul - principalmente no Brasil - o plantio está prestes a começar.
De setembro a dezembro deste ano, de acordo com informações da Brandalizze Consulting, os prêmios mostram valores na casa de US$ 1,90 a US$ 2,10 por bushel acima de Chicago na pedida dos compradores, enquanto do lado dos vendedores variam de US$ 2,40 a US$ 2,50, com os valores mais elevados nos vencimentos mais distantes, naqueles em que a oferta brasileira vai ficando mais apertada.
E para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, novos negócios deverão aparecer e continuar a ser efetivados no mercado brasileiro nesta semana. E não só com soja da safra velha, mas também com alguns volumes da safra nova, onde os prêmios também seguem positivos e se combinando com bons patamares na Bolsa de Chicago e do dólar futuro, ainda resultando em preços atrativos para o sojicultor brasileiro.
"O mercado da soja nesta nova semana deverá voltar aos negócios, porque vamos ter os primeiros plantios aparecendo e isso deve trazer os vendedores aos negócios", diz. "Se as chuvas vierem como previsto neste meio de semana em diante, tenderemos a ter corrida de plantio em vários pontos do Brasil e isso será fator de apoio para a volta das negociações. Os prêmios estão altos e tem muito comprador, que está valorizando os prêmios".
Para Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios, não há espaço para que estes prêmios continuem subindo de maneira tão agressiva como se deu nos últimos meses.
"Em maio tivemos prêmios negativos no Braisl, eles vieram se recuperando, empilhando altas significativas, mas o viés já não é de altas masi tão agressivas. Altas existirão porque falta produto, mas não muito mais do que já se empilhou nas últimas semanas. A soja armazenada agora é de produtores rurais que não têm intenção de venda agora, que não têm necessidade urgente de vendas para levantar caixa".
O analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, compartilha da opinião de Pereira e ainda acrescenta à análise os estoques finais estimados de soja para 2021 no Brasil pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em seu último reporte de 7,5 milhões de toneladas. Na safra 2019/20, os estoques foram de pouco mais de 4 milhões.
No segundo semestre do ano, tradicionalmente, o ritmo das exportações brasileiras da oleaginosa tende a ser menor e a demanda interna acaba tendo mais espaço na comercialização. Entretanto, neste ano, a preocupação se dá diante do cenário do óleo de soja, já que mais uma vez o mandatório do biodiesel foi reduzido, passando a 12%, reduzindo a demanda pelo subproduto. "As margens internas estão muito ruins", explica Araújo.
E mesmo que o esmagamento brasileiro seja maior do que o do ano passado ainda de acordo com os números da Conab - com 46,93 milhões de toneladas em 2019/20 e 47,87 milhões em 2020/21, deverá ficar aquém do que inicialmente projetado. Nas contas da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), o processamento de soja deverá recuar cerca de 1,5%.
"Considerando o acumulado das reduções em 2021, cerca de 800 mil toneladas de óleo de
soja deixaram de ser transformadas em biodiesel no Brasil. Por essa razão, o processamento de soja e, consequentemente, a produção de farelo de soja serão menores do que em 2020, interrompendo uma sequência de crescimento industrial cuja tendência se observava desde 2013", diz o presidente da associação, André Nassar, em nota. "Infelizmente, as exportações de óleo em bruto sequer compensaram essa queda quantitativa. É fato, portanto, que saem prejudicadas as cadeias de proteína animal (aves, suínos, pecuária leiteira etc.) e a agregação de valor no Brasil, bem como os consumidores.
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Dessa forma, o analista da Agrinvest também reforça sobre as atuais oportunidades que os prêmios atuais têm oferecido aos produtores e lembra que, historicamente, a partir de novembro os valores tendem a cair expressivamente. As margens de esmagamento estão melhorando na China, há uma necessidade de segurança alimentar a ser garantida, e assim a nação asiática fez algumas compras no Brasil para assegurar essa oferta. Mas e depois?
"Neste momento temos o problema logístico nos EUA, além de uma tendência sazonal de baixa no pré-colheita dos EUA o que não estimula as vendas, então o basis altos têm que fazer esse papel. Mas o problema no Golfo não será eterno, logo as coisas voltam a funcionar por lá, a demanda chinesa volta para os EUA, e os prêmios tendem a ceder aqui no Brasil", complementa Araújo.
Assim, o mercado segue dando boas chances de preços para a soja brasileira quando o assunto é o restante da safra 2020/21. "Começamos uma semana em que podemos ter negócios, principalmente atrelados aos prêmios, ainda muito positivos. Isso dá condições em reais mesmo em dia de quedas em Chicago e do dólar meio sem rumo. Nos portos, os indicativos variam entre R$ 170,00 e R$ 172,00", ainda segundo Vlamir Brandalizze.
SAFRA 2021/22
Mesmo diante de uma possibilidade de safra de quase 150 milhões de toneladas na temporada 2021/22, os prêmios para a nova temporada também continuam positivos.
"O viés da soja 2022, de fato, é de uma valorização mais agressiva, talvez em valores absolutos suba na mesma proporção do que os prêmios spot, talvez algo entre 20 e 30 cents sobre o que temos hoje. E isso seria consequência da manutenção da demanda, já que a demanda para 2022 para a China é bem sólida, devemos ter um primeiro semestre no ano que vem tão bom quanto tivemos em 2021 - que foi o melhor semestre em termos de vendas e embarques da história do Brasil. Devemos ter algo semelhante no próximo ano, principalmente com essa tendência ainda de dólar valorizado frente ao real, que vai manter nosso produto com a alta competitividade no mercado internacional", explica Matheus Pereira.
E também apoiado nos prêmios - já que Chicago apresenta um momento de certa pressão, ou ao menos limitação, para os futuros da soja - os indicativos nos portos do Brasil para a oleaginosa da nova safra são bons e dão início a esta semana, segundo apurado junto da Brandalizze Consulting, oscilando entre R$ 153,00 e R$ 155,00 nos portos, para maio, e na casa de R$ 158,00 para junho.
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