EUA tem ritmo recorde no plantio da soja e o mais rápido para o milho desde 2015, insuficiente para aliviar o mercado

Publicado em 04/05/2021 15:13

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O mercado internacional de grãos continua registrando preços altos e monitorando os mapas atualizados com as previsões climáticas para os Estados Unidos, identificando problemas que poderiam trazer alguma dificuldade para os trabalhos de campo. No entanto, os produtores norte-americanos estão realizando o plantio do milho da safra 2021/22 com seu ritmo mais acelerado em seis anos, ou desde 2015. Para a soja, o ritmo da atual temporada é recorde. 

Gráfico plantio do milho nos EUA - Fonte: Karen Braun

Gráfico mostra comparação dos anos de plantio do milho nos EUA - Fonte: Karen Braun

Gráfico plantio da soja nos EUA - Fonte: Karen Braun

Gráfico mostra comparação dos anos de plantio da soja nos EUA - Fonte: Karen Braun

 

O atual momento tem desenhado um cenário bastante favorável para a semeadura da soja e do milho no país, e os produtores têm, de fato, aproveitado bem o momento. De acordo com os últimos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a semeadura da soja passou, em uma semana, de 8 para 24% da área, enquanto as projeções variavam de 17 a 34%. Há um ano, o índice era de 21% e a média dos últimos cinco anos, de 11%. 

Plantio  2021/22 em Ohio nos EUA - Maio 2021

Plantio da safra 2021/22 em Ohio, EUA - Foto: Chasitie Euler/Twitter

No milho, o índice de área plantada passou de 17% para 46%, enquanto o mercado esperava algo entre 37% e 53%. No ano passado, o total plantado, neste período, era de 48% e a média plurianual, 36%. 

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Assim, o foco não só dos produtores, mas de todo mercado se dá sobre o que o clima reserva para os próximos meses quando o plantio será concluído e as lavouras se desenvolverão, sem trazer, no entanto, uma safra recorde para os EUA, segundo analistas e consultores. 

O país deverá registrar um aumento pouco expressivo de área tanto para a oleaginosa, quanto para o cereal, o que deverá resultar em uma produção, contando com condições de tempo dentro da normalidade, apenas dentro da normalidade. E confirmada esta cena, permanecerá ainda uma outra onde a relação de oferta e demanda será a protagonista. 

O mundo já passa por um momento onde a produção é menor do que o consumo - o que é nitidamente refletido nos preços, os quais estão suas mínimas em oito anos - e talvez um dos plantios mais rápidos dos últimos anos não seja suficiente para reequilibrar essa relação, segundo acreditam especialistas. 

"Estamos consumindo mais do que estamos produzindo, isso considerando que os EUA irão colher nesta nova safra 56 sacas por hectare (de soja), imagine se eles colhem 54, 53 ou 50, o que é factível. Poderemos ver o mercado ainda em preços mais altos", afirma o CEO da 3tentos, Luiz Osório Dumoncel, em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

O executivo ainda complementa dizendo que por soja e milho disputarem área nos Estados Unidos, o cenário do cereal precisa ser considerado na análise para o andamento das cotações no mercado futuro norte-americano - e consequentemente no mercado brasileiro - já que se tratam, acima de tudo, de mercados correlatos. 

"Também estamos consumindo mais milho do que produzimos, mas a situação do milho é um pouco menos drástica do que a da soja, porque temos um estoques mundial estimado de 283 milhões de toneladas", acredita Dumoncel. 

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Ainda assim, entra na conta também o problema de clima no Brasil que vem sendo registrado para a segunda safra - que hoje é a principal do país -, com perdas estimadas por consultorias particulares de até 2 milhões de toneladas. Boa parte do plantio da safrinha foi realizado fora da janela ideal e a falta de chuvas agora reflete no sofrimento das lavouras e na perda do potencial produtivo regiões-chave de produção. 

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"O clima seco no Brasil continua trazendo forte pressão sobre as cotações do milho na B3 e também na CBOT. E a alta do milho puxa a soja na carona, uma vez que o produtor americano ainda está definindo sua área a ser plantada e no próximo dia 30 de junho, o USDA fará sua primeira revisão da intenção de plantio nos EUA divulgada no final de março", explicam os analistas da Agrinvest Commodities. 

Assim, como costumam dizer os analistas e consultores de mercado: o remédio para preços altos são preços ainda mais altos. Ou seja, para que o alívio viesse de forma efetiva para a relação ajustada entre a oferta e demanda, a produção precisa ser estimulada. 

"Os preços devem continuar elevados a fim de 'mudar a cabeça' do produtor americano em relação ao aumento da área total a ser plantada para a próxima temporada", diz a consultoria. E para que isso se efetive uma série de mudanças teria de ser implementada, em um tempo apertado para o produtor americano que comprou seus insumos para a safra 2021/22 ainda mais cedo do que em anos anteriores. 

E embora alguns soluços estejam sendo observados na recente demanda da China por grãos - diante de margens apertadas de esmagamento e de novos surtos de Peste Suína Africana sendo registrados - a força da nação asiática é crescente. 

"O mundo não para de mudar sua dieta. A pandemia trouxe as pessoas para dentro de casa e mudou os hábitos alimentares, mas alimentação, a proteína e a energia que nós seres humanos precisamos no café da manhã, no almoço e no jantar, essas irão continuar", acredita o CEO da 3tentos. 

Em uma notícia divulgada nesta terça-feira (4), o portal norte-americano SuccessfulFarming divulgou informações de que os produtores norte-americanos permanecem otimistas em torno dos preços dos grãos, bem, como em relação ao setor do agronegócio de uma forma geral. São dados que partem do índice conhecido como Ag Economy Barometer, uma pesquisa feita junto a 400 agricultores. 

À Reuters Internacional, o executivo-chefe para grãos da Bunge, Greg Heckman, afirmou que a demanda segue muito forte, motivada, principalmente, pelas boas margens de rendimento registradas na produção de carne bovina. "Não há um arrefecimento da demanda. Temos boa rentabilidade com os animais e boa demanda neste momento", disse Heckman. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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