Clima na América do Sul + Estoques dos EUA: Preços da soja podem "explodir" com combinação, diz analista americano

Publicado em 17/12/2020 10:57

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O clima na América do Sul segue como um dos principais vetores de influência para o andamento dos preços da soja no mercado internacional. Todavia, são necessárias notícias novas, ou talvez problemas mais sérios do que os já conhecidos para motivar ganhos mais intensos na Bolsa de Chicago. Nesta quinta, mesmo com as chuvas tendo chegado a apenas algo entre 20 e 25% da área produtora de soja no Brasil nas últimas 24 horas, os futuros da commodity operam com estabilidade e movimentos bastante tímidos. 

De acordo com o Commodity Weather Group, nesse período, os volumes foram de 12,8 a 25,6 mm nas principais áreas cultivadas com soja no país - como mostra o mapa abaixo. Na Argentina, as precipitações foram ainda mais limitadas e chegaram a somente 10% da área com a oleaginosa, com volumes ainda menores, variando entre 2,5 e 12,8 mm.

Chuvas 24h

Ainda segundo o instituto internacional de meteorologia, as chuvas no Brasil favoreceram, principalmente o norte e oeste do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul, sul de São Paulo. Já entre sábado e domingo, as áreas do centro e sudoeste do país deverão ser beneficiadas. 

"Para o curto prazo continua a previsão de algum stress hídrico em cerca de um quarto do norte brasileiro para a soja e o milho. Na próxima semana, é esperado o retorno das chuvas", explica o CWG. Partes do sul de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Noroeste de São Paulo, contabilizando mais de 15% da área de soja e milho, seguem sob o risco da falta de umidade e continuam sentindo apenas um alívio limitado nos próximos dias". 

Previsões CWG

Entre sexta-feira e sábado, algumas chuvas devem aliviar os déficits hídricos no sul e oeste da Argentina, porém, pode sofrer com o clima seco no resto do mês. "Os déficits, porém, se expande para mais de um terço da área da Argentina até o final de dezembro", traz o boletim diário do Commodity Weather Group. Na sequência, o mapa mostra as previsões para a América do Sul entre os próximos 16 a 30 dias. 

Previsões CWG - 16 a 30 dias

"O clima na América do Sul é o principal fundamento para o mercado de grãos entre dezembro e janeiro. Trata-se da estação chuvosa, quando a produtividade da soja está sendo definida. Até agora, o que vemos é uma redução do potencial dado o clima seco que ocorre, principalmente no Brasil Central. Assim, vemos ainda uma revisão para baixo nas estimativas de consultorias privadas em todo mundo para as safras da América do Sul", diz Ray Grabanski, analista de mercado do portal norte-americano Successful Farming. 

Grabanski completa sua análise dizendo: "quando se observa o impacto do clima na América do Sul para o andamento dos mercados de commodities, a questão não é se chove no Brasil, mas quanto chove no Brasil. Uma diferença de 10% para mais ou para menos, no verão, tem uma importância enorme. Essa pode ser a diferença entre uma safra quebrada e uma super safra".

CLIMA NA AMÉRICA DO SUL + ESTOQUES APERTADOS NOS EUA

Toda essa preocupação com o tamanho da nova safra sul-americana se confronta com um dos menores estoques de soja da história dos Estados Unidos - estimados pelo USDA, no boletim mensal de oferta e demanda de dezembro em 4,76 milhões de toneladas - e também frente a um consumo que deverá ser recorde no mundo todo. 

Não suficiente, o analista norte-americano ainda sinaliza que os números da safra 2020/21 dos EUA ainda não estão finalizados, o que poderia, ao ser revisado, também promover uma nova redução dos estoques do país. "A estimativa de dezembro para o rendimento da soja americana ainda está entre 0,5 a 1 bushel por acre muito alta", diz. 

Caso essa produtividade seja efetivamente reduzida, poderia levar os estoques americanos a um intervalo ainda mais apertado que, segundo Grabanski, poderia ficar entre 2,72 e 3,67 milhões de toneladas.   

"Isso pode não acontecer efetivamente, então, obviamente, o mercado precisaria racionar - e isso só pode ser feito com preços mais altos. Se problemas climáticos na América do Sul também se materializarem até o final do ano, poderemos ter uma situação explosiva na soja", acredita o analista. "Finalmente, temos uma situação de alta nos grãos dado o aperto dos estoques dos EUA e a contínua seca sul-americana", completa.

Assim, o analista lembra ainda que em março já poderá ser registrada uma oferta muito limitada de soja, pouco antes do início da nova safra norte-americana, o que poderia, inclusive, tirar boa parte das áreas de milho, trigo e algodão para que fossem direcionadas à oleaginosa, podendo estender as projeções de preços altos, portanto, também aos demais grãos.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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